09 abril, 2011

Tragédia Brasileira

querido diário:
como sabemos por termos lido o livro sobre felicidade de Richard Layard, e talvez outros também tenham levantamentos igualmente interessantes, o povo brasileiro é um dos mais felizes do mundo. acima, mesmo, do que prevê sua renda per capita, em cross sections mundiais. mas ele é tosco e bizarro, de baixo nível cultural e capitalismo incompetente, pois sua produtividade do trabalho é oito vezes menor do que a americana.

fiquei a perguntar-me como é que os governos Lula e Dilma têm tanta aprovação popular. como é que fazem a pesquisa, a quem perguntam, se esta amostra cobre mesmo "o povo". há anos, Luiz Fernando Veríssimo escreveu a crônica "O Popular" e lembro que ele descrevia quem era se não o povo, pelo menos, "o popular". que é um cara que, por exemplo, nunca é preso, pois os presos são "os outros". mas sigo encafifado. como é que pode eu achar que se vive tão mal e o povo achar que o governo é tão bom. viés amostral? ideações de um velhote, já na decrepitude da vida?

o que o povo sabe, o que pensa, quais são suas fantasias, seus sonhos, seus delírios? eu me conformo com a resposta de elevação dos níveis de consumo das massas. obviamente, em geral, mais renda implica mais consumo, causa mais consumo. mas diz-se que a nivelação dos montantes de consumo per capita é um requisito para a própria paz e estabilidade do sistema político. no Brasil, ainda não recuperamos os 0,50 do índice de Gini de 1960.

ainda hoje repeti algo que já vaticinei aqui. o século XXI verá a implantação da renda básica universal, mas esta nascerá respindango sangue, suor e lágrimas. não será fácil. a rapaziada que hoje se encontra nos postos de mando apega-se ferrenhamente a sua rapadura. no final do século, ela será substituída por outra rapaziada que também vai apegar-se. mas pode ser que a renda básica vena até antes de 2099. um dos requisitos deste esquema é o entendimento de que os postos de trabalho deverão ser racionados. mas hoje o que vemos é que:
.a. o brasileiro ingressa mais cedo (pode, parece, a partir dos 14 anos)
.b. o brasileiro sai mais tarde (FHC, galantemente, elevou de 70 para 75 anos o limite da aposentadoria por idade, requerendo 15 anos de contribuição
.c. o brasileiro trabalha mais horas por dia
.d. o brasileiro trabalha mais dias na semana
.e. o brasileiro tem menos férias no ano
.f. o brasileiro é, 25% (ou seja, 20 milhões), um trabalhador precário

rapidamente li Paulo Ghirardelli, na p.66 de seu livro de introdução ao pensamento de Richard Rorty, mas não posso deixar de esquecer: "o sofrimento, a humiliação e a crueldade" são a regra e não a exceção.
DdAB
a imagem veio daqui e rolou quando pedi pelo título da postagem... e a Faye Dunaway é linda!

2 comentários:

Tania Giesta disse...

Duilio: postei comentario aqui no dia 7 abril sobre professorinhas...
e tenho discordado de ti, não gosto quando as pessoas se sentem pessimistas em relaçao ao que ocorre a nossa volta, tragedias sempre existirão e sentir-se velho aos sesenta e poucos anos é algo muito precoce...existem jovens com 80 anos e velhos com 20 aninhos...VIVER é algo maravilhoso , é a busca atraves de açoes diarias de achar felicidade,independe de dinheiro...é sentir-se feliz com coisas singelas,como por exemplo, um olhar, a lembrança de alguem, a saudade de um momento inesquecivel.
a felicidade é todo resultado que provoca satisfação e, repito independe de grana...
Abraço

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

oi, Taninha:
de manhã, postei uma resposta aqui que vim a perceber foi deletada. parece que eu queria dizer que -mesmo que o dinheiro não traga felicidade- ele é um bom preditor dela. onde há dinheiro, há mais oportunidades de se tomarem iniciativas que podem conduzir a ela. eu sou otimista quanto ao futuro remoto. no presente, vivo o amargor de entender a injustiça e as mazelas da sociedade desigual.
DdAB