25 agosto, 2009

A Ulbra e a Renda Básica Universal

Querido Blog:
Sempre achei que a verdade é um canino despido. Ao ver esta imagem you know where, considerei oportuno utilizá-la para ilustrar minha postagem de hoje. Tratarei de dois temas: rent seeking e renda básica, não tendo-me dado conta antes que poderíamos considerar o alinhamento destas duas expressões como brincadeira.

A motivação veio da leitura que ainda não concluí do jornal Zero Hora de hoje, começando na primeira página, em que lemos "Mãos trocadas: Ulbra deu a políticos bolsas de carentes". Lá abaixo, citarei os nomes dos políticos, se é que ZH os cita em sua p.38. Leiamos. A base teórica, por assim dizer, veio-me da leitura do artigo de meu ídolo William Baumol, intitulado -claro que não poderia ser o William, né?- algo como "Entrepreneurship: productive, unproductive and destructive". O lado productive é quando um neguinho como o Sr. Antonio Ermírio de Moraes usa sua engenhosidade para consolidar um império econômico. O lado destructive ocorre quando um neguinho como o Sr. Fernando Sea-shore (beiramar) Jr. comanda uma cadeia de comercialização de drogas aditivas a partir de repartições públicas estaduais e federais (nomeadamente os presídios que frequenta). O lado unproductive ocorre quando um neguinho como o Sr. Eliseu Padilha, deputado do PMDB do RGS, encomenda a um de seus eleitores, ou o que valha, uma bolsa de estudos reservada pela lei a um indivíduo carente de recursos.

Está montado o cenário: ladroagem. Quero dizer que a transição entre o improdutivo e o destrutivo ocorre por meio de uma linha tênue, fácil de ser ultrapassada. Fácil e muitas vezes inevitável. A ladroagem, deste modo, pode associar a atividade cultural do Sr. Rubem Becker (reitor cassado da Ulbra), a atividade política do Sr. Eliseu Padilha e a ladroagem. Becker, hoje restam poucas dúvidas, ainda que o julgamente talvez nunca venha a ocorrer, é um rematado ladrão, ergo político. O Sr. Eliseu Padilha, com sua imunidade parlamentar, tem visto seu nome envolvido em tantas maçarocas que a linha tênue entre empreendedorismo produtivo (sua bem sucedida carreira como corretor de imóveis e produtor de naves espaciais, algo mirabolante) e destrutivo (meter a mão no dinheiro das merendas das crianças de Sapucaia do Sul, município que bem poderia ser extinto) nunca se mostrou tão sinuosa.

Sigamos. Era: um - Ulbra. Agora: dois, na página 3, lemos:

Bochincho - A Eletrosul Centrais Elétricas SA confirmou sua participação no Acampamento Farroupilha 2009. É a primeira vez que a estatal dividirá espaço com piquetes e CTGs do Estado.

Fiquei pensando: é estatal mesmo? Se é estatal, o que tem ela a ver com fangangos, bochinchos, revoluções de farrapos, piquetes, todas essas coisas completamente alheias à atividade de gerar e distribuir energia elétrica? Acho que tem a ver com os 27% ou algo assim do imposto sobre a circulação de mercadorias que recolhe às burras estatais. Como a Petrobrás, que também afana parte significativa do excedente do consumidor e, ao invés de baixar o preço, para reduzir o lucro extraordinário, mete meu (?) dinheirinho nas burras estatais. Por que mesmo a Eletrosul é estatal? Porque os economistas formadores de opinião nos partidos brasileiros são formados na tradição pré-teoria da escolha pública. Eles terão lido Marx -se é que o fizeram- que nunca foi aluno de James Buchanan. Marx foi aluno de tudo o que foi bom (e mau) economista que o precedeu temporalmente. É óbvio que ele -Marx-, que percebeu originalmente tanta coisa do funcionamento econômico da sociedade do século XIX, certamente saberia Excel, econometria, teria lido Walras, teria lido András Bródy, teria lido Milton Friedman e tudo o mais. E não diria as sandices que hoje ainda são ditas em seu nome. Epa, eu já ia escrevendo "seu santo nome", mas contive-me. É que acabei de ler o capítulo 3 do volume 1 - A Moeda e não pude conter espantoso sentimento de júbilo ao ver que ele concorda comigo que, quando V = P = 1, então M = Y, ou seja, o valor adicionado é o estoque de moeda!

Ok, sigamos. Na página 6, houve 12 chefes do Fisco a deixarem os cargos, pois:

Somos servidores públicos de Estado e pautamos nossa vida funcional pelos princípios da ética, da impessoalidade e da moralidade.

Ou melhor, não é bem isto, pois será impessoalidade algo que um grupo de 12 funcionários públicos toma de forma coordenada? E servidor público não tem que trabalhar? Não parece uma retaliação dos 12 apaniguados (em virtude dos altos 'salários') para o tratamento recebido pela Sra. Lina Vieira? Diz ela que a Sra. Dilma Rousseff mentiu. Diz a Dilma que a desmentiu. Dizem os 'servidores públicos' que amam a moralidade. Na oposição à administração pública? Não era Marx o neguinho que queria substituir o governo dos homens pela administração das coisas? Lá isto é conversa para "empresários produtivos"? Essa macacada toda, inclusive os 12, são mesmo é ou improdutivos (rent seekers) ou destrutivos.

Parou por aí? Não, claro que não. Na p.10, vemos:

Gre-Nal: Como o ex-goleiro do Grêmio Danrlei deve concorrer a deputado estadual pelo PTB, o PMDB quer atrair o também goleiro Clemer.

Eu não acharia nada demais se isto ocorresse depois -nunca antes- de eles dois -os dois goleiros e os dirigentes partidários- terem-se destacado em um curso de teoria da escolha pública. Serão os destacados arqueiros apenas rent seekers ou já estão no clube dos destrutivos?

Mantenhamos o sangue frio e nada falemos sobre 'só bebendo', como andei concluindo milhares de vezes nestes quase cinco anos de postagens em diversos blogs. É, por pouco tempo, pois na p.14, vemos que o Sr. Tião Viana, senador pelo PT do Acre, ocultou da Justiça Eleitoral um terrreno que comprou por R$ 30 mil e já vale R$ 600 mil. Por que declararia, diria o causídico (em causa própria...), se o troço está em nome de minha mulher, casada com comunhão de bens comigo mesmo, mas que pode ter declaração de renda e bens separada da minha? Só bebendo!

Para abreviar, chego na p.38. Zero Hora mostra os seguintes nomes, at least: Sérgio Zambiasi, senador da república e Pedro Simon, idem, Chico Fraga (indiciado), Jairo Jorge, prefeito de Canoas, e os deputados Eliseu Padilha, Onix Lorenzoni, Vieira da Cunha e Alceu Moreira. Vejamos o que diz um, cuja declaração selecionei ao acaso. Mas não é acaso classificar de rent seeking a diversas iniciativas que já vi adotadas pelo Deputado Vieira da Cunha:

Não ligo o nome à pessoa [que ganhou os favores da Ulbra], mas é possível que eu tenha feito solicitação. Se a pessoa não pode pagar os estudos, nós fazemos encaminhamentos para obtenção de descontos. Agora, talvez, nem as conheça pessoalmente. Teria que verificar se o contato foi feito comigo ou com minha assessoria. Mas não são parentes, nem pessoas próximas.

Precisa dizer algo mais? O ilustre deputado encarregando-se de decidir quem deve ter acesso às bolsas de estudos dadas pela modelar instituição Ulbra com os recursos que a lei a obriga a usar como 'filantropia'. Só bebendo! Este tipo de tráfico de influência é uma das mais criativas justificativas para a instituição da renda básica universal. Com este instituto de redistribuição, esta enorme indústria (ineficientésima) de favores acaba instantaneamente. E Vieira da Cunha deverá exercer sua caridade cristã com base em fundos arrecadados sob outras rubricas.
DdAB

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