05 outubro, 2015

Teoria do Estado de Alfa: novas abordagens


Querido diário:

Quem me acompanha oral ou por-escritamente sabe que me declaro especialista em meia dúzia de temas. Dos que mais me agrada destacar nestas paragens há três:

.a. primeira sentença do Capital: a riqueza das sociedades humanas em que rege o modo de produção capitalista é dada por uma imensa acumulação de mercadorias. Nelas portanto inicia nosso estudo.

.b. a primeira sentença de Ulysses: Majestoso, o gordacho Buck Mulligan acercou-se do alto da escada, portando um vaso de barbear carregado de espuma imersa na qual repousavam um espelhinho e uma navalha.

Mas tem mais: tenho o maior orgulho em também declarar-me estudante de introdução à filosofia. Diria Jânio Quadros, fi-lo aqui, ou melhor na postagem citada, faço uma listinha de livros de introdução à filosofia usados como texto padrão para o ensino pré-universitário brasileiro. Naquele ambiente, um dos livros citados permitiu-me fechar outro, diria Eduardo Cunha -talvez referindo-se a um tiro na bancada da bala- furo em minha mente, meu conhecimento.

E qual desses livros teve esta propriedade miraculosa de permitir-me avançar na compreensão dos conceitos que regem parte de minha inserção no mundo? Ei-lo:

COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna (2010). Fundamentos de filosofia. São Paulo: Saraiva. [Saraiva? Saraivíssima, a mesma de nossos conhecidos livros de metodologia e técnicas de pesquisa e de teoria dos jogos].

Novo parágrafo: também se vão muitos anos desde que -lecionando microeconomia no nível de pós-graduação na PUCRS- criei o que designei como teoria do estado de alfa microeconômico, sobre a qual há uma boa meia dúzia de postagens no Planeta 23. Ela nada mais dizia respeito que à resultante das motivações humanas sobre sua ação (ver nota 1). Vejamos:

A = a x Eg + (1 - a) x Al

onde A é o índice que mede a ação humana, a é um coeficiente variando entre zero e a unidade, Eg é a ação egoística e Al é a ação altruísta.

Pois bem, filosofia, Cotrim, reflexões, aprendizado (rever nota 1), autocrítica, Marx, Engles, Lênin, Stálin, mais autocrítica, achar que a saída para a extinção (não me entenda mal...) dos meninos de rua encontra-se em meu horizonte de vida, essas coisas. E que refleti?

Bem no comecinho do capítulo sobre ética de Cotrim & Fernandes (página 290), fui inspirado (um 'a' um tanto grande para a teoria do estado de alfa aplicada ao plágio) a fazer o esquema lá de cima. Achei que a inserção mais geral daquele "ser, saber" contrastado com "fazer" diria respeito a "estar no mundo", o que contemplaria pedras e bactérias. Mas filosofemos:

.a. sabemos que as bactérias e pedras estão no mundo,

.b. mas não sabemos se elas sabem disto,

.c. sabemos que as pedras não são 'se-moventes', mas as bactérias o são,

.d. logo as bactérias móveis fazem movimentos provavelmente irrefletidos

.e. e aí chegamos à ação humana: provavelmente estamos no mundo (filosofia realista), provavelmente sabemos que estamos e chegamos à teoria da decisão. Agimos (como as bactérias) desenvoltamente, condicionados, claro, por alguns fatores. Diferentemente das bactérias, temos consciência das nossas ações, a maior parte delas, na verdade. A dupla Cotrim & Fernandes passa a discutir ética. Eu volto à teoria do estado de alfa. O índice cardinal que mede nossas ações é uma combinação linear (não poderia ser multiplicativa?) entre motivações egoísticas e outras altruísticas.

Digo mais: quando um indivíduo avalia seu A e mostra-se contente com a forma como combinou a, Eg e Al, direi que ele se encontra em equilíbrio. Sem -ironia prá cima dos críticos do conceito- tornar-se uma bactéria imóvel. A equação estava com validade para o período t e, no período t+k, qualquer destas três componentes pode variar (o parâmetro a e as variáveis Eg e Al).

DdAB
Uma vez escrevi algo para Gustavo Franco, Pérsio Arida, uma desta turma graúda, que não respondeu a meu ponto, mas ensinou-me algo: "Nunca me canso de aprender". Pois não é que eu também? Pois não é que logo hoje pensei pela primeira vez na equação dimensional da teoria do estado de alfa. Se o lado esquerdo é medido em "unidades de ação", então o lado direito também deve ser, em ambas as componentes. Mas, como todo mundo sempre pensou, aquele 'a' não tem unidade, o que implica que Eg e Al devem ser medidos em "unidades de ação", não é mesmo? Como chegar a esta correção na equação fundamental da teoria? Só mesmo medindo A, Eg e Al em índices, não é mesmo?

2 comentários:

Unknown disse...

Duilio!
Como é bom te ler!
Carol.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Cara, caríssima Carol!
E como me fazes feliz!
DdAB