06 julho, 2010

Pronomes, Borges, Pessoa, Moreno

querido blog:
sigo encafifado (acabo de conferir que esta palavra está no Aurelião, como eu intuía) com minha ficha que caiu sobre a língua portuguesa e a língua brasileira e minha mania de escrever como penso que me foi ensinado nos anos 1950s e 1960s. claro que depois andei estudando português aqui e ali, em particular, lembro que -em 1973- cheguei a pensar que o mundo iria salvar-se porque mudaram tudo, ou seja, aprendi a escrever "tôda" e passamos a grafar "toda". o mundo permaneceu absolutamente o mesmo, se não é exagero retórico de minha parte. de parte a parte. agora, já consigo escrever "idéia" sem acento: ideia, que seguirá rimando com a antiga Medéia.

no outro dia, postei sobre o tema. e ontem o Google Images deu-me aquela potentíssima imagem da Grande Depressão. por isto achei de bom-tom colocar Janeth Leigh no chuveiro, você entendeu... misturando imagens, cinema, livros e outra postagem em que falei de Borges e tango, Argentina e español, cheguei insofismavelmente à seguinte conclusão.

no livrinho da Editora Martin Claret, a páginas tantas, diz-se que Borges disse: "o fato de uma pessoa se levar excessivamente a sério...[recomenda-a mal]". eu quero falar neste "de uma" e baixar pau, pau e pau (evocar Moneiro Lobato e Carolina de Tal, como já postei) na Academia de Letras, nos iletrados, nos jornalistas e, no dizer de Stanislaw, dos cronistas mundanos. no outro dia, saudei um artigo de Cláudio Moreno, em que ele se insurgia -penso eu- contra a forma pseudo-erudita de gente que diria "o fato de o Pessoa se levar a sério", dizendo que deveriam dizer "o fato da pessoa do Pessoa se levar a sério".

acho que isto muda tudo. em meu caso, mudo para Érico Veríssimo. creio que, durante toda sua carreira (conferir nos Solos de Clarineta), ele usava a expressão "falei duma coisa", algo assim. para mim, no português contemporâneo, não se diz "duma", e sim "de uma", mas dizemos "numa" e não, ou apenas raramente, "em uma". são idiossincrasias ou do autor do blog ou da língua brasileira. e eu que trate de parar com estas mesóclises e ênclises, que são mal-vistas por sei lá quem. o fato é que ainda não atinei com as novas regras, de que, talvez, eu também seja testemunha e autor. por exemplo, não capturei a hora de dizer "lhe" e "o", como o filho de Érico, que referi no outro dia. mais exemplos, as ênclises facultativas. mas, se as ênclises podem ser facultativas no português brasileiro, há duas consequências:

.a. o português brasileiro existe
.b. as próclises e inicio de frase com pronome pessoal do caso reto também são facultativas ou até obrigatórias.

concluímos que torna-se obrigatório é eu acabar com esta postagem e tratar do resto da vida.
DdAB
captura da imagem: ou muito me engano ou esta garota assustadíssima é Janeth Leigh, no filme de Alfred Hitchcock. ver: http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/foto/0,,18742234-EX,00.jpg. selecionei-a ao pedir ao Google Images precisamente as expressões do título desta postagem, todas altamente relevantes para o conteúdo, como queríamos demostrar.

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