20 dezembro, 2011

Sinuosidades na Salvação da Saúde

querido blog:
se é que são vias sinuosas, bem entendido. o jornal de ontem, na p.20 "Economia" fala nos planos de saúde privados (mas não usa a palavra "privados" e indago-me: 'será que o SUS é um plano de saúde? e digo: óbvio, plano governamental, um serviço universal, ainda que volta e meia e na maior parte das vezes quebre o princípio da universalidade, por probleminhas banais de compreensão o que é isto da parte dos juízes 'R$ 30mil').

depois diz: "Consultas agora têm prazo máximo de espera".

e apresenta uma tabela de resoluções da Agência Nacional de Saúde - ANS determinando que os planos, digamos o Plano Vida Paga, devem oferecer a seus prestamistas (?) a possibilidade de, não havendo hora disponível no consultório do profissional selecionado (digamos, por férias ou excesso de clientes), terem atendimento por parte de outro profissional indicado pelo plano.

pois achei isto a redenção. sempre fiquei estupefato ao saber da enorme delegação de poder ao doente, no sentido de que este é que definirá sua doença (diagnóstico) e, como tal, procurará um profissional médico que o referende e dê o tratamento. eu mesmo já me diagnostiquei com vários problemas, o mais sério deles sendo o da língua ferina.

o contraste do sistema atual brasileiro com o britânico - de que fiz parte ativa - é marcante. ao chegar a Brighton e anos depois a Oxford, uma das primeiras medidas que me impuseram foi inscrever-me no NHS (National Health Service). Em Sussex, havia um centro médico (uns barracões) dentro do próprio campus. Em Oxford, na Jericoh Road, estava o centro. lá fui e lá inscrevi-me. e lá voltei algumas poucas vezes para consultar. sempre o médico que me fora indicado, exceto precisamente uma vez em que adoeci durante suas férias e fui atendido por uma médica que o substitiu.

claro que o sistema brasileiro (da política à coleta resíduos de unhas cortadas a bebês) é deficiente. somos deficientes. a gente somos inútil. este tipo de medida da ANS pode ajudar a encaminhar um dos problemas: o governo ajudando o setor privado a ajeitar-se. os planos de saúde interessados em maximizar suas vendas começarão a credenciar clínicos gerais que farão a triagem que, hoje em dia, fica por conta do doente, um agente, como sabemos, adoentado e, como tal, incapaz de tomar decisões plenamente racionais, como a que agora me avassala e encerro.
DdAB
saúde? repouso? inúteis?

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