13 setembro, 2010

Manifesto Pré-Eleitoral: abaixo as eleições!

senhoras e senhores:
as eleições são uma grande palhaçada. ou máquina de induzir sono. o debate eleitoral de ontem (que não vi, pois esqueci...) foi (juro!) um espetáculo digno dos mais elementares grêmios estudantis. vi no jornal de hoje que Dilma indagou a Plínio algo sobre plataformas petrolíferas e ele disse que esta não era uma questão relevante. pensei que a resposta é de alguém despreparado para levar a sério o debate eleitoral, mas preparado para ridicularizar os antagonistas e, como tal, desqualificar o debate eleitoral. os desaforos epitomados pelos demais não ajudam a descartar esta hipótese.

minha lista mais abrangente de um verdadeiro programa de reformas no Brasil (e no resto do indigitado planeta) não será apresentada hoje, nem penso tê-la reunido integralmente em algum lugar, mas sigo tentando preenchê-la. como tal, farei longas considerações sobre o contexto.

que esperar da oposição ao Governo Lula? não temos oposição séria no Brasil. nem situação, by the way. dói-me dizer estas duas coisas, claro. eu gostaria de ver um governo instituído e outro governo paralelo, com fiscalização parlamentar e discussão de propostas complementares ou alternativas. o que temos é circo no Congresso Nacional, palhaçadas, mais do que equilíbrio estratégico... não temos, em resumo, políticos sérios, honestos, compenetrados. todos participam de um programa de circo, um programa de auditório, em que o importante é vencer o debate, a eleição, a concorrência, a licitação, e não vencer a treva, buscar aproximar-se da verdade, da justiça. vemos, é verdade, aqui e ali lampejos de seriedade, mas nunca vimos uma ação consentânea prolongada ou ampla.

:: prolongada: nenhuma iniciativa durou mais de 15-20 anos e, por isto, comecei a falar em quinto mandato de Fernando Henrique. na verdade, seria o mandato 250, desde Cabral, todos praticantes de vícios assemelhados.

:: ampla: nenhuma iniciativa foi infensa à ação de predadores - em qualquer governo sempre houve focos de corrupção, sem a busca sistêmica de soluções. o poder judiciário é uma fraude que chegou a inspirar-me a sugerir sua eliminação, anexação ao ministério do interior, verbas controladas na mesma lei do orçamento que controla todo gasto e receita públicos.

como podemos falar em visão de futuro se o debate que deveria levar a ela é truncado, nunca durou mais do que o período dos episódios eleitorais? fala-se em criar assembleias constituintes como se estas fossem necessárias para gerar o orçamento, a destinação das verbas e benesses públicas. achar que Serra com seus partidos de apoio (PSDB e ex-PFL) pode fazer algo melhor do que Dilma e seu partido (e vice-versa) é desconhecer que a chapa branca é mesmo Serra-Dilma, farinhas do mesmo saco, de mesma extração de esquerda. são farinhas explosivas levadas ao "realismo da política", com abandono dos ideais juvenis, isto é, mais carregados de ilusões benévolas. é desconhecer que Serra-Dilma apresentam a mesma proposta de transformação da miséria institucional e efetiva que abate a sociedade brasileira. eles diferem apenas sobre a origem dos fornecedores da próxima plataforma petrolífera ou no próximo presidente da Caixa Econômica, essas missangas.

a questão é "onde eles deveriam começar?". o caos instalou-se, o dualismo dos aviões que andam e os aeroportos que não funcionam, da Copa do Mundo e da bala perdida, das remunerações milionárias aos governantes e do assalto à agência lotérica por uns trocadinhos. tá na cara que a solução requer um bundle inteiro de reformas. quem são "eles"? precisamos definir este "eles", pois tá na cara que os políticos não farão nenhuma reforma séria, por incompetência, conveniência, negligência e sabotagem! o povo tampouco, pois padece de aguçada falsa consciência.

às vezes, eu sonho que o crescimento econômico ("dinheiro não fede"...) tudo poderia salvar. mas não sou o único a sonhar com a quimera produtiva, ainda que discorde em essência dos arrojos da chapa Serra-Dilma e dos desejos de "políticas industriais". isto ocorre quando a saída não reside no incentivo à produção induzida pelo governo (financiamento etc.) mas no gasto social (sob a bandeira da educação), na reciclagem da população brasileira, no estoque de pessoas despossuídas e degradadas pela violência doméstica, das ruas e das escolas, dos presídios e do crime gratuito ou crime induzido pela penúria ou vício buscando recompensas pecuniárias insignificantes.

outras vezes, sonho em refrear estes sonhos, calcados no exagerado otimismo. se milagre espero, escolhendo entre milhares de lampejos, "elegeria" a renda básica universal. mas não me contentaria com isto. quereria a criação do Clube dos Desvalidos e sua campanha para a criação da Brigada Ambiental Mundial, trabalho decente sob a chancela comunitária (e financiamento direto a partir do tesouro nacional).

obviamente, não sou contrário à ideia de se tirar, abaixo de pau, pau e pau, os atuais governantes (mas pensando bem Serra não é tão governante quanto os demais candidatos?). ainda assim, retirá-los do poder requer que eles sejam substituídos. e aí recomeçam os problemas que -aparentemente- os defensores de boa-fé do projeto de futuro trazido pela coalizão PSDB-DEM pode oferecer. não consigo ver diferenças. o nepotismo, a falta de adesão cidadã, o oportunismo e a busca de negócios escusos não sairão da pauta dos atuais políticos!

política no Brasil? quer resposta? leia minha postagem de ontem!
DdAB

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