29 outubro, 2009

Crianças, Velhos e Desempregados

Querido Blog:
Crianças, criminosos e loucos é um trio de que volta e meio falo. E, quando falo na Brigada Ambiental Mundial, penso na articulação estado-comunidade para montar uma rede de apoio à vida comunitária, na forma de empregos para cuidar de criança, cuidar de velho, supervisionar a segurança das ruas, contribuir para a conservação das praças e jardins. Ou seja, a monstruosidade do desemprego recebe uma resposta à altura: todos seremos empregados, todos nasceremos credenciados ao recebimento da renda básica universal, todos nasceremos associados à Brigada Ambiental Mundial.

O modelo de gerações superpostas da macroeconomia de Auerbach & Kotlikoff é interessante, pois permite-nos ver um mundo estilizado com propriedades de transferências inter-gerações de renda que podem oferecer perspectivas de crescimento a longo prazo. Por razões compreensíveis, eles não se dedicam exaustivamente às questões distributivas, o que também poderia ser feito com maior formalismo a partir de seu modelo. Claro que o custo seria maior complexidade na compreensão das intuições básicas.

Quando pensamos na vida econômica centrada exclusivamente nos indivíduos, não há lugar para crianças ou velhos, pois -como não estão atrelados ao mercado de trabalho- não lhes destinamos papel nos modelos. A&K têm solução engenhosa para isto: minha filha é o equivalente orçamentáro a meio cachorro, algo assim, um semovente, um bem de consumo que me oferece satisfação da mesma forma que uma barrinha de chocolate.

Quando colocamos a matriz de contabilidade social no centro de nossas atenções, passamos a classificar as organizações econômicas em três instâncias: produtores, fatores e instituições. Na verdade, "fatores" é uma forma abreviada de dizermos "locatários dos fatores de produção". O mecanismo de seleção, no aconchego do lar, de quais são os indivíduos que vestirão as habilidades reconhecidas pelo mercado de trabalho e para ele dirigir-se-ão já está banalizado na teoria econômica de nível intermediário. O importante é entendermos que há um mecanismo de transferência do valor adicionado entre produtores, que contratam serviços dos fatores que remetem os rendimentos a seus proprietários (locadores).

Ocorre que, dentro das famílias, a alocação do tempo entre renda e lazer é um processo decisório como todos os demais: a negadinha fica de olho no custo de oportunidade das habilidades que cada indivíduo específico (integrante da população economicamente ativa) pode levar ao mercado de (serviços dos) fatores. Mas haverá famílias incapazes de conseguir colocação de seu recurso no mercado, o que a fará viver dire straights, ou seja, viver o terror de não ter o que levar da mão à boca. Para elas, a renda básica universal é um luxo institucional que:
.a. a humanidade já pode pagar
.b. ao fazê-lo, a humanidade estará melhorando o nível de vida de todos, pois haverá perspectivas de maior crescimento do valor adicionado.
Depois explico por quê.
DdAB

2 comentários:

maria da Paz Brasil disse...

Oi Duilio:
É isso aí. Vou aguardar.
MdPB

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Tampouco vira este comentário da da Pax!
DdAB