06 setembro, 2009

Perón, Perón! Borges, Pessoa etc..

Querido Blog:
Hoje é domingo, pede cachimbo. Li, parece, na crônica-ensaio "Sobre cachimbos, rosas, amar etc..", de Mário da Silva Brito. Parece que parece. Ou parece que parece que parece que parece que parece. Não sei: parece. Da mesma forma, parece-me ver nesta foto captada no Sr. Google Images as figuras de Borges, Pessoa e Perón. Juan Domingo. Ou mamãe, papai e eu, numa de nossas futuras reencarnações. Chi lo sa'? Reencarnação, reencarnacionistas? Perón? Borges? Fernando Pessoa, sem dúvida.

Se bem entendo os problemas do mundo, o grande problema do caudilho é o amigo do caudilho. Digo isto por analogia a um raciocínio que desenvolvia em sala de aula: tente fazer os demais pagarem seus impostos, pois -se apenas você sonegar- o país não vai notar. E nem criará um aparato repressivo norteado a coibir a sonegação. Mais analogias: se apenas Fábio ou Vavá roubassem, ou seja, se nosso caudilho fosse mais honesto do que frade de pedra (era isto?), ainda assim, valeria a pena. Mas tanto se usa o aparato de rent-seeking (inclusive os ganhos destrutivos de que fala William Baumol) que gasta-se dinheiro tentando substituir o frade feito em pedra sabão por outro moldado em ouro maciço. (Ou era um bezerro?) E partir para a raspagem. Falemos de Perón e da lei do orçamento.

Qual o problema com Perón? Os amigos. E com Borges e Pessoa? Não acho que está mal desgostarem do comunismo, ou de outros atentados à liberdade humana. O que me incomoda em Borges -acabo de ler a Autobiografia de que andei falando- é um belo traço sicofântico em suas declarações. Convencido em demasia de sua própria importância, o que não é de todo mau. Pois ele em outro local disse desconfiar de quem se leva excessivamente a sério. Mas a velhice exige boa memória para quem não quer ser visto em contradição. Uma delas, mais séria desponta na p. 62. Ele diz: "Em 1946, subiu ao poder um presidente cujo nome não quero lembrar." Mudando de idéia, tendo-nos confessado que viveu uma sinecura na administração pública meridional por 10 anos, na p.67, diz: "Quase todas as piadas picantes sobre Perón e sua mulher eram inventadas pelos próprios peronistas para salvar as aparências." Só faltou o nome de Isabelita, ou Evita... Esses frades de pedra...

Falemos do orçamento. O MAL* não pode deixar de apoiar Borges, Pessoa, e os demais inimigos de Perón, Médici e Stálin. Como tal, lançará, em sua próxima convenção internacional, um débil protesto contra a parte relevante da seguinte sentença:

Preocupado em desfazer uma ameaça de boicote na Câmara à votação de matérias de seu interesse imediato, o Planalto promete liberar nesta semana o equivalente a R$ 1 bilhão em emendas parlamentares. Ainda que esse seja um instrumento legítimo, por meio do qual os deputados alegam contemplar interesses específicos das comunidades nas quais são eleitos, é sempre preocupante o fato de se prestar como moeda de barganha. Esse é o tipo de problema que só ocorre porque falta à democracia brasileira uma base de partidos mais sólidos em que os políticos possam embasar suas decisões em programas claramente definidos.

Tá na p.12, no segundo editorial de hoje do concorrido jornal. Quer dizer, no dizer de Zero Hora, a administração por meio de emendas parlamentares é um instrumento legítimo? O combativo jornal ainda precisa explicar "emenda" a quê? Seria à lei do orçamento? E seriam, então -tento salvar o dinheirinho que gasto na assinatura do jornal-, os partidos menos sólidos os vilões institucionais que levam os indivíduos políticos à ladroagem? Haveria democracia sem partidos? E sem "lei do orçamento"?
DdAB
p.s.:
.1. o pressal: não haveria óbice em fazer propriedade privada (da sociedade brasileira as a whole) distribuindo-lhe os ganhos na forma de "renda básica da cidadania", ou seja, ninguém seria declarado amigo.
.2. disque a governadora Yeda volta a pensar em reeleição. digo que tem as mesmas chances do que teve quando sua candidatura a paraninfa da turma de formandos em economia de 1972 foi lançada pelos amigos.
.3. "Saideira". esta é a nota de hoje de Lurdete Ertel na p.3 de Zero Herra. diz ela: "Um dos mais famosos restaurantes de culinária italiana de Porto Alegre, instalado em um shopping, está fechando seus menus. O tradicional ponto gastronômico já ocupou diferentes endereços na Capital." ok, falta saber qual -diabos- é o restaurante. jornalista não tem função de informar? não que isto me interesse, valendo-me apenas de ilustração para as razões que me afastaram da leitura de sua coluna sobre economia. agora, no "Informe Especial", ela volta -volta-e-meia- a atacar com suas trivialidades embaladas nos mais rasteiros lugares comuns: menus fechados? portas fechadas? operar no vermelho? esticar a perninha? chi lo sa'? só bebendo um bardolinozinho, que é domingo...

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