28 fevereiro, 2013

Bêbado não é Doente

Querido diário:
Segue a lida com a família Schopenhauer. Mas começo com a minha. Há mais de 20 anos (tenho guardado, a referência está inacessível no momento), saiu uma reportagem na revista Economist, das tantas que volta e meia se escreve sobre o mundo e, no caso, o Brasil. Era o tempo da inflação de 50% ao mês, ou seja, Sarney, essas coisas.

A Economist dava um sinal de otimismo ao Brasil. Ao que sabemos, estavam errados, pois há 30 anos que o país patina em crescimento rastejante, ainda que a inflação tenha caído em termos insuspeitados.

E o título da reportagem era precisamente este "Drunk, not ill" de meu título. E não é que achei uma chamada religiosa na internet (aqui)? Esperava encontrar milhares. Mas tenho outra. Esta é alemã. Lemos na p.87 de

SAFRANSKI, Rüdiger (2011) Schopenhauer; e os anos mais selvagens da filosofia. São Paulo: Geração.

dois pontos. Descreve-se a chegada de Arthur, seu pai e sua mãe no Reino Unido. Fala o narrador do livro:

Havia muitos grandes teatros. No Covent Garden um ator subiu cambaleando ao palco em imitação do famoso Capitão Cook. Seu intendente foi até a ribalta e explicou: Mister Cook is taken ill. (O Sr. Cook está doente). A plateia respondeu com berros alegres: No, no, he is drunken! (Nâo, não, ele está bêbado!) [Sic].

Que exemplo para o Brasil, heim?
DdAB
Que me sobrou? Ilustrar a postagem com uma vista da Pousada Capitão Cook.

27 fevereiro, 2013

Da Fama e seus Compromissos

Querido diário:
Parece, pelo que li num papelzinho, Arthur Schopenhaur costumava almoçar -sempre- no mesmo local, um restaurante público. E lá havia uma exposição de canecas de chopp. Uma delas dizia:

Estando a fama arruinada, a gente fica sossegada.

E pensei: Estando a fama em perigo, a gente fica sosseguigo.

Não parece óbvio, mas este negócio de poder beber à vontade e quebrar o que der na telha só pode fazer bem para o mundo das besteiras, do marcador Besteirol.

DdAB
Não sei se ela bebia chopp. O fato é que Adele Schopenhauer tinha fama de bicho feio. Acho que, com uma cirurgiazinha destas que vale menos do que um carrinho usado, ela consertaria o nariz e tudo se ajeitaria. Talvez um retoque nos olhos, mudar de penteado, aparelho nos dentes (escondidos por beleza?).

26 fevereiro, 2013

"Tu aí" na África

Querido diário:
Então eu chamaria a família mais rica da África e diria:

"Tu aí, por que tu não me enche estes campos aí com milho, mandioca e feijão?"

DdAB
Imagem: abcz.

25 fevereiro, 2013

Hai-Kai n.23

Querido diário:

Millôr;

O VELUDO
TEM PERFUME
MUDO.

Planeta 23:

Mudo, mudo, mudo
Há som e silêncio no mundo
Para todos, todas, tudo.

DdAB
Imagem: aqui.

22 fevereiro, 2013

Tu aí, Separador de Compras!

Querido diário:
Seguindo nos contrafactuais de que vivemos em um país decente, imagino a presidenta Dilma chamando as 100 famílias mais ricas do Brasil (101% do PIB) e dizendo a uma delas:

Tu aí, por que não montas uma empresa para vender aos supermercados desta nação aqueles separadorezinhos que os europeus usam entre a feira de uma família e a outra na esteira que vai levar as mercadorias às mãos do operador do caixa, que vai registrá-las e cobrá-las?

DdAB

Imagem, que espero não ter texto inconveniente, veio daqui.

21 fevereiro, 2013

Delfim é Contra o 2 + 2?

Querido diário:
Parece que todo mundo concorda que 2 + 2 é mesmo quatro. Mas, na hora H, nem sempre a gente se dá conta disto. Eu, por exemplo, ao ler a coluna de Delfim Neto na p.18 da Carta Capital de 6/fev/2013, vi o seguinte:

Há condições de fazer um crescimento [da economia brasileira] um pouco melhor do que em 2012 [hoje li no jornal que falam em 1,6%] e isso depende fundamentalmente da capacidade de o governo convencer o setor privado a ampliar seus investimentos.

A primeira coisa que fiz foi evocar a definição de valor adicionado por meio da ótica da despesa:

VA = C + I + G + (X - M),

onde VA é o tal valor adicionado, C é o consumo das famílias, I é o investimento das empresas, G é o gasto do governo e (X - M) é o saldo do balanço de pagamentos em conta corrente.

Então pensei: por que é mesmo que, no ano que vem, o investimento é melhor do que o consumo das famílias ou o do governo ou o saldo de comércio exterior. Para o ano que vem, eu disse. Ou seja, o investimento, claro, aumenta a capacidade produtiva. Mas, a capacidade produtiva do ano que vem foi dada no ano presente. Ou seja, o que pode aumentar o PIB, a despesa, a renda no ano que vem é o aumento de algum componente, qualquer um, da despesa. Botar a negadinha para usar seus recursos, não importando a letra da equação do VA a que eles serão direcionados. Afinal, 2 + 2 é quatro.

DdAB
Imagem: aqui. Achei-a buscando "aritmética política". É um lindo Breughel. O rodapé fala em pagameanto de impostos. Mesmo que o governo açambarque 100% da renda, a renda permanecerá sendo 100% de si mesma!

20 fevereiro, 2013

Tu aí, novo marcador: n.2

Querido diário:
Parece que aquele negócio do outro dia de imitar a presidenta dando ordens/fazendo pedidos à - como ela própria diria há algumas décadas - burguesia pode render bastante. Fiz daquilo um marcador, como o que hoje, isoladamente, sinaliza o conteúdo da postagem.

Então vejamos. Dada a precariedade dos serviços de aeroporto here, there and everywhere, ela deveria dizer para uma daquelas famílias endinheiradas, convidadas para um convescote na praia que a Marinha do Brasil detém no progressista estado da Bahia (exceto, claro, pelos governantes e nome arcaico).

Ela diria:

Tu aí, perde o medo de gente e bota mais trabalhadores nos aeroportos: vigias, informantes, carregadores de malas, manobristas, essa turma toda.

DdAB

18 fevereiro, 2013

O Lado Alegre da Desigualdade

Querido diário:
Sigo impressionado com a vida comunitária do jeito que um turista a vê aqui em Dublim. Sem muita pesquisa, caí por aqui, que dá um Gini de 0,36 em 1987, reduzindo-se para 0,34 em 2010. Peço o mesmo ao Google sobre o Brasil: "Brazil, Gini, index". Aqui, vemos que, entre 2008 e 2009, seu valor passou de 0,551 para 0,547. Com Efeito Excel, ficamos em 0,55 todo o biênio.

Vivendo 30 anos de estagnação, ou melhor, crescimento rastejante, o Brasil não pode ser declarado um sucesso nem do liberalismo (que diabos de empresários afinal viveriam lá no trópico que não conseguem elevar a produtividade nem de um vaso de avencas?) nem do desenvolvimentismo (que diabos de governantes não conseguem conter os instintos agatunados?). Seria sucesso de quê, então? Parece que da democracia e da relativa liberdade (se é que isto existe).

Mas isto não é pouco. Além disto, existe outra maravilhosa benção espraiando-se pelos quase 10 mil km de praias tropicais e temperadas, hehehe.

Com efeito, uma benção maravilhosa mostra horizontes luzidios para o crescimento, caso o governo deixe de roubar e os empresários deixem de preguiça: 1% das famílias brasileiras detêm quase metade da renda nacional. Então a dra. Dilma poderia chamar os representantes das, digamos, 100 famílias mais ricas e pedir a cada uma delas:

.a. tu aí, faz 10.000 escolas
b. tu aí, faz 10.000 piscinas nas escolas novas (e mais 25.000 nas velhas)
.c. tu aí, faz 50.000 ônibus para transporte de crianças
.d. tu aí, faz 40 milhões de uniformes para nossas crianças de ensino pré-universitário
.e. tu aí, faz 5000 programas de assistência social municipal
.f. tu aí, tu aí, tu aí, vai fazendo estas coisas que tudo mundo sabe o que é

E, se não fizerem o que o Planeta 23 está mandando, só poderemos dizer que a baixaria é uma unanimidade nacional retratada por um hai-kai

Nem civil, nem militar, nem direita,
nem esquerda, nem honesto, nem ladrão
não tem quem meta as mãos na educação.

DdAB
P.S. E a razão que impede qualquer tipo de segmentação do espectro político de meter a mão na educação é que esta é a causa da causa da causa da causa: ela permite a cada um descobrir seus objetivos na vida e lhe ajuda a angariar forças para lutar por eles!

17 fevereiro, 2013

Sobre barbitúricos e paralelepípedos


Querido diário:
Barbitúrico é o remédio usado pelos efebos (adolescentes) de Barbacena, destinado à aceleração do crescimento da barba, por contraste aos paralelepípedos, que são os animais possuidores de seis pés paralelos, em duas colunas horizontais de três pés em cada coluna, e uma coluna adicional chamada de parafrênica. A síntese, mais nobre, entre um remédio e um animal consiste em um cálculo biliar vendido por milhares, depois de roubado por um dos funcionários do frigorífico, o que teria provocado enorme desgosto na própria vaca que deu a vida para a alegria do magarefe.

DdAB
Imagem originando-se do maravilhoso site alcançável ao clicarmos aqui.

16 fevereiro, 2013

Metades: uma, duas e três

Querido diário:
Volta e meia, falamos na metade de algo, de coisas. Por exemplo, bebi a metade de duas pints de cerveja Guiness. E mais metade de outras seis. Ou seja, com tanta metade, fiquei embriagado.

Quando falamos de duas metades, em geral, temos em mente que elas constituem um todo, uma totalidade. Agora mesmo tenho claro que a população da Irlanda se divide em metade irlandeses e metade brasileiros. Dá um país inteiro. Na verdade, a metade brasileira tem em mim uma exceção demográfica, uma vez que sou velho. O que dá mesmo em Dublim é irlandeses de todas as idades (lá sua metade) e 100% de jovens brasileiros, formando a metade migratória.

Isto não é nada. Todos que me leem sabem do programa de pesquisa individual em que me envolvi há um quarto de século buscando a verdadeira autoria da teoria das três metades. Tanto falei e nela falo que houve gente que chegou a pensar que fui eu mesmo que a criei. O que não é verdade. Aplicação: metade brasileiro, metade tranbiqueiro e metade estrangeiro. Daria uma charada made in Dublin.

Pois isto não é nada, menos ainda. A página 155 de

HARR, Jonathan (2006) The lost painting; the quest for a Caravaggio masterpiece. New York: Random House.

mostra que, se não foi este Ruskin, foi alguém de intelecto assemelhado:

partly despicable, partly disgusting, partly ridiculous.

Este despicable não é bem de meu conhecimento. Então diz o Google Tradutor:

desprezível, em parte, em parte repugnantes, em parte ridícula.

DdAB
P.S. o livro é uma linda viagem sobre a arte/pintura, a natureza humana, sua condição desprezível, repugnante e ridícula, além da sublime condição de doce, elevada e dadivosa.
P.S.S. a imagem é daqui. E parece haver, por ali, bem mais de três metades, não é mesmo?
P.S.S.S.: às 11h06min de Dublim, percebi que não colocara o nome do livro de Harr e o fiz. 
P.S.S.S.S.: às 23h05min (hora local de Dublim), acrescento: recebi do Bípede Pensante um convite a visitar o seguinte site (aqui). Trata-se da mais insofismável prova de que o número de metades que compõem um corpo integrado ao universo conhecido é mesmo infinito.

15 fevereiro, 2013

Cavalos: no governo e no mercado

Querido diário:
Que é mais revoltante, comer carne de cachorro ou de cavalo? Os coreanos dizem que de cavalo, os franceses e sul-italianos, de cachorro. Brasileiros comeram carne de cachorro durante a copa do mundo Japão/Coreia. Não duvido que eu mesmo tenha comido carne de cavalo no sul da Itália. O problema não é tanto de que horrível e medonho é comer carne de cavalo.

O problema é que agentes econômicos inescrupulosos (empresários) e incompetentes (venais?, no governo) permitiram que esta febre de carne chevaline encha os noticiários aqui em Dublim. Não posso esquecer meus tempos oxfordianos, quando surgiu o problema da vaca louca (mad cow disease) e eu mesmo vi na TV uma senhora, alta autoridade governamental, dizendo que quem acha que há problema de vaca louca é que é louco. Pode? Até no Paraná parece que já rolou caso de vaca louca, não é mesmo?

A tríade mercado-estado-comunidade é fundamental para ser pensada num momento destes. Lá no já famoso livro de "Mesoeconomia; lições de contabilidade social", diz-se algo na linha de que a melhor sociedade é aquela que consegue equilibrar estas três organizações societárias. Mercado forte pode corromper governo fraco, como é o caso. Claro que governo forte pode corromper tanto a vida mercantil quanto a comunitária. E, claro, comunidade forte (religiâo?) pode comprometer o crescimento da produtividade, a grande benção das economias de mercado.

A solução parece mesmo ser pegar todos os políticos e extrair-lhes a raiz quadrada, de sorte que eles parem de incomodar a sociedade, jogando os cavalos aos campos. Mas, ainda assim, não deixo de indagar-me que diabos de tanto cavalo foi produzido para corte. Não sei bem a situação hoje, mas quando fiz minha dissertação de mestrado (1976-77), em Pelotas, havia o "Frigorífico Brasileiros", um nome destes. Matavam os pingos, pelo que entendi.

DdAB
P.S. ao que parece, temos um problema com o cavalo ou o cavaleiro na imagem daqui.

13 fevereiro, 2013

Hai-Kai n.22

Querido diário:
Disse Millôr:

À NOSSA VIDA
A MORTE ALHEIA
DÁ OUTRA PARTIDA..

Diz o Planeta 23
Da outra partida
saudaram todos:
Salvou-se a vida.

DdAB
P.S. E que tal aqueles dois pontos horizontais no fim do último verso do hai-kai dele? E a imagem daqui. É um espantoso blog de hai-kais, praticamente todos os que vi no escorreito estilo de 5-7-5 sílabas em cada verso. Como os caimãs que nos encimã, digo, encimam.

P.S.S.: acabo de corrigir (9h55min de 15/fev/2013) o "estilo 5-7-5", que eu escrevera, por engano, como "5-7-7".

11 fevereiro, 2013

Mais Falhas de Governo: fiscalização

Querido diário:
Grandes assuntos da TV irlandesa:

.a. as lasanhas à bolonhesa* com carne de cavalo (ou seja, o mundo se divide em lasanhas bolonhesas propriamente ditas, com carne de vaca, boi e correlatos e lasanhas bolonhesas estrela, com carne de cavalo, égua e correlatos.

.b. as fraudes do sistema financeiro de 2008 etc., cujos inquéritos sobre responsabilidades estão terminando e foi constatado que ninguém é responsável por nada.

Claro que o mercado falha. Mas nestes dois casos não estamos falando exatamente em falhas de mercado, mas em problemas com a fiscalização governamental. Claro, também, que podemos pensar que entre o nascimento cavalar e sua transformação em "minced horse meat" o governo deve meter a colher em algumas etapas, a fim de evitar precisamente o que aconteceu: que se venda gato por lebre. E não sei se os libertários exaltados chegariam a sugerir que o problema se resolveria com adição ao rótulo das lasanhas: produzido com carnes de origem desconhecida.

E podemos igualmente pensar que, entre o nascimento de um corretor ou dirigente bancário e sua opção pela estrada do crime, terá havido milhares de oportunidades para diagnosticar suas tendências psicopáticas e sugerir-lhes empregos menos comprometidos com o bem-estar da negadinha.

DdAB
Imagem daqui.

Hai-kai aqui:

Trata-se de apenas de um cavalo,
várias formas de comê-lo
e várias formas de pagá-lo.

09 fevereiro, 2013

Se Mentes Uniformemente

Querido diário:
Pudesse eu, daria esta mensagem ao governador Tarso Genro, lá do longínquo e subdesenvolvido Rio Grande do Sul, ao norte do Uruguay. Talvez não seja o caso de mentira, mentira deslavada, escabelada. Mas há algo de errado com o discurso e as possibilidades práticas que foram abertas ao velho santa-mariense. A questão está no uniforme. Aqui em Dublim, tenho visto estudantes de todas as idades deslocando-se nas vias públicas e nos ônibus vestindo uniformes. Belos uniformes, cores quase sempre padrões, com os famosos xadrezinhos britânicos. Tudo muito igual à Inglaterra, de meus olhos.

E daí? Uniformes? Claro, o que me permite confrontar as ideias do master Tarso com o que faz como governador. E indagar-me qual é a contribuição que seu governo deu/está dando/dará para a montagem de um sistema educacional verdadeiramente decente. Parece que pouca ou nenhuma. Parece que não é por falta de informação que o Brasil não vai para frente.

No outro dia, atrevi-me a dizer (em off the record) que não há saída para o Brasil, a não ser a elevação do gasto em bens públicos e bens de mérito, todos financiados pelo aumento da arredacação do imposto de renda. Não me leve a mal, hoje é carnaval.

DdAB
Imagem: aqui. Será que a profa. Tânia Giesta considera que o uniforme é fundamental para o aprendizado?

08 fevereiro, 2013

Not in Public...

Querido diário:
A vida em Dublim segue boa, a curva de demanda quebrada tendo dado o que falar... Mas aqui não há espaço para mal-entendidos, para eventos que devem ser mantidos em sigilo com relação ao público. O Planeta 23 é uma sociedade aberta, um mundo popperiano-sorosiano, uma coisa destas. Pois bem, pensando em como é fácil a língua irlandesa, decidi copiar uma frasesinha de um folhetinho:

.a. em inglês: not in public holidays

.b. em irlandês: gan Saoire Phoiblí san áireamh

Tradução: não funciona nos dias feriados! Ao digitar, pensei que este negócio poderia estragar meu teclado...

DdAB
E a imagem é, claro, de irlandeses, vindos daqui.
P.S. A simples e cordata expressão "Ao digitar, pensei que este negócio poderia estragar meu teclado..." deixa-se ler, em irlandês, como: "Nuair a clóscríobh, shíl mé d'fhéadfadh sé seo déileáil ruin mo mhéarchlár...". Mantêm-se as reticências precisamente no mesmo lugar! Talvez seja isto o que quer dizer "origem comum no sânscrito", ou algo parecido.
P.S.S.: e, se não estou enganado, "curva de demanda quebrada" deixa-se ler como "cuar an éilimh briste".

07 fevereiro, 2013

Ineficiência Alocativa

Querido diário:
Tu mesmo, amado diário, já me viste listando as falhas de mercado consideradas de senso comum. Tem uma que não se costuma falar, ou melhor, fala-se em "poder de monopólio". Quando a curva de demanda não é horizontal, há poder de mercado. Em havendo poder de mercado (o que exclui, obviamente, o caso da concorrência pura), não há eficiência alocativa.

E ai temos a verdadeira falha de mercado: quando há poder de monopólio, a grande função dos mercados que é a de prover uma alocação eficiente de recursos deixa de ser cumprida, deixa de ser atingida. E ficamos três pontinhos...

DdAB
Imagem aqui. Pareceu-se-me com uma curva de demanda quebrada e negativamente inclinada.

05 fevereiro, 2013

Hai-Kai n. 21

Querido diário:
Em nosso hai-kai de hoje, Millôr diz:

NA POÇA DA RUA
O VIRA-LATA
LAMBE A LUA.

a isto, o Planeta 23 complementa:

Lambe a Lua!
A língua é tua,
é carne crua.

DdAB
P.S.: um tanto "Caetés", não é mesmo? Imagem: veio da internet. Foi bem este exemplar (este?, esta capa) que li durante o pós-doutorado em Berlim. E este negócio de língua mordida, é óbvio, tem a ver com a da sra. Luísa, não é mesmo?

03 fevereiro, 2013

Dublim, a Capital Oficial do Planeta Terra

Querido blog:
Hoje é dia de festa. Hoje é dia de vermos Dublim e adjacências irlandesas. Ao vir para cá, ainda em tempo, pedi ajuda a meu ex-aluno Christiano Avanegra F.e atual professor, que morou por aqui bem mais tempo do que o Sol gasta para dar um giro em torno da terra, como o faz diariamente ou 365, como procede anualmente. Hoje falarei nas dicas que ele deu e mostrarei as encantadoras fotos e imagens que ele enviou. Há, claro, muita coisa na internet e mais ainda em minha incansável câmera fotográfica. Diz lá, Christiano:

A Irlanda é um país fascinante, existem particularidades importantes para serem apreciadas, sua atratividade deriva-se, em boa medida, do clima. Não devemos esperar grandes museus ou avenidas com a pompa de cidades como Edinburgh ou Paris. Ainda assim, o amor à natureza é tão grande que, prestigiando-o, poderei dar algumas dicas. A cidade de Dublim é bem compacta e todos os pontos turísticos são vistos facilmente apenas com um simples mapa na mão. A cidade não é perigosa logo pode-se caminhar à vontade pelas ruas e ruelas. 


Primeiro vêm os parques, o irlandês adora parques. O Stephens Green é um bom início de passeio, pois é bastante central. Mas particularmente muito me agrada o Parque Merrion Square, localizado em frente a um memorial ao grande Oscar Wilde, visita imperdível.

O Phonenix Park é outro lugar lindo para se visitar. A Igreja de St. Ann´s é o local onde casou-se Brow Stoker, o criador de Drácula, o que deixa um permanente mistério no ar. A Biblioteca da Trinity College é outra visita obrigatória em Dublin. A Christ Church é lindíssima, sua construção datando de 1030.

O Jardim Botânico é muito bonito, apesar de ser pequeno, mas poderemos observar os castores correndo em meio ao público. Existe uma rua chamada Griffity Walk próxima ao Jardim Botânico, esta é minha rua predileta, por ter árvores centenárias. 

Bebericar Guinness no Temple Bar é algo indescritível. Após as três da manhã, a Grafton Street se torna o berço dos saltimbancos e artistas musicais. Uma dica de bar seria um local, enfim, com o charme de Paris. Tem uma cafeteria muito boa, o nome eh Café in Ciene... (ou fica na Kildade Street ou na Merrion Street, não lembro ao certo) [Breve tirarei a teima, inclusive estarei na Grafton St. às três da manhã... DdAB]

Mas o melhor é pegar o Dart [trem] e viajar... A cidade de Gayway é praticamente o símbolo da Irlanda. Cork é outra cidade agradável e muito simples. Considerados uma das maiores atrações da Irlanda e também um dos finalistas das Sete Maravilhas do Mundo da Natureza, os Cliffs of Moher são um conjunto de penhascos lindíssimos que se estendem por oito quilômetros. Estes são imperdíveis apesar de estarem em uma área complicada de se achar. 




Uma dica seria alugar um carro e fazer uma volta completa na ilha da Irlanda, algo muito legal e tranquilo de se fazer, impossível se perder.  O Norte da Irlanda do Norte é muito bonito, servindo de cenário para o filme "Crônicas de Narnia", valendo a pena visitar. Mas devemos tomar cuidado ao andar em Belfast, pois nos guetos ainda impera o perigo. Devemos ficar somente no centro e áreas destinadas aos turistas, mas no interior da Irlanda do Norte é tudo em tranquilo. 

Em Dublin existe a área do teatro O2, no Financial Service Centre perto da Ponte Millenium, lugar todo remodelado e muito rico para um passeio. Perto da futura U2 Tower tem o River Quay, ou seja, o estúdio de gravação do U2. Empinando uma por lá poderemos ver o baixista bebericando cerveja em um pub. 





[E olha que despedida mais linda:]

Espero que sua estada na minha cidade dos sonhos seja especial. Um abraço e felicidades banhadas de Guinness.

 DdAB
As imagens foram-me fornecidas pelo próprio prof. Christiano Avanegra.

02 fevereiro, 2013

Poder de Monopólio no Leilão

Querido diário:
Num leilão convencional, em que podemos admitir todos os pressupostos adequados para sustentarmos o teorema da equivalência das receitas, que será da sorte do pobre do leiloeiro se ele consegue, ele próprio, ter ideias mais claras das características dos participantes?

Pergunta importante que evoca, em primeiro lugar, o poder de monopólio de qualquer vendedor. Qualquer, claro, exceto aqueles que não têm nenhum, como é o caso dos participantes de mercados de concorrência pura. Por exemplo, faxineiros brasileiros em Dublim. Mas, digamos, baby-sitters brasileiras já terão mais poder, pois -uma vez que se tornam conhecidas de mamães holandesas, digo, dublinenses- as garotas nacionais passam a usufruir vantagens monopolísticas, como qualquer multinacional lá no próprio Brazil.

Então parece óbvio que o leiloeiro pode ou não ser o proprietário do objeto em disputa, e parece óbvio que -seja ele o dono ou apenas o intermediário- ele estará interessado em maximizar a receita capturada aos participantes. Então ele poderá, se conhecer mais sobre eles, aproveitar-se, por exemplo, da impaciência de alguns deles e, com isto, deslocar-nos para o estudo da barganha!

DdAB
Linda foto daqui. Linda e tasty. Nâo era "China in a box"? Aqui é o que vemos!