27 setembro, 2009

Todo Monstro Tem seu Lado Político

Querido Blog:
Nem todo monstro é tão feio quanto os que predam a política brasileira na atual quadratura dos nove (ou 11?) planetas. No caso dos monstros acima, a agência de propaganda que cuida de sua imagem fê-los (parece que este "fê-los" agora veio de minhas recentes leituras de Érico Veríssimo que -em 1935- não era arcaico). A divulgação dos políticos sul-riograndenses contemporâneos é que não lhes livra as fuças tão desfaçatadamente, como podemos constatar a partir de trechos isolados que retirei as p.13 e 16 de Zero Hora do domingo cinzento:

.a. na p.13: "Apesar de lacunas, a Assembléia Legislativa gaúcha ainda é uma das mais transparentes do país". Lembrei-me de imediato do velho escândalo dos selos, com farta dose de dinheiro roubado. E agora, que dizem que os deputados ganham diárias para visitarem os municípios em que residem. E um deputado declarou: "Estou indignado." Só que não era com a fraude, mas com o fato de que o obrigam a viajar 300km para ouvir seus eleitores. A indignação, presumo, é com o sistema de voto-peneira. Defenderá ele o voto distrital?

.b. na p.16, vem o senador Paulo Paim, que teria fugido da escola e gazeteado as principais aulas do curso de teoria da escolha pública ministrado pela Editora GangeS. Como sabemos, ele pensa que
.b.1. aposentado ganha salário mínimo (e seus múltiplos e submúltiplos), ou seja, ele pensa que a matriz de contabilidade social é focinho de porco, ou seja, tomada elétrica
.b.2. salário mínimo é a medida invariável de valor tanto procurada pelos economistas clássicos. Neste caso, li-o: "A história mostra com clareza que a Previdência Social sempre foi alvo de desmonte por parte de governos, à custa dos direitos, das conqui9stas e do suor de todos os trabalhadores." Naturalmente, pensei num modelo dinâmico em que -tal qual Prometeu acorrentado- vai lá um abutre e extrai-lhe o fígado. Não fosse uma monstruosa maldição, o fígado não cresceria novamente e o abutre não mais o predaria. No caso do INPS, não sabemos como foi esse troço de desmonte, pois -aparentemente- também há desmontes sucessivos. Qual o mecanismo mostruoso que o faz renascer?
DdAB

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