08 maio, 2012

Freire e os Comunistas; Dilma e Plebiscito


Querido Diário:
Os tempos estão para assuntos sizudos mas basicamente de sempre: corrupção e golpes na economia popular. Demóstenes e Dilma, a desfaçatez e a caderneta de poupança. Hoje, por contraste, temos um quadro de humor bastante eficaz, no sentido de reduzir o mal-estar provocado no observador independente pelas tropelias governamentais, ou seja, três poderes, três esferas de poder, governo e oposição, todos governantes, todos vivendo às custas do trabalho social.

Nas eleições de 1989, quando concorreram homens de escol, como o vencedor -Collor de Mello-, Ulisses Guimarães, Leonel Brizolla, Lula da Silva, Afif Domingues, Aureliano Chaves e Roberto Freire, meu preferido foi este último. Declarei-o vencedor moral, dado o esmero com que ele defendeu o programa do Partido Comunista, com propostas de cambiar a realidade brasileira. Não estou dizendo que tenha votado nele, aliás não estou dizendo em quem votei, se é que o fiz. Disse e garanto que as propostas que vi dele emanadas eram as que mais "me faziam a cabeça".

Quando o vi desmontando o Partido Comunista, criando esse PPS, partindo para uma aliança com o governo FHC, tornando-se inimigo hidrófobo do governo liderado pelo PT, caí em desalentado desalento, se é que não redundo. Mas hoje foi o dia da risada redentora: Roberto Freire é um brincalhão, na mais escorreita tradição daquela de atribuir feitos à avó do Badanha. Parece mentira. Diz o jornal, p.9:

O deputado [Roberto Freire] ficou inconformado ao ler que a president[a] Dilma Rousseff teria pedido ao Banco Central para colocar em circulação cédulas de dinheiro com a frase 'Lula seja louvado'.

E vem ele:

Issso é uma ignomínia! Dilma pede e B.C. coloca em circulação notas com a frase 'Lula seja louvado'.

Claro que, depois dessa ignonímia, algum amigo de boa fé chamou-o à razão e ele se desdisse. Já sabemos o teor de retificações de tal padrão: onde digo digo digo desdigo. Mas desdizer-se já se tornara ainda mais ridículo, pois parece que ele se tornara uma celebridade mundial, muito mais do que os 3% que ele fez naquelas memoráveis eleições. Ou seja, eu mesmo já citara Henri Agel:

"puisque l'impossible accède à la catégorie du vrai, le vrai, à son tour, peut accèdre à la catégorie de l'impossible."

A única ação que achei sensata, para o caso, foi olhar no dicionário o que é 'freire' e o que é 'ignonímia'. Achei o que segue:

.a. freire: membro das antigas ordens militares, irmão. Pimba, era a posição dele no Pecegueiro.

.b. ignomínia: grande desonra, opróbio, infâmia.

Claro que, para sabermos bem o que é opróbio, infâmia e mesmo honra, precisaríamos expandir esta postagem, o que se torna impossível, dada a impassibilidade deste ponto final.

DdAB
p.s.: no Japão, por muito menos, um samurai faria rolar um harakiri.
p.s.s.: e a imagem não é dele, é do outro Roberto Freire, mais estranho, mais circunspecto. E qual a diferença entre anarquista e comunista? Freire-PPS não sabe, pois "anarquisou" a seriedade.
p.s.s.s.: enquanto isto, os juros da poupança seguem recebendo elogios da classe dominante. ontem mesmo ouvi na TV (e li) um trechinho de uma declaração da presidenta dizendo que ela própria -muito sabida- manteria seus haveres da caderneta de poupança. Pensei: eu também, pois -ao lado da renda perpétua paga pelo Brasil às descendentes das viúvas dos combatentes brasileiros na Guerra do Paraguay- temos agora estas renda perpétua de 6% da caderneta de poupança. Pensei: meu dinheirinho da poupança fica lá até que a morte me separe.
p.s.s.s.s.: desfaçatez mesmo é o que vemos na República Federativa do Brasil. Como tampouco deu certo com Estados Unidos do Brazil, acho que tá na hora de fazermos um plebiscito para mudar novamente o nome.
p.s.s.s.s.s.: o marcador 'Besteirol' tem mais a ver com o p.s.s.s. e com o conteúdo lógico-formal da declaração do tovarich Roberto Freire-PPS.

P.S. de 15/dez/2015: às 11h20min de hoje, troquei o nome de Rimbaut lá no alto do texto pelo que consta. A memória falhou ao citar aquele "puisque l'impossible..." E de onde tirei esta citação, eu, que nunca li o mr. Henri Agel? Da epígrafe do livro "O Púcaro Búlgaro", de Campos de Carvalho.

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