01 fevereiro, 2011

Dialética, força e racionalidade animal

querido blog:
dando mais umas olhadas naqueles livros de lógica-dialética de Cirne-Lima, e tentando entender o que é síntese, caí no seguinte:

tese: por ser contingente (ou seja, não é necessária), uma sociedade igualitária (existente) não pode não existir
antítese: por ser contingente, uma sociedade igualitária pode não existir
síntese: haverá um tipo universal a ser pensado como sociedade igualitária, do qual as contingências desviarão aqui e ali (fora as que negarão, que serão concentracionistas).

e daí? daí que José J. Veiga tem a ver com o assunto. fechando o livro Torvelinho dia e noite, a que me referi no outro dia, lê-se a fala de Aldair, dirigindo-se a Mariana e respostas:

-Ainda bem que elas (as flores que nasceram por toda a cidade) sabem quebrar golpes de foice. O mal do mundo é os fracos se encolherem quando atacados. Deviam se unir e reagir
-Mas aí não haveria parte fraca. Todos seriam fortes.
-Exatamente. Desapareceria a vantagem da força e só prevaleceria o justo e o direito. Isso de forte espezinhar fraco é muito careta.
-Mas nunca que vai acabar. É uma coisa que acontece naturalmente, fortes mandando, fracos obedecendo.
-Nâo ten nada de natural, tia. É puro arranjo político.

Elas foram comer um "estapafúrdio sanduíche" e eu garrei de pensar em algo que acabara de aprender. Fi-lo (fi-lo, meus deuses) lendo o livro de Rorty também já comentado por estas bandas. Se bem li, Rorty aponta para o uso da racionalidade como o maior antídoto para o uso da força. Ou seja, já vou dizendo eu, a racionalidade do discurso troca o uso da força pelo uso das regras da lógica, da argumentação em forma pura.

eu, claro, sempre que vejo este tipo de raciocínio fico pensando naqueles economistas anti-equilibristas e que dizem que o problema da economia política moderna é que ela supõe que os agentes agem racionalmente. vivo dizendo que ontem as compras igualaram as vendas. e que, como sabemos uqe amanhã também isto vai acontecer, ficamos modelando o ponto que se alcança ex post, construindo equações de comportamento dos agentes. pode ser que os agentes não fiquem sabisfeitos com o que comprarão ou venderão amanhã, mas temos algo sólido em que nos basear para entender-lhes as ações. segundo: pode ser que aqui e ali haja gente (fora o trio das crianças, criminosos e loucos) que não age racionalmente o tempo inteiro. mas, considerando que a modelagem é tão potente que captura até segredos da ação animal, não surpreende que a racionalidade seja um postulado interessante também para descrever ações humanas.
DdAB
p.s.: imagem - http://prof-hugofonseca.blogspot.com. isto me lembra também coisas do Rorty e outras minhas. em minha opinião, no futuro todos faremos o que fazem hoje os ricos. vamos gastar nosso tempo fazendo ou consumindo arte e praticando ou observando esportes.

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