06 novembro, 2011

Saudações são instituições...

querido blog:
hoje é domingo, dia de piadinhas. mas nem tudo, fui guindado a um almoço seríssimo, ouvi música maravilhosa, li aventuras estonteantes, fiz limpeza de papeis, e tudo o mais que pertine ao par lazer-ócio. uma parte séria incluida nesta postagem da piadinha é um prolegômeno da iniciativa que levou-me a trazer-me, sei lá.

há muitos, muitos mesmo, uns 25 ou 30, ouvi dizer que Francisco Lopes, acadêmico de respeito e presidente do Banco Central do Brasil complicado (o Chico, o banco, o Brasil Central e tudo o mais...) dava aulas sem anotações. de minha parte, nunca procedi assim, talvez "nunca" seja exagero, mas sentia-me confortável manuseando um conjunto de fichas com o conteúdo da aula, citações, gráficos e passagens mais difíceis. até mesmo chegava a ler e comentar coisas como definições ou ideias que requeriam pilhas de frases para se deixarem entender. Chico soube -disseram-me- que uma garota, a "Noivinha", sua aluna, era boa copiadora de aulas e anotava tudo o que ele dizia, tintim por tintim. ele, talvez pensando em transformar aquelas horas de trabalho vivo em trabalho morto (ou seja, digitar, imprimir, dar aos alunos das novas turmas, um livro), poderia dedicar-se a ampliar os contéudos agora transformados em simples frases, parágrafos e seções e capítulos e partes. achei a ideia genial

não se passaram nem 17 anos, fiz o mesmo. ensinava Introdução à Economia e tive alunos -excelentes alunos- como aplicados copiadores. eu mesmo, quando assisto a uma aula, copio o que posso, sempre dizendo a mim mesmo e às pobres folhas de papel que se veem preenchidas inapelavelmente, que "é para me manter concentrado". as folhas, themselves, retorquem sugerindo que com tantos abalos provocados pela pontinha finhinha da caneta elas é que não se concentram. não duvido.

hoje, na hora da limpeza dos papeis, achei cópia xerox de três destes cadernos. minha intenção original era montar a estrutura de um livro de Introdução à Economia, que eu pensava em fazer o papel de organizador e autor de uma ou outra passagem. seria uma espécie de "termo de referência" para o livro. este projeto nunca saiu do papel do jeito que eu desejava. eu queria, mas não sabia como, fazer "uma abordagem evolucionária". hoje, depois de ter lido o livro de microeconomia de Samuel Bowles, sei melhor o que é "micro evolucionária", mas ainda não sei bem se poderia fazer o tal livro introdutório. em alguma medida, o livro de contabilidade social tem a primeira parte como o que poderia ter sido o início de meu livro introdutório.

pois bem. vamos à piadinha. ao ler o xerox de um dos três cadernos, numa aula que dei no dia 7/mar/1994, ou seja, 17,5 anos atrás, li precisamente este título: "piadinha". e, a seguir:

qual a primeira coisa que trocam dois economistas????

resposta: saudações.

achei engraçadinho. fiquei pensando o que me motivara, talvez a obviedade de que -evolucionariamente falando- a troca de mercadoria emerge apenas após as redes sociais (no sentido antigo do termo) terem criado tentáculos medusíferos.

mas a aula prosseguiu: anotações sobre um bom dicionário de economia e o que hoje reconheceria como o primeiro capítulo do livro de micro de Pindick e Rubinfeld: a teoria elementar do preço. mas tem mais coisas de interesse. pedi um relatório para a próxima aula:

.1. quem sou? quem eu poderia ser um tanto mais rico ou um tanto mais pobre?
.2. que questões me levaram a escolher estudar na faculdade de economia?
.3. que se encontra na seção de referência da biblioteca?

DdAB
imagem: daqui. o trabalho em equipe, como o dos lobos e das formigas, também tem seu valor, para a tristeza da rapaziada no degrau de baixo da cadeia alimentar.

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