22 maio, 2009

Mico Leão da Bahia

Querido diário:
Entusiasmado com o que segue, escrevi o que segue, entendeu?
Oi, Carolina (Bahia, articulista on agriculture do jornal Zero Hora, da combalida cidade de Porto Alegre):
.1. uma das primeiras matérias interessantes que li no dia de hoje foi, cedinho, a p.3 de David Coimbra. não resisti e escrevi a ele, congratulando-me e sugerindo um abaixo-assinado requerendo que os políticos apenas possam fazer lei do orçamento e passar todo seu tempo fiscalizando o cumprimento da lei do ano passado durante o exercício corrente e discutindo os contornos da lei que disciplinará as finanças públicas no ano vindouro

.2. há pouco, lera teu artigo e decidira escrever-te: falar em governo paralelo, coalizões partidárias de grupos de cidadãos que criaram partidos e decidiram unir forças para governar a coisa pública. é grotesco vermos os desentendimentos entre ministros que fazem o que bem entendem, pois não há plano para a ação coordenada do governo, pois não há coalizões partidárias, pois não há -na verdade- partidos (in Brazil, of course)

.3. há instantes firmei a convicção de escrever-te, pois vi, com júbilo, que nos últimos 20 anos caiu para menos da metade a mortalidade infantil no Brasil: pensei que, se era um menino, menos da metade dá -digamos- uma morte a cada três anos, como os advanced capitalist countries. não era: baixara de 50 para 20. melhor do que estacionar ou baixar apenas para 45 etc.. mas lembremos que o rio grande do sul já alcançou a casa dos 10 mortos por 1000 nascidos vivos. e os tais advanceds têm mesmo menos de dois mortos por 1.000 partos bem sucedidos.

.4. não surpreende que, mesmo com muito mais de 50/1000, Zâmbia -ou Zaire, um troço destes- será a terceira maior potência (populacional) planetária no ano de 2050.

.5. consideremos agora as meninas do vôlei de praia que terão sido patrocinadas pela petrobrás ou o banco do brasil, ou a caixa (e se não foram, se era o itaú, o bradesco, o leite moça, não perco o ponto, pois essas empresas públicas do governo promovem não apenas a gasolina, o crédito, mas também o esporte, a arte, e tudo o que dê na telha dos dirigentes, que não há lei do orçamento séria): perderam o patrocinador, mas o despilfarro do dinheiro público seguirá altaneiro

.6. quero dizer: há modelos que, entre outros fenômenos a que se destinam, ajudam a explicar os diferenciais de taxas de mortalidade infantil no planeta que sugerem:
.a. cidadãos se reúnem em torno de partidos que defendem princípios
.b. a afinidade de princípios permite coalisões partidárias .c. as coalisões que capturam o eleitor mediano vencem as eleições
.d. o programa de governo é chancelado pela lei do orçamento
.e. e um princípio muito sensato para esta lei é o atendimento universal, quer dizer, antes de acabar com a barriga dágua, os nobres deputados não poderiam deslocar um mísero centavo para o atendimento a vítimas da aids, da doença coronariana, acossados por lábios leporinos, nada disto: uma coisa de cada vez: alcançados os objetivos sociais listados nos programas partidarios, chancelados pelas coalisões e pelo eleitor mediano, a sociedade organizada pode dar um passo adiante e expandir os níveis de atendimento às necessidades sociais.
.f. direto ao tema: o mico leão, coitado, é importante, mas nenhum centavo federal deveria ser gasto em seu benefício até que todos os 100% dos bebês nordestinos pudessem vencer seu primeiro aninho de vida galhardamente.

abraços
DdAB

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