24 setembro, 2014

A Borregaard Norueguesa e a Política Brasileira


Querido diário:

Bem, não é bem a Borregaard, bem! Esta empresa norueguesa infernizou a vida do morador porto-alegrense durante muitos anos. Mesmo localizada em Guaíba, do outro lado do rio, não havia montanhas sobre o Rio Guaíba que desviasse os gazes que expelia ao queimar (ou sei lá o quê) madeira para retirar a celulose. "Une vraie horreur", como disse-me um menino de rua local. Em compensação, o sr. Walter Lídio Nunes, presidente da sucessora da Borregaard, a RioCell - Celulose Riograndense escreveu o artigo "Um processo e um modelo esgotado" na seção "Em Dia" da área de economia do jornal ZH, página 26.

Lá no finalzão, ele diz que tá na hora de "[...] fazermos deste um país melhor e mais justo." Como discordar? Dado o que li antes -e já vou comentar- fiquei a indagar-me "com que conceito de justiça estás trabalhando, cara pálida?". Olha como é difícil a vida em sociedade. Ele acha que tá com tudo e eu acho que ele tem, no máximo, a metade, talvez apenas uns 35-40% de uma abordagem interessante:

Partidos sem propostas programáticas poluem o cenário e ignoram temas que deveriam estar em discussão. A contribuição pública deveria substituir a contribuição de empresas privadas. A reeleição deveria ser eliminada, e o uso da máquina pública como fonte de recursos por quem está no poder, proibido. Alianças partidárias descasadas em nível federal e estadual são outro sintoma de falta de postura programática das siglas brasileiras.

Olha só: os partidos deveriam ser fechados e trocados por partidos decentes (a serem criados, talvez a Rede Marineira seja decente). A contribuição pública, se entendo como financiamento público das campanhas eleitorais é ok, não necessariamente, mas o que deve ser proibido é mesmo a relação de financiamento das empresas: aí mora o perigo. Tou com ele!

E finalizo com a sentença/parágrafo de abertura do artigo:

Vivemos um período e um processo eleitoral de baixa qualidade, frutos de um modelo de governança política esgotado. O debate eleitoral não pauta as reformas necessárias para gerar um desenvolvimento sustentável digno do potencial do Brasil. Há propostas clientelistas, como o aumento de programas assistencialistas e, com elas, compram-se votos, pagos com dinheiro público vindo da imensa carga tributária.

Veja só:
.a. vivemos mesmo um período de processo eleitoral de baixa qualidade e a governança política faz chorar,
.b. o debate eleitoral é uma das maiores baixarias que vi desde que o Grêmio foi rebaixado,
.c. precisava ocorrer um debate sobre o desenvolvimento sustentável (que é, para ele?) e condizente com as potencialidades brasileiras,
.d. há propostas clientelistas: e aí começou a ideologia barata, a falta de uma postura generosa: problemas com o assistencialismo? Neste país de Gini = 0,5? Neste país de 25 milhões de rapazes detentores de empregos precários? Neste país de nível educacional baixíssimo? Ora, meu senhor, só bebendo!
.e. e este negócio de "imensa carga tributária" certamente é fruto daquele xarope de baixo teor de verdade daquele Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, que coloca no cálculo até a taxa de coleta de lixo urbano. Ora, meu senhor. E não seria o caso de trocar os impostos indiretos pelos diretos, inclusive o de Walter Lídio Nunes? (E, por que omitir-me? o meu também? Uns 40% marginais a mais para mim e, presumo, uns 60 a 80% para ele?)

Que visão estratégica, que estofo, que futuro tem o Brasil com políticos como os da geração presente e empresários como o sr. Walter. Só bebendo!

DdAB
A imagem que nos encima veio daqui. E tá na Wikipedia aqui. E ainda tem um informativo interessante bem aqui.

2 comentários:

Teixeira disse...

Duilio, estou contigo nessa!

Abraço,
Teixeira.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Obrigado, Teixeira. E eu também estou contigo! Um dia nós mesmos ou nossos pósteros mudaremos/mudarão o Brasil.
abçs
DdAB