28 junho, 2009

Carta Mineira und Zero Herra, naturalmente

Querido Diário:Errare humanum est, teria dito a avó do badanha. Eu mesmo queria uma ilustração do Google-Images sobre "carta mineira", essas coisas. Mas errei, induzido a achar a estonteante imagem acima com "distribuição da renda mundial" e "dados". Seja como for, a questão que me prendia não deixa de ter a ver com a que me prende: distribuição da renda e imbecilidades ditas à propos.

Número dois: Zero Herra inaugurou um concorrido parque gráfico, em que esteve presente o Presidente Lula da Silva e séquito. Vi uma foto, muito do charmosinha, da Deputada Manuela, de braços enlaçados sobre o abdômen, ela que pensou que poderia ser um fenômeno unversal, quando agrada mesmo é a uma turminha bem localizada de amigos. Estará no partido errado? Terá o voto compulsório um efeito perverso sobre uma liderança ascendente? Errou ela ao ser candidata a prefeita nas últimas eleições que recolocaram no poder o Sr. Fogaça, responsável direto por esta foto que acima estampo?

Era o número dois? Era: na Herra, lemos:: "Acostumado a lidar com os subterrâneos da política, Calheiros mantêm de prontidão uma guarda pretoriana para proteger Sarney." Como sabemos, "lula" virou sobrenome, incorporado por toda a família de milhares de gerações. Ao ver na p.9 o "e-chapéu" do "mantêm" e o nome de Ivan Celso Furtado Sarney, e o de João Fernando Michels Gonçalves Sarney, o de Adriano Cordeiro Sarney, Emane Sarney, e milhares de outros sarneys, pensei que seria o caso de mandar mudar meu próprio nome para, piada velhinha originária de Mauro Oliveira, Duílio de Ávila Bérni Petrobrás, impedindo hiátonos e oxitando-proparoxitando o que deve ser oxitonizado e proparoxintronizado. E esse troço do "e" não tendencioso? Pois, na condição de psicanalista gráfico do jornal Zero Hora, que tem sonhos inconscientes de ser apenas a singela Zero Herra, que insiste em ser, anyway, pensei: o Santos ganhou ou os santos ganharam? o calheiro é um pedregulho ou os calheiros são agatunados? Agora, é calheiros de calhau ou calheiro de caieiro? Será que o novo parque gráfico, no afã de aumentar o lazer da sociedade (reduzindo o emprego com carteira?), usa um programa de corrreção de texto baseado em um dos programas mais baratos de inteligência artificial que pensou que, "como 'calheiros' é plural, o 'mantém' também terá de ser plural, pois já nem mais sabemos se 'mantém' também mantem o acento." Arrevesados, esses inteligentes...

Número um: Mino Carta, um mineirinho acartonado, escreveu há dias na p. 19, Carta Capital de 24/jun/2009, "A queda do Muro de Wall Street teria de demolir outra crença (outra ideologia, sejamos claros) na irremediável supremacia do mercado. Mais ainda, do dinheiro sem lastro. Em ouro, ou em produção e serviços. [...] O sociólogo francês Marc Lazara apresenta sua teoria: 'Esta crise é diferente das outras. Existe o medo do desemprego e da desigualdade mas, ao mesmo tempo, a maioria ainda acredita na economia de mercado, além de ter permanecido substancialmente individualista. Acredita poder agir por conta própria, porque a ação coletiva não dá dividendos, não é atraente.'" (sic onde couber...). Este número um tem milhares de desdobramentos, inclusive perpassando o número dois acima. Vejamos alguns desdobramentos.

Número três: Leio Zero Hora e Carta Capital diligentemente como um breve destinado a impedir-me de odiar a humanidade, posição emocional a que me impelem as necessidades de:
-estudar
-fazer ginástica
-fazer regime alimentar.
Como odiar? Eles às vezes acertam. Em geral, informam e às vezes dizem absurdos. Mas ajudam-me a pensar. Claro que não é sério falar que "Calheiros mantêm", quando trata-se apenas de um agatunado e não dois ou mais ("os Calheiros mantêm uma fazenda eivada de escravos", escreveria o Advogado Inocêncio de Oliveira, também membro do parlamento). Também são poucos os parentes que acham que o que quer que seja poderia ajudar-me a pensar, seja como for, o que me saem aos dedos são letras, representando palavras que poderiam associar-se a pensamentos. Fonéticos e fonêmicos, essas coisas... Isto implica logicamente que eu poderia ter escolhido, por exemplo, o Jornal do Comércio e a revista Época como interlocutores. A Carta Capital me está saindo tão abaixo da crítica que realmente penso em fazê-lo, a mudança. Zero Hora é a melhor do pedaço. No Brasil, vim a entender que não há conceito equivalente para revistas. Para jornais, entendo que o melhor seria mesmo o Estado de São Paulo, talvez a Folha de São Paulo.

Número quatro: Pois Mino Carta, nosso mineirinho da ocasião, seria saudosista do câmbio lastreado em ouro? Segue Carta: "Mais ainda, do dinheiro sem lastro. Em ouro, ou em produção e serviços." Queria ele dinheiro com lastro? Teria Carta fugido à primeira aula do curso elementar de Introdução à Economia? Saberia ele o que quer dizer "moeda fiduciária"? Jornalista precisa de diploma de curso superior? Claro que não! Qualquer um pode dizer as besteiras que bem entende, se alguém se dispuser a publicá-las, como faz meu amado Sr. www.blogger.com. E esse troço de "produção e serviços"? Sabê-lo-á lá ele que o jargão econômico fala em "bens e serviços" e "mercadorias" e "valor da produção" e "produto" e "agricultura" e "indústria" e "serviços". Que querê-lo-á estalá-lo dizendo-lhe Mino?

Número cinco: E que tal esta de: "[...] irremediável supremacia do mercado [...]"? Irremediável? Mesmo em 100 trilhões de anos, quando Universo houver acabado há incontáveis bilhões? Digamos que seja apenas retórica. Então é remediável, mas aí precisamos pensar: "supremacia" para quê?, por quê?, como, onde, etc.? Será que Samuel Bowles escreveu mesmo em "mercado, estado, comunidade"? Será que Duilio Petrobrás escreveu mesmo que a supremacia do mercado para reger a produção deve-se à eficiência do sistema de incentivos que usa para mandar a negadinha trabaiá? E será que produção é sinônimo de produto, essas coisas, que obviamente não são, mas que é ladainha dizer que sim? Em resumo, o governo não precisa dar dinheiro para a mão branca, a fim de alimentar a boca do portdor da mão negra, onde se vê -indisfarçável- uma manga de camiseta do Colorado? Por que não meter grana na mão da mãe do garotinho/a? Os R$ 80 pilas mensais a que se referiu oMr. Lula da Silva? E começarmos imediatamente a campanha para a elevação da renda básica da mãe dele (nunca a dele, até os 24 anos of age) para R$ 500? Como sabemos, R$ 500 mensais a todos os ativos exaurem apenas 40% da renda nacional! Isto não representará nem 10% de um PIB de R$ 5 trilhões, menos do que o dobro do atual. Ou seja, a renda básica já tomaria menos do que o antigo superávit fiscal governamental, incluindo os lucros incorporados às burras governamentais por meus parentes distribuidores de petróleo.

Número seis: Segue-nos Mino: "[...] O sociólogo francês Marc Lazar apresenta sua teoria: 'Esta crise é diferente das outras. Existe o medo do desemprego e da desigualdade mas, ao mesmo tempo, a maioria ainda acredita na economia de mercado, além de ter permanecido substancialmente individualista. Acredita poder agir por conta própria, porque a ação coletiva não dá dividendos, não é atraente.'" (sic onde couber...). Aprendi o conceito de "odontologia baseada em evidência", depois vi que ele veio da "medicina baseada em evidência". Dias atrás, lancei os fundamentos da filosofia baseada em evidência, ainda sem nenhum discípulo cadastrado. E a sociologia baseada em evidência? Que estaria dando suporte à teoria de Lazar? Primeiro: todas as crises são diferentes entre si, esta é minha teoria. Segundo: será que o que aconteceu aos mercados financeiros mundiais em setembro do ano findo foi mesmo uma "crise" ou apenas "signo de mudança", como alertou-me um astrólogo de confiança? Terceiro: parece inegável que a desigualdade mundial tem-se reduzido precisamente devido ao componente intra-grupos, ou seja, os pobres estão ficando mais ricos do que os ricos, ainda que mais desiguais entre eles próprios, cada um por si, que eu -desde que incorporei o sobrenome petrobrás- não me declaro pobre... Mr. (pronuncia-se mssiê) Lazar não parece ter visto a foto que adornou a postagem de hoje. Nem constata que é muito melhor ser migrante dos descendentes argelinos do que, digamos, o maranhense médio. E o lado alegre é que a maioria ainda acredita na eficácia da economia de mercado para gerar incentivos etc.. O que não deve ser levado a sério é a "economia socialista" de Berlim ou sabe-se lá daonde mais.

Estes seis números mantêm milhares de desdobramentos, que não terão continuidade...
DdAB
P.S.: a renda básica de R$ 500 nem precisaria começar a ser esgrimida para todos. Mas, no final das contas, se apenas 8 milhões são privilegiados no bolão dos 80 milhões, talvez nem precise preocupar-se com eles. Mete o dinheiro na mão do Calheiros, do Sarney, do Inocêncio, do Quércia, dos anões do orçamento, do Prisco Viana e de milhares de outros, os oito milhões de apaniguados. Nada que uma elevaçãozinha da alíquota do imposto de renda não resolva.

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