31 julho, 2010

Armários da Natureza

querido blog:
desde que aderi à campanha "Ateus, Saiam do Armário", fiquei pensando exatamente o que significa ser ateu, essas bobagenzinhas que tomaram a atenção dos filósofos desde as mais tenras eras, ou seja, definitivamente menos de 10.000 anos, mais ou menos por definição. Revolução Agrícola e história da humanidade andam de braços dados. e ontem mesmo reli pela primeira vez no livro "Camera Obscura", de Angelica Gorodischer, que a datação atômica dá oito bilhões de anos de idade para o universo e quatro para o sol.

como é isto de ler e reler ao mesmo tempo? é simples: eu já lera isto, e acrescento, para provar minha seriedade no tema, que também li que a vida nasceu na metade dos quatro bi terranos, ou seja, há dois bilhões de anos. se compararmos nossos 10.000 com esses 2.000.000.000, veremos que ainda há muito a ser conquistado, a fim de que -por exemplo- alcancemos a sabedoria de uma bactéria ou de uma pteridófita.

ainda assim, nossos antepassados orientais alcançaram tanto conhecimento, tanta revelação que até leva os desavisados a pensaram que "os deuses eram astronautas", essas coisas. a verdade é que não podemos negar que a paternidade da vida ou mesmo de algum atalho posterior seja alheia à visão evolucionária. a última das últimas de que tomei conhecimento foi-me passada por Richard Dawkins, no livro "História da Evolução", em que ele fala em "baby universes", universos sendo criados, evoluindo e obedecendo a determinados conjuntos de leis. estas, uma vez assentadas, levariam a consequências evolucionárias previsíveis.

ele mesmo, Dawkins, em outro livro, mostrou uma forma de se calcular a probabilidade da ocorrência de vida (como a conhecemos) em outro canto do universo e chegou a um números proximíssimo a zero. eu calculo em 99,99%, ou melhor, acho absolutamente certo que haverá vida obedecendo ao mesmo princípio que rege nossa própria vida: um átomo se agrega a outros átomos e estes criam uma molécula que é capaz de se autorreproduzir.

aí falei em um meio líquido pesado, como o mercúrio e especulei sobre o proveito que teria conversar sobre isto com um conhecedor de química, a fim de equacionar a possibilidade de que o meio (homólogo à água) permitisse a formação de alguma cadeia homóloga à formada pelo quarteto Carbono-Hidrogênio-Oxigênio-Nitrogênio e a ela fosse agregando outras miudezas até chegar, por exemplo, ao olho de um inseto. e ontem li que Calixto ou Júpiter ou Saturno, um troço destes, tem "estações do ano" e mar/mares de metano. o evolucionismo poderá fazer um teste popperiano: juro que, in due time, aparecerá um homólogo da vida por lá. se é que não apareceu e que teria sido ela mesma que nos jogou no mundo, bactérias e economistas.

e será que existe alguém na origem do Aleph, ou seja, do ponto que envolve todos os demais pontos? alguém criou este ponto? o ponto existe? ateus mais sofisticados aceitam que Deus é sinônomo de Natureza. ou seja, existirá um designativo para tudo o que existe, podendo ser também Universo, Universo Ampliado, Universo Ampliado OSLT, Universo Ampliado OSLT Algo Assim. parece inegável que existimos, parece inegável que Déscartes tinha razão: se temos razão é porque portamos algo para tê-la, que a tem. e apenas portamos algo porque, digamos, existimos. devemos conformar-nos com isto.

primeiro, ganhamos nossa vida de presente de nosso papai e nossa mamãe. depois, eles também ganharam as suas de presente, voltando nos tempos até os oito bilhões de anos atrás, quando a explicação científica cessa, se bem sei a fronteira da física. mas tenho conjeturado que as dimensões espaço-tempo-matéria-energia deslizam ao longo de outra, um Aleph Linear oslt que, esta sim, seria o grande canal...

Lavoisier teria a formulação bem conhecida dos frequentadores dos restaurantes universitários de meus tempos acadêmicos: na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. acho que é isto: nada foi criado, o conjunto original pode ser chamado de Deus, Natureza, Universo, o que queiramos. os hindus já sabiam, se não todos, pelo menos os mais sabidinhos. a natureza, deste modo, é um armário que guarda leis que geram universos, um armário portador de caixinhas que portam leis, que portam outros ingredientes que nem sabemos quais são, mas saberemos, que misturam-se e formam universos que nascem e morrem, como as bactérias, os mosquitos e os hipopótamos.
DdAB
p.s.: no site, eu disse que construíra um blog, a fim de "fazer postagens diárias ou quase". pois forcei a barra, desde não-sei-quando, para -em julho- fazer 31, ou seja, uma postagem por dia. consegui. não sei se tentarei em agosto. se não postar amanhã, babaus...
captura da imagem: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.bananacraft.com/blog/wp-content/uploads/2008/08/armario.jpg&imgrefurl=http://www.bananacraft.com/blog/casacraft/2008/08/21/organizando-o-craft-room-parte-ii/&usg=__ueLcevg4pAIhZakDbrdub4QGOOo=&h=584&w=673&sz=71&hl=pt-BR&start=0&tbnid=8SC41kPVLYEmoM:&tbnh=132&tbnw=183&prev=/images%3Fq%3Dnatureza%2Bdo%2Barm%25C3%25A1rio%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26biw%3D1024%26bih%3D415%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=rc&ei=sPxTTIPPNoP58Aa4pZj3Ag&page=1&ndsp=11&ved=1t:429,r:8,s:0&tx=92&ty=49. se nada encontrei com "armários da natureza", buscando "natureza do armário, veio esta linda foto...

3 comentários:

Sílvio e Ana disse...

Eu não acredito em Deus. É que Ele tem aquela mania de escrever por linhas tortas e a gente fica sem saber o que Ele quer dizer. Mas o melhor mesmo é não pensar muito nisso; apenas vestir a roupa, beber o chá e comer o arroz.
(Sílvio)

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

é Sílvio San:
vou postar algo no domingo (hoje) sobre as linhas direitas e as tortas.
DdAB

maria da Paz Brasil disse...

Hanran... "nada foi criado, o conjunto original pode ser chamado de Deus, Natureza, Universo, o que queiramos"... Concordo! e a vida segue com suas festas, suas lutas e seus enredos indecifráveis... e mais reticências...
MdPB