23 maio, 2012

Explicações Chinesas (ouvi contar)

Querido Diário:
Numa postagem do dia 20/maio, LeoMon fala no Milagre Chinês. Fui ao original indicado por ele, ou melhor, achei a primeira book review pela listagem do Google. Encontrei esta postagem, datada de 23/jan/2009. Para nossos propósitos, não é tão velha assim, ou seja, para vislumbrarmos as tendências registradas em longos períodos de tempo. O que se fez do gigante asiático desde então não é mais do que colher as consequências lógicas do que rolou naqueles 30 anos iniciais, ou seja, os anos 1980s para frente.

E que que foi que ocorreu? O link do Leo manda para a página do autor do livro lá do próprio MIT. Diz que ele diz avaliar os 30 anos de reformas na economia/sociedade chinesa. E aí vem a tese: o papel central no milagre (M) foi exercido pelo empreendedorismo privado (EP) que foi facilitado pela liberalização financeira (LF) e pela flexibilidade microeconômica (FM). Claro que precisaríamos ler tudinho para entender o que cada expressão destas quer dizer, exatamente. Estando frente a uma função de função, eu posso formalizar como:

M = M(EP, LF, FM).

Por contraste, um comentarista do blog do resenhista diz que faltam "teorias", ou já vai dizendo mesmo antes, faltam "explicações". Diz o comentarista que o autor do livro tem em mente:

M = N(PO)

onde PO é a origem dos líderes Jiang Zemin (de Shanghai) e Zhao Ziyang (de origem rural), o que automaticamente favoreceu o meio urbano e o meio rural. etc. were from the rural provinces so they favored rural areas).

Segue o mesmo comentarista dizendo que há um paper de Mary Gallagher no World Politics de 2002 sustentando que

M = Q(FI/DPB, PS)

onde FI/DPB é o favorecimento ao investimento estrangeiro em detrimento do setor privado, e PS é a componente da estabilidade política.
 De sua parte, o próprio resenhista deixa claro:

China has significantly deviated from the East Asian model into a Latin American style economy; and although capitalism in China has deeper roots today than in the 1980s, the fruits of development are increasingly falling into the hands of the state or the rich.

E o post do Leonardo resume:

O capitalismo chinês nasce no campo, nos anos 80, de baixo para cima, nas províncias mais pobres. Tudo indica que esse crescimento foi o maior responsável pelos avanços sociais dos mais pobres;
 

Nos anos 90, há um retrocesso deliberado na liberalização. O privilégio passa a ser para as empresas estatais e para o capital estrangeiro e o desenvolvimento nas áreas rurais é reprimido. O resultado é o aumento na desigualdade e piora - por vezes absoluta! - nos indicadores sociais;
 
Boa parte das TVE (Town and Village Enterprises) eram - ao contrário do Stiglitz e outros acreditaram - empresas privadas;
 
Shanghai é o exemplo de tudo que há de errado no capitalismo chinês. Pouco empreendedora, intervencionista e desigual. Ou seja, o exato oposto que muitos visitantes (inclusive eu) observaram. 

Moral da História: ainda preciso de mais leitura para fazer uma ideia geral do que estamos falando. Fiquei partaicularmente de orelha em pé com esta comparação com a América Latina. Aqui cultivou-se estrondosamente o caminho da industrialização pela substituição de importações. No Brasil, que tinha mais tamanho de mercado do que o Chile ou o Uruguai, o meio rural foi discriminado, exceto o latifúndio do açúcar, essas coisas. Mas, na altura em que surgia o Milagre Chinês, os militares consolidavam a marcha para o Norte e Centro-Oeste.
DdAB

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