06 maio, 2010

Chapa Serra-Dilma: a versão do paulista

querido blog:
mal comecei a falar na Chapa Branca Serra-Dilma, vim a perceber que já estão comemorando um (hummm) ano. dizem que eles são pré-candidatos, outra bobajada do sistema político brasileiro, este vilão das mazelas societárias, como o crime, a corrupção e... a política...

pois a combativa Zero Hora tem muita coisa de boa no exemplar (R$ 2,00) de hoje. comecei lendo Luiz Fernando Veríssimo na p.2, e discordando. ele desgostou da manutenção da lei da anistia, de dias atrás. disse que perdoar os torturadores significa algo: "[Eros] Grau e os outros que votaram contra a revisão da [lei da] anistia votaram não pela cordialidade, mas pela sua deturpação. Votaram para deixar pra lá, e pela conivência." claro que discordo. acho que este troço de anular a lei da anistia tem duas sequelas de desviação:
.a. vamos pensar em desrevogar a lei do orçamento, ou seja, começar a cumpri-la, aprová-la e cumpri-la,
.b. vamos pensar no futuro, vamos pensar em que podemos fazer para que, daqui a 10, 20 e 50 anos, tenhamos um país decente, sem corrupção, sem meninos de rua e com mais democracia e liberdade. vamos esquecer a vingança e pensar estrategicamente.

na p. 4, vemos a ação da Chapa Serra-Dilma, no caso apenas o Dr. Serra:

.a. "Se vier a ser eleito, como eu espero, vou ser o presidente da produção. Onde [o sistema econômico] gera valor é na produção. Aprendi que a agricultura no Brasil é uma coisa poderosa, é a galinha dos ovos de ouro do desenvolvimento brasileiro." cara, quase voto nele! segundo, é contrário à tese da reprimarização, que tanto minhas intuições levam-me a odiar. primeiro, ele disse que o sistema gera valor é na produção, ou seja, VP = f(L). competente economista que é, Serra não se deixa levar pelas baboseiras de quem pensa que produção e produto são termos sinônimos. claramente, o valor da produção gera o valor adicionado, que tem três óticas de cálculo (nomeadamente, produto, renda e despesa) e que o produto se distribui entre os fatores (trabalhadores, capitalistas) e uma instituição (governo), que a renda se distribui entre as instituições (famílias e governo). e que, por fim, a despesa se distribui entre famílias, governo, empresas nacionais com investimentos e empresas estrangeiras, com exportações. e que o problema da Chapa Branca é a distribuição. ele não disse tudo isto, claro, mas -se me convidar para ser ministro- eu direi...

.b. "A corrupção não é um problema de leis. É um problema de comportamento. Você pode fazere o que quiser que, quem quiser se comportar mai, vai se comportar mal. O que tem que acabar no Brasil é a impunidade." primeiro: claro que há um problema com a lei do orçamento. se ela fosse decentemente eleborada e ferozmente cumprida, os espaços para a corrupção seriam reduzidos em 97,75% ou mais. acho que o Presidente não se flagrou que, se a impunidade é baixa, o comportamento criminoso também será baixo. o preço do crime encoraja ou desencoraja comportamentos criminosos se for baixou ou alto.

.c. falou mais coisas que não comentarei agora, mas reservo-me o direito de atalhá-lo a qualquer momento.

a folhas tantas, Zero Hora fala da demagogia da Câmara dos Deputados que, ao invés de pensar em cumprir a lei do orçamento, entrou em negociações completamente alheias a seus objetivos de hieararquizar escolhas sociais e tascou uma proposta de elevação das pensões (dos aposentados) em 7,77%, contra os 6% propostos pelo governo. como o governo calculou nem sei e mais me admiro é que os depus não jogaram 77,77%, ou sei lá. irresponsáveis assim, um dia, vi milhares.

DdAB
captura da imagem: http://comunicacaochapabranca.com.br/wp-content/uploads/2009/09/chapa_branca_1_ano.jpg.
razões da captura: já faz tempo que penso que existe identidade absouta entre os pontos de vista -ou melhor, os grupos de interesse- que patrocinam as candidaturas da Doutora Dilma e do Prof. Serra. tudo o que falei de Serra, claro, vale paraDilma, já que identidade não é igualdade...