31 janeiro, 2012

O Alumínio e a Teoria do Valor

querido blog:
seguindo nas leituras do livro "New Guide to Science", de 1984, de Issac Azimov, achei umas coisas interessantes, além de milhares de outras. desta vez, ele estava falando sobre a descoberta e manipulação dos novos elementos. e até os "new wonder metals". estamos lá pela p.280, mas também tem algo da p.366 que desejo referir e pensar um pouco a respeito.

primeiro: para nós hoje não existe nenhum mistério em identificarmos alumínio em inúmeras utilidades de nosso cotidiano, das panelas às janelas. e nem sempre foi assim. inovações sucessivas permitiram que se pudesse lidar com o alumínio, ele é, segundo Azimov, 60% mais comum do que o ferro, mas era dificílimo de ser extraído das jazidas. e é sobre isto que quero falar: valor e escassez. neste processo chego até a filosofia de hoje do B.P., que fala do tempo.

a escassez do alumínio, a dificuldade em obtê-lo em quantidades razoáveis era tanta que alguns chegaram a considerá-lo um metal nobre, como o ouro e a prata. tanto é que, segue nosso autor, Napolião III usava talheres da alumínio, por refinados. e até deu a seu filho (fulano?) um chocalho de alumínio.

segundo: à medida que novos progressos foram sendo incorporados à extração do alumínio, cada vez mais associado a enormes quantidades de eletricidade, seu preço e, como tal, seu uso foi-se disseminando espetacularmente.

primeira conclusão: o que aconteceu, no final do início e intermédio das contas é que, quanto menos trabalho ia sendo necessário para gerar a mesma quantidade física de alumínio, menor ia sendo sei preço. ou por outra, maiores quantidades podiam ser oferecidas a menores preços. curva de oferta invertida? claro que não: a curva de oferta se deslocava em sucessivos saltos para a direita.

e se não fosse uma economia monetária? neste caso, não haveria preços, mas também poderíamos pensar na existência de um substituto desta lei: quanto menos trabalho é necessário para produzir certo bem, maior será a quantidade produzida.

terceiro: aí, lê-que-lê, disse-me o Azimov na p.366 que a palavra "energia", em grego, quer dizer "algo que contém trabalho". [já a Wikipedia falou em 'activity', 'operation']. claro que, no caso, fala-se de trabalho no sentido f´ísico. mas eu fiquei pensando que no mundo de metáforas nem tão rigorosas, temos a mesma lição.

segunda conclusão: de onde vem o preço das mercadorias? parece-me óbvio: da escassez de trabalho. aquelas indústrias que tiverem trabalho altamente ativo (id est, alta produtividade do trabalho) terão preços mais baixos do que as otherwise.

e isto significa que o comunismo deu certo? claro que não. parece que Marx nunca pôde deixar suficientemente claro o que queria com todo o resto d'O Capital. o certo é que já no capítulo 1, ele deixou claro que aquela teoria do valor serve para mostrar que no mundo real não são mercadorias que se trocam por mercadorias, mas trabalhos que se trocam por outros trabalhos.

dito isto, parece que insistir excessivamente neste tipo de abordagem para o entendimento do capitalismo contemporâneo é tão extemporâneo quanto achar que existe dinheiro, no sentido de dobrões de ouro do Forte Knox.
DdAB
imagem:aqui. e claro que aquilo não são tijolos de aluminío, mas do ouro depositado no afamado forte.

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