30 abril, 2010

Primeiro Mundo (.a.) e Primeiro Mundo (.b.)

querido blog:
o festejado jornal Zero Hora deixou-me ler em seu caderno "Campo & Lavoura" a manchete: Primeiro Mundo é aqui". a insofismável prova da translação do país da barriga dágua para o norte da Europa foi a importação de "maquinários agrícolas de ponta", que "já chegam antes ao Brasil do que ao Exterior". como Zero Herra não me é lá tão levada a sério, primeiro parti para a galhofa: como pode chegar do exterior antes de estar no exteror? translação no mundo da realidade imaginária, ou seja, um setor transportes com distâncias mensuradas com números complexos, ou seja, tudo vezes o imaginário "i".

depois pensei que não é impossível que o Brasil seja líder na produtividade de alguns setores, se uso esta palavra para descrever mercadorias compostas como o grão de soja ou o quilo de carne de boi (de ambos os sexos...). não sei se temos liderança mundial em algum setor industrial, eis que a soja e o boi fatiado pertencem ao setor agro-industrial. nossos aviões (que a Embraer é majoritariamente estrangeira), nossa caninha Pitu (que a Pituitária é uma bebida embriagante), nossa... bem, que é mesmo que é nosso? nós, quem, tonto? parece que nosso, nosso mesmo, no sentido de que não é meu, mas brasileiro, são os capitalistas agro-industriais.

isto implica logicamente que não somos "primeiro mundo", ou seja, não somos do "mundo desenvolvido", pois o dualismo deles é reduzidíssimo. e, sob este ponto de vista, quanto maior a distância (cartesiana, né?) entre o setor de menor produtividade (lipoaspiração ou vacina contra barriga dágua) e o de maior (digamos que o suco de laranja, não busquei dados) seja de um quatrilhão de vezes maior do que a correspondente distância da Noruega. neste caso, devemos reconhecer que a Noruega não é do mesmo balde que o Brasil, ainda que nenhum deles partilhe do ambiente frequentado pelo Paraguay ou pelo Zaire.

basta? claro que não, pois falei apenas do "Primeiro Mundo .a." do título da postagem. a segunda parte tem a ver com a declaração do deputado Paulo (R$ 27.000) Bornhausen, do ex-PFL de Santa Catarina. envenenado pela inveja provocada pela inclusão do presidente Lula (pai de Fábio) da Silva entre os 25 líderes mundiais (talvez o primeiro), Paulão -diz ZH na p.8- disse "[...] ou a revista 'ficou louca ou ganhou um patrocínio de uma estatal brasileira'." (o trecho entre '...' é ipsis litteris, o resto é de ZH). seria talvez mais difícil proclamar uma revista como louca, pois os antropocentrismos estavam banidos, do que saber se a revista Time americana andou mesmo tendo a mão molhada pela Petrobrás, pela Caixa Federal, pela Casa Civil etc., há tantos suspeitos.
DdAB

tuíter:
esquerdinha: resta saber quem está mais à esquerda: myself ou a colunista de Zero Hora, Sra. Rosane de Oliveira. na "Página 10" da p. 10 de hoje, lemos: "Aliás. Com a decisão de ontem sobre a Lei da Anistia, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a tortura deve ser esquecida, como se não tivesse ocorrido nos porões da ditadura." E eu que, ontem mesmo, mostrei apoiar -nem tanto os R$ 27.000 de "salários" dos ministros- a declaração de imbecilidade que eles prolataram sobre a Ordem dos Advogados do Brasil: vamos parar de pensar em vingança, inclusive contra torturadores já mortos pela intempérie, e baixar a barriga do menino pobre e sua verminose. ademais, parece que, pelo que li, nenhum ministro sugeriu, menos ainda aprovou aquilo que a colunista esquerdista de Zero Herra chama de "porões da ditadura" e, abaixo, critica a preocupação (de sei-lá-quem) com a "tranquilidade nos quartéis". seja com for, acalento a idéia de que Rosane joga pela direita e gente de meu porte comporta-se como da portentosa esquerda do século XXI. contrastando com a New Left, vou lançar o Movimento Neo-Left.

fonte da imagem:
http://www.ufv.br/dea/poscolheita/boletins/Image134.gif.
cheguei a ela ao procurar no Google Images apenas as expressões ".a." e ".b.".

2 comentários:

maria da Paz Brasil disse...

Apoiado! Primeira na fileira do new left.

MdPB

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

ainda vamos dar um jeito nisto!
DdAB