03 agosto, 2009

Estátuas, equestres e soldados

Querido Diário:Ou muito me engano ou este riding horse viaja pelo Hyde Park. No Brasil, o roubo de placas, estátuas, bebedouros, telefones, balanços e outras amenidades das praças públicas é mais um constrangimento às liberdades públicas, testemunhado com exagerada frequencia pela atual geração. Nem sempre foi assim, e o futuro pode ser construído de maneira mais ou menos benévola à erradicação desta mazela. O último quarto de século testemunhou uma tragédia social, um problema de coordenação caracterizado pelo gradeamento dos lares e repartições públicas.

Os fundadores da teoria da escolha pública apontam um amargo paradoxo aos defenderem a isenção de impostos sobre o comércio exterior. No caso, ao falarem do imposto como roubo, também refletiram sobre o roubo em geral e constataram que este nada mais é do que mudança de propriedade de ativos. Ora, se a sociedade deseja organizar-se, ela vai criar maneiras mais justas (no sentido de Rawls) de proceder a redistribuições. Ou seja, nem todos são iguais perante o roubo, mas todos podem ser igualados perante a tributação.

O lado alegre da sociedade igualitária é que, por exemplo, ao antepor-se ao exemplo do Hyde Park, fechado à noite, ela pode garantir a circulação pelas praças precisamente aumentando o emprego de guardas e soldados encarregados da segurança. Com isto, eles -soldados- não têm nenhum incentivo para ingressarem no mundo criminoso. Ao contrário, eles contribuirão para reprimir o crime. Mas não é só isto: soldado tem dor de dente, o que requer emprego de dentistas. Soldado precisa de roupa lavada, o que requer emprego de lavadeiras, e assim por diante. Lavadeiras gostam de teatro, o que requer a oferta de espetáculos teatrais, o que permite a um dos atores pagar o curso de odontologia para sua filha caçula, e por aí vai.
DdAB

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