01 setembro, 2009

40% + 0,55 = Petrobrás + Petrossal

Querido Blog:
Um padrão que se repete infinitamente. No caso, poderíamos dizer que a ilustração de hoje mostra este padrão reduzindo-se, o que o levará a tornar-se infinitamente pequeno dentro de poucos milhões de anos.

Padrões que se repetem infinitamente formam o que os economistas chamam de "estrutura", pois esta nada mais é do que a relação que as partes de determinado todo mantêm entre si. Na linguagem de Maria da Conceição Tavares, temos um perfil de distribuição da renda que determina um padrão de consumo que determina uma estrutura produtiva. Ok, a estrutura produção-renda-consumo (prima irmã da tríade produto-renda-despesa, as três óticas de cálculo do valor adicionado) também gera uma estrutura, assim, infinitamente...

Listei a visão tavaresiana em uma ordem que me convém, pois se o padrão se repete e não sabemos que dia ele começou, podemos seccioná-lo em qualquer de seus pontos da trajetória circular (espiral-helicoidal?). Neste caso, que quer dizer 40% que inicia o título da postagem de hoje?

Estou mexendo nos dados das contas nacionais e matriz de insumo-produto de 2005 (publicadas em 2008) pelo IBGE. Um modelo de rigor conceitual, conforme vemos: "[...] toda uma série de trabalhos e decisões que se iniciam na definição dos conceitos adotados [...]." Esta é boa; "definição dos conceitos". O hermetismo não para nesta tirada, mas isto é outro assunto. Na página 40 do volume "Contas Nacionais V.25", vemos:
860.866/2.147.239 = 40,1%,
ou melhor, se virmos que
1.842.253+304.986=2.147.239,
é o produto interno bruto a preços do consumidor (não lá 100% explicado pelo conceito das definições adotado), então veremos os 40,1%, ou seja, a participação dos trabalhadores na renda do Brasil em 2005.

Que tipo de estrutura produtiva pode gerar um valor adicionado (produto) distribuído funcionalmente de modo tão desfavorável à classe trabalhadora? Só pode ser aquela induzida pela estrutura da demanda. E quem diabos determina esta estrutura de demanda tão perversa aos interesses da classe trabalhadora? Só pode ser a distribuição institucional da renda. No caso, entre o governo e o setor privado. No caso do setor privado, entre as famílias que têm fatores de produção alocados a preços convidativos e aquelas que não os têm. Esta conjunção de fatores, acoplada a uma tabela de imposto de renda mais parecida com a da Bolívia e menos com a da Noruega ajudam a fixar nosso índice de Gini que mede a desigualdade econômica no Brasil em 0,55, ou melhor, mais de 0,55 hoje em dia! Era 0,49 em 1960, quando a Petrobrás tinha apenas cinco ou seis anos de idade. Foi ela? Foram os militares? Teremos, claro um trem da alegria de altos salários na concorrência ferrenha que se implantará entre os engenheiros da Petrobrás e os da Petrossal. Isto ajudou os juízes hoje a conseguirem um teto salarial de R$ 27.000, ou seja, cada juiz federal ganhará o equivalente aos ganhos de 54 trabalhadores nivelados pelo salário mínimo. Tá bom, não é mesmo?

No caso dos mais iguais, encontram-se engenheiros da Petrobrás, políticos, juízes, professores das universidades federais, gerentes de banco etc.. No segundo dos despossuídos, encontram-se os meninos de rua de que tenho falado insistentemente em postagens anteriores, a mãe e a filha das empregadas domésticas que -todas as manhãs- descem o Morro do Osso, trocando -comoventemente- movimentos com os professores, gerentes etc.., que abandonam o Morro da Carvoeira no rumo a seus afazeres mais bem remunerados. Epa, Morro do Osso, epa, Carvoeira? Só pode ser Floripa! Agora, que doi, lá isso doi. (Epa, agora é doi ou ainda dói mesmo?).

Claro que o Pré-Sal vai contribuir para melhorar a vida dos meninos de rua das cercanias do Supermercado Zaffari Ipiranga de Porto Alegre, das empregadinhas do Morro Osso etc.. Precisamente na mesma medida em que a Petrobrás o fez, nestes quase 60 anos de existência. Ouvi dizer que os ascensoristas do prédio sede na Av. Rio Branco (não em Floripa, mas no Rio de Janeiro) ganham mais do que os professores titulares doutores da UFRJ, exceto o ex-reitor que aposentou-se como professor e fez novo concurso ocupando a própria vaga. Pode? Só se pode combater o mal com o MAL*. Ou seja, vamos anistiar os ladrões, para conseguirmos, por processo de sucessivas tentativas e erros, chegar -in due time- a um ambiente mais favorável às práticas do vício da honestidade:
.a. lei do orçamento universal
.b. imposto de renda progressivo, imposto sobre o patrimônio e imposto sobre a transmissão de bens.
DdAB

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