23 março, 2009

Velhas antinomias, um paradoxo e estranhas declarações

Querido Blog:
não pesquisei muito ao buscar ilustração para "antinomia", a postagem de hoje. segue-se logicamente que a seguinte informação quase prescreve: no dia 7 de março de 2009, um sábado, como sempre, cláudio moreno escreveu sua crônica na qual constou meu nome...

sua coluna "O Prazer das Palavras" desse dia intitulou-se "Caxangá, o retorno". Como sabemos, ele falara sobre Caxangá umas semanas atrás e eu não apenas tentara meter-me no assunto como também publiquei aqui mais considerações. por que "o retorno"? porque, creio, inspirou-se no poema "O Motorneiro de Caxangá", com suas idas e vindas. e como este título foi parar no universo de idéias com que ele trabalhava na ocasião? no segundo parágrafo da crônica da semana, temos uma pista: "Agradeço aos [intelectuais do porte de um DdAB] que escreveram para lembrar a carreira literária do vocábulo, que figura nos poemas O Motorneiro de Caxangá, de João Cabral de Melo Neto (mencionado por Duilio Bêrni) e Evocação de Recife, de Manuel Bandeira (mencionado por Moacir Xavier)."

e o que me fez falar nisto? primeiro: a antinomia que, um tanto livremente, surgiu-me à mente quando vim fazer a postagem. eu estava pensando em que escrever, e lembrei-me de uma antinomia maravilhosa que fiz há dias, mas esqueci... e semanas atrás li outra ainda mais maravilhosa de Jorge Luiz Borges. creio que a primeira com que tomei contato (depois das primeiras que apenas tangenciaram meu -então- frágil intelecto) foi a de Bertrand Russel (ou era seu acolherado Alfred Whitehead?) é a do barbeiro:
.a. tem uma aldeia com um barbeiro que barbeia a todos os que não se barbeiam. quem barbeia o barbeiro?
pensamento de Ernestina de Tal: cara, se neguinho está com a barba por fazer, o barbeiro a fará, mas se ele é o barbeiro que só faz a barba de terceiros, o barbeiro não se barbeará. ou ele é imberbe ou muita barba é braba!

agora lembrei: a primeira primeiríssima, já aos quase 40 anos de idade (que os 39 anteriores passei-os um tanto distraído...). de Rubem Alves:
.b.1. a frase abaixo é falsa
.b.2. a frase acima é verdadeira. pensamento de Tiago de Tal: cara, tu quer me deixar louco?

vez de Jorge Luiz Borges:
c. para ingressar na ordem dos feiticeiros, o candidato precisa saber, por antecipação, se vai ser aprovado ou reprovado no teste pertinente. um curandeirinho metidinho a sabidinho, querendo desmafaguifizar a reputação dos julgadores diz que será reprovado.
pensamento de Telmo de Tal: bueno, se os neguinhos reprovam ele, então ele acertou no teste e deve ser aprovado. e como aprovar um carinha que jurou que seria reprovado? só bebendo...

o que não é 100% antinomia, de autoria de Lewis Carroll:
.d. já vi muito gato sem sorriso, mas sorriso sem gato é a mais extraordinária imagem que vejo na vida.
pensamento de DdAB: este troço é muito mais profundo do que posso imaginar.

epa. agora lembrei algo parecido com isto de Lewis Carroll, que causou certo stress na mãe de um grande amigo dos tempos oxfordianos:
.e. nada disseram sobre a anulação da defesa de minha tese e, consequentemente, de meu título de doutor.
pensamento da Sra. Severina de Melo: este cara só pode ter colado!

famosa antinomia da televisão:
.f. esta noite sonhei que jantei fora com a Bruna Lombardi novamente.
pensamento de Jesus Gonzáles, conhecido pão-duro de Cacheira do Sul: e quem pagou?

autor desconhecido, inspirado em Russell:
.g. macaco, quando está doente, não faz a própria barba.
pensamento de Simão Perez: e quando não está doente?

pensamento mais ligado à econometria:
.h. se tem forte correlação e se precede, então é porque causa.
pensamento de DdAB: nunca entendi se tem que ter esta vírgula antes do "então".

beijos
.d.

2 comentários:

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Aviso aos navegantes:
Amanhã, voltarei a falar sobre a maconha.
DdAB

Unknown disse...

Prof: juntando tudo, dá um bom mingau. Certa vez já tive que fazer uma prova dissertativa sobre a "antonomia durkheimiana" (nas palavras do professor - o outro). Hoje, lendo-o pensei: "Cara, esse troço é mais profundo do que poço ... imaginar!"