02 julho, 2011

Os Dois Brasis: são montanhas de duplas

querido blog:
o dia não está nada fácil em Porto Alegre para quem gosta de sol. eu odeio o verão, mas podemos facilmente depreender que também odeio o inverno. se associarmos o outono e a primavera, teremos que concluir que não odeio o ano inteiro, tenho muitos interesses vitais, um deles é a política, que chamo de economia política, como marcador, como é o caso, como vemos, comovemo-nos, como veremos. e a ilustração que selecionei daqui não me é de todo familiar. não sei se é o partido monarquista, sei lá. a única coisa que realmente sei é que a primeira constituição da república designava este negócio como Estados Unidos do Brazil. e também tem até uma letra de samba que diz um troço assim: "quem te conhece, Brasil, não esquece, Brasil é com 's'." e me lembro de que a professora Iracema de Alencar chamava a atenção para a escrita dos antigos que evocava a brasa do pau brazil com a grafia correta, desrespeitada pelo primeiro escrivão. na época eu não achava isto tudo ridículo. hoje acho, mas acho que isto não é o pior.

olha aqui um texto que já lerás adulterado. e -o que é mais impressionante, com um corrigendum mais abaixo. não falarei mais nada. finge, por enquanto, que lês um texto de minha autoria:

nos vastos rincões do interior abandonado, onde ainda vigoram relações pré-capitalistas de trabalho (meação, parceria, escravidão), o latifundiário é o dono das pequenas cidades e da vida política local. seu poder é aceito por uma combinação da coerção e do consenso. a bem da verdade, nunca houve um autêntico sistema de representação popular. os partidos carecem de organização e programa e atendem apenas ao interesse de grupos dominantes. Petistas e pessedebistas nada mais são do que cisões dentro de uma mesma classe. na verdade, não importa qual dos dois partidos detem o poder, pois nenhum deles pretende alterar o sistema vigente. no correr da fase contemporânea, o povo permanece despolitizado, sujeito a elites que se beneficiam do esquema de dependência em relação ao capitalismo e à cultura da Europa. enfim, povo é um elemento essencialmente letárgico e tão somente uma figura jurídica que tem como lúgubre patrimônio o trabalho, a submissão e condições precárias de existência material.

DdAB
ops: pois bem, o corrigendum é o seguinte. e saiu do livro:
LOPES, Luiz Roberto (2000) História do Brasil Contemporâneo. 9ed. Porto Alegre, Mercado Aberto. (Revisão, 3).
e deixa-se ler como:

Nos vastos rincões do interior abandonado, onde ainda vigoravam relações pré-capitalistas de trabalho (meação, parceria, escravidão), o latifundiário era o dono das pequenas cidades e da vida política local. Seu poder era aceito por uma combinação da coerção e do consenso. A bem da verdade, nunca houve no Império um autêntico sistema de representação popular. Os partidos careciam de organização e programa e atendiam apenas ao interesse de grupos dominantes. Liberais e conservadores eram cisões dentro de uma mesma classe. Na verdade, não importava qual dos dois partidos detinha o poder, pois nenhum deles pretendia alterar o sistema vigente. No correr da fase monárquica, o povo permaneceu despolitizado, sujeito a elites que se beneficiavam do esquema de dependência em relação ao capitalismo e à cultura da Europa. Enfim, povo, no Império, era um elemento essencialmente letárgico e tão-somente uma figura jurídica que tinha como patrimônio o trabalho, a submissão e condições precárias de existência material.

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