08 abril, 2014

Ulysses: inspirações semânticas

Querido diário:

Ainda falarei aún más. É que estou lendo o estonteantemente maravilhoso, revolucionário, instigante e desafiador "El Hombre que Amaba a los Perros", do cubano Leonardo Padura (aqui), com tradução brasileira aqui (é a Boitempo, meu, é a Boitempo!). E portuguesa aqui. Nem queria falar tanto nisto agora, pois pretendo fazê-lo voluminosamente em outros momentos. É que a história da primeira sentença do Ulysses recomeça: o brasileiro é "O Homem que Amava os Cachorros" e o português se intitula "O Homem que Gostava de Cães".

Fuere como fuese (estou citando a página 242 de minha edição em espanhol, hecha en Mexico, cuja capa está lá em cima), o que eu queria dizer é que na página 118 tem uma expressão que fez eclodir em minha mente uma realidade semântica de que poucos têm notícia. Falo da expressão "arrobado por la passión", e não vou dizer quem é o sujeito nem quem é o objeto. O que me interessa destacar é que há duas expressões correlatas, no norte e no sul do Brasil:

.a. em Floripa, além de ter ouvido e amado expressões pitorescas como "Falta?", quando se chega a certas lojas, ou "fazer a feira", também sempre amei ouvir "fulano (um político, em geral) está arrombado". E, claro, este "arrombado" evoca -daí o político- aqueles enormes cofres de Tio Patinhas e os irmãos Metralhas tentando arrombá-los e

.b. em Pernambuco, a turma falava em "fulano (outro político?) está lascado. E, no caso, sempre me vem à mente um cano daqueles trabucos que fazíamos com canos de guarda-chuva.

DdAB
A imagem é pública, eu mesmo poderia ter fotografado a capa de meu livro adquirido en Mexico, hecho pela Editora TusQuets. Tenho informantes que dizem que a capa do livro editado em Cuba é diferente. Esta capa (um homem, dois cães, um stick, um lash) dará o que falar!

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