31 janeiro, 2009

Bifurcações Alimônicas

Querido Blog:
Ave, avião ou o super-homem? Endereço:
http://fractalontology.files.wordpress.com/2008/05/will-godfrey.jpg,
o que já dá um traile -como diz o Sr. Gaúcho da Fronteira- sobre a resposta. Aparentemente é o super-homem, aquele que inventou o caos determinístico, ou melhor, você entendeu. O caos determinístico sempre existiu, é necessário. Contingente é nossa captura das leis que permitem que nossas mentes o cerquem.
Por outro lado, que seriam bifurcações alimônicas? Nada mais simples. O Sr. Mendigo -de quem temos ouvido falar, por ocupar diversas posições no imaginário da Editora GangeS- é um beggar, como diz Willie Nelson, garra -como diz himself- alimônias e as gasta em bebida, pois -diz ele- "prefiro tragá-la a vê-la transida...". O substantivo mendigante "alimônia" talvez não conste do Aurelião Eletrônico -não vou checar-, mas vejamos o que diz o Mr. Webster em papel. Manda direto para o latim: alimonia, que vem de alere, to nourish, nutrir. Caramba, alimônia lembra alimento, só pode ter em português também.
Em espanhol, temos no dicionário de papel:
LIMOSNA f. (lat. eleemosyna) . Lo que se da a un pobre gratuitamente y por caridad; pedir limosna, vivir de limosna. IDEAS AFINES. Pobreza, miseria, apuro, necessidade, mendigo, pobre, pordiosero, indigente, necessitado; caridad, benéfico, caritativo, limosnero; asistencia, beneficencia, auxilio, socorro; hospicio, asilo, orfanatorio, misericordia, fraternidad, filantropia.
Ok, então que temos a ver com "bifurcação", além da maravilhosa figura caótica? Muito simples. Terei ouvido o Sr. Mendigo dizer:
"Caro Prof. Duilio: Rigorosamente pensando, não devemos dizer que, por exemplo, a célula se divide, bifurcou. Ao contrário, em resposta a essa e outras bifurcações é que herdamos a capacidade de pensar. Não nos é concebível um universo sem bifurcações físicas, ou matemáticas, mas o que devemos entender é que, ao contrário, as bifurcações é que geraram o universo como o entendemos hoje em dia e -como tal- a elas próprias.
"Somos conscientes da existência do universo exclusivamente porque ele nos fez conscientes. Se somos, como entendo há alguns anos, resultantes do macro vetor espaço-tempo-matéria-energia (ou de dimensões superiores), então é-nos concebível outro tipo de conceptualização baseada em categorias impensáveis, ou pensáveis apenas por meio da abstração matemática."
Pensei cá comigo: "Este Mendigo ainda vai criar confusão!"
DdAB

30 janeiro, 2009

Jogos Leais


Querido Blog:
Como sabemos, o rapaz que acima vemos é John von Neumann, que depois de muito penar, vim a descobrir que tem o sobrenome pronunciado como "fon-nóiman", como se fosse um colono alemão de Estrela ou Lacheado. Mas ele era húngaro, gênio, professor de Princeton, enviou Einstein no trem de Boston quando sua aula seria em Nova Iorque (ou vice-versa) e escreveu um parágrafo elegantemente transcrito em meu próprio livro de jogos que mostra que ele já sabia o que era "equilíbrio de Nash".
Pois é de sua ausência que quero falar agora. No outro dia, a Profa. Dra. Andréa Fachel Leal lembrou que eu lhe contei a história (que me foi passada por terceiros) do povoamento do mundo por dois tipos de idiotas. O primeiro deles caracteriza-se pela verdadeira compulsão em emprestar livros: basta alguém falar algo que ele/ela simplesmente desfaz-se de seus livros, emprestando-o. O segundo tipo de idiota, também muito abundante, é o que devolve livros.
Inspirado por este tipo de dupla, concebi o seguinte jogo, cuja formatação pode não ser perfeitamente alinhada com meus elevados dotes intelectuais. Vou importar uma planilha Excel. Fi-lo, dias atrás, com outra comparando PIBs e tive resultados ligeiramente melancólicos. Lá vai. Lá foi para onde quis. Vês algo?
DdAB







29 janeiro, 2009

Império Galáctico e o Labour Market

Querido Blog:
O momento é solene. Decidi colocar este origami para ilustrar a postagem de hoje, que dirá respeito à continuação de diatribes que lancei contra sindicalistas, por considerar que eles esposam uma teoria de funcionamento do mundo que informa que o nível de emprego depende dos humores do Sr. Henrique Meirelles e seus partners. Vou citar duas ou três passagens da revista Carta Capital de 28 de janeiro do ano em curso, ano 15 n. 530, de R$ 7,90. O artigo a que me refiro, até segundo, é de autoria de André Siqueira e tem por título "A crise ficou mais real; demissões; o aumento do desemprego pôs à mesa empre´sarios, sindicalistas e o governo." pps. 22-24.

Entro no assunto, pois -dias atrás- andei criticando-os, não sei se os mesmos. Tanto o jornalista quanto sindicalistas, empresários e economistas cidados no artigo -parece-me- sofrem de falsa consciência, no sentido que o termo tem recebido na literatura de filosofia política e igualitarismo, se é que esta área dos esportes marciais já foi inventada. Sugiro que tenhamos em mente a máxima: "quem não conhece conceitos pouco ou nada pode falar sobre eles".

Começo a colher pontos para o argumento. Disse o sindicalista Paulo Pereira da Silva: "Não queremos proibir o empresário de demitir, mas podemos conversar sobre porcentuais de vagas e renda e alternativas para reduzir custos." Como vemos, sutilmente, "percentuais de vagas e renda" quer dizer sabe-se lá que diabos. "Alternativas para reduzir custos" bem o sei: não botar prá rua. Seja como for, a correlação entre vagas e renda responde a certa teoria com a qual tenho avisado que -não apenas eu, mas- o planeta inteiro está prestes a romper.

Segundo: diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto [...]: "O foco de todos é manter a massa salarial, senão matamos a demanda. [...] Mas garantia de emprego quem dá é o mercado." Entendo que ele e os sindicalistas pensam umbilicalmente neles mesmos. Quero dizer, sua visão de mundo, como eles vivem dos arranjos econômicos vivificados pela instituição mercado e seu correlato estado, fica de lado todo o tipo de arranjo que pode ter na comunidade o traço característico. Quero dizer, ainda, como direi mais explicitamente abaixo, que crianças existem não é porque haja mercado ou estado, mas porque a vida comunitárias lhes garante means of subsistence.

Primeiro: emprego gera -claro- renda, mas transferência governamental como o programa Brigada Ambiental Mundial também gera. E tem fundamentos budistas... Segundo: o que o mercado garante é demanda para a produção, mas ele -mercado- nunca disse que os produtos precisam ser produzidos, roubados, importados ou sei-lá-o-quê. Tem neguinho -diria a Ministra Dilma- que pensa que seus interesses é que determinam os conceitos. Ou seja, é evidente que não é o emprego que garante a demanda. É a renda. É a renda, repetiria ela, com um novo (no sentido de que nunca dera este antes) muxoxo.

Depois, na p. 25, veio o sábio Thomaz Wood Jr. sugerindo que as tenures devem acabar na academia e que o emprego vitalício anywhere é um baixo astral dos diabos. E, como tal, devemos mesmo é soterrar os anacronismos no tratamento desses vagabundos, os professores, e outros detentores de garantia no emprego. Para abreviar-me indago a ele e sugiro que os sindicalistas e empresários também pensem no seguinte: por que mexer logo nas regulamentações do mercado de trabalho, quando este está a finar-se? Por que não mexer (criar) outras instituições encarregadas de abastecer o mercado com neguinhos -diria Dilma- investidos de poder de compra? Tu entendeu o que eu tô dizendo, não é mesmo? Todos devem participar do excedente social, mesmo que não se tenham envolvido na produção. Claro que quem mais participa mais deve ganhar, mas isto não impede que bebezinhos, despidos da capacidade de transformar a natureza em seu benefício, também ganhem lá seu seio amigo... Da mesma forma, como no filme "Montanha Mágica", não convém ficarmos enviando nossos progenitores ao prato de tigres e cobras. Ou seja, não é o mercado e talvez nem o estado que garantem a sobrevivência de crianças e velhos.

Saudações Igualitárias
DdAB

28 janeiro, 2009

Mapeamento de Borges e Pessoa

Querido Blog: Não sei o que o mapa acima quer dizer. Seremos felizes? O Banco Central é mesmo a instituição que avaliza o trabalho social e serve como o leiloeiro que transforma valores em preços? O chiclé balão será mesmo o campeão do arroz-com-feijão? Seja como for, encontrei-o em nosso afamado Google Images ao pedir-lhe que dissesse o que sabe sobre "mapa do reino" e "fernando pessoa". Ele deu-me umas 10 páginas com fotos. Uns mapas astrais (é astral ou apenas o céu itself?), como o acima, da mesma fonte, outras coisas, inclusive o capitão da Força Pública do Rio de Janeiro do filme "Tropa de Elite". Por que olhei "mapa do reino"? Por causa do que direi abaixo. E "fernando pessoa"? Idem. Andei conversando, quero dizer, aprendendo, com o Prof. Achyles Barcelos da Costa (Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0173272835376949 ) e falamos -não lembro bem como o assunto começou- digamos que em Jorge Luis Borges (ou Fernando Pessoa). Naturalmente ele, Achyles, evocou a passagem de Borges e a de Pessoa. Cito-as ambas e mexo um pouquinho em cada. A. Fernando Pessoa A.1 O Prof. Achyles, meu querido e milenar amigo, enviou-me o texto que segue, de autoria de Fernando Pessoa. CURSOS Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria não é senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria. Quem não sabe nada de um assunto, e consegue alguma coisa nele por sorte ou acaso, chama <> a quem sabe mais e, por igual acaso, consegue menos. Quem sabe, mas não sabe aplicar - isto é, quem afinal não sabe, porque não saber aplicar é uma maneira de não saber -, tem rancor a quem aplica por instinto, isto é, sem saber que realmente sabe. Mas, em ambos os casos, para o homem são de espírito e equilibrado de inteligência, há uma separação abusiva.
Na vida superior a teoria e a prática completam-se. Foram feitas uma para a outra. Fernando Pessoa. In: Apresentação da Revista de Comércio e Contabilidade. A.2 Tentando obter uma referência ao material citado, procurei "fernando pessoa" e "toda teoria deve ser". Nada achei. Tirei o "fernando pessoa". 

A.3 Outra Pista Fui ao motor de busca do "Sapo", o interessante site português. Encontrei o seguinte blog: http://frv.blogs.sapo.pt/1590.html. Lá, aos 16/fev/2007, sexta-feira, está postado o título "Cronologia da Vida e Obra de Fernando Pessoa". Assim, para 1926, lemos: "Pessoa dirige com o cunhado, coronel Caetano Dias, a Revista de Comércio de contabilidade, cujo primeiro número sai em Janeiro desse ano, e na qual publica artigos sobre temas sócio-económicos." Etc.. Vemos que há uma diferencinha: "Revista de Comércio e Contabilidade" por "Revista de Comércio de contabilidade". Cessei a busca, pois não estou 100% à v ontade com meu -por assim dizer- novo computador... 

A.3 Prosa Completa de Fernando Pessoa No livro da Editora Nova Aguillar, sem índice analítico, deu umas bombeadas e nada encontrei que responda pelo título. B. Jorge Luis Borges B. 1 Texto correspondente Del rigor en la ciencia (retirei-o do livro "Narraciones", de autoria atribuída a Jorge Luis Borges e escrito "Edición de Marcos Ricardo Barnatán", Madrid: Catedra. [Coleção] Letras Hispanicas. Quinta Edición. 1986. Creio que este título é uma espécie de jogo de palavras com "Ficciones", que é um livro de Borges (segundo entendo pelo que vejo no volume 1 das Obras Completas de Emecê Editores, Buenos Aires, 2004) publicado em 1944 e que abrange "El Jardín de Senderos que se Bifurcan, de 1941 e Artificios, de 1944. (a grafia do que segue foi conferida com a que citarei abaixo, que foi a dominante)). Lá vai ipsis litteris: ... 

En aquel Imperio, el Arte de la Cartografía logró tal Perfección que el mapa de una sola Provincia ocupaba toda una Ciudad, y el mapa del Imperio, toda una Provincia. Con el tiempo, esos Mapas Desmesurados no satisficieron y los Colegios de Cartógrafos levantaron un Mapa del Imperio, que tenía el tamaño del Imperio y coincidía puntualmente con él. Menos Adictas al Estudio de la Cartografia, las Generaciones Siguientes entendieron que ese dilatado Mapa era Inútil y no sin Impiedad lo entregaron a las Inclemencias del Sol y de los Inviernos. En los desiertos del Oeste perduran despedazadas Ruinas del Mapa, habitadas por Animales y por Mendigos; en todo el País no hay otra reliquia de las Disciplinas Geográficas. SUÁREZ MIRANDA, Viajes de varones prudentes. Libro Cuarto, cap. XLV, Lérida, 1658. 

Nota assinalada por asterisco: Este cuento aparece publicado por primera vez en libro en la segunda edición transformada de Historia Universal de la Infamia, publicada por Emecé Editores, Buenos Aires, 1954. En 1960 será incorporado a El Hacedor, en el apartado Museo
Nota assinalada pelo número 1 em sobrescrito: En Magias parciales del Quijote, ensayo incluido en Otras Inquisiciones, encontramos la siguinte cita de Borges: "Las invenciones de la filosofia no son menos fantásticas que las del arte: Josiah Royce, en el primer volumen de la obra The world and the individual (1899), ha formulado la siguiente: Imaginemos que una porción del suelo de Inglaterra ha sido nivelada perfectamente y que en ella traza un cartógrafo un mapa de Inglaterra. La obra es perfecta; no hay detalle del suelo de Inglaterra por diminuto que sea, que no esté registrado [cito a palavra das Obras Completas, pois o Narraciones tem "reflejado") en el mapa; todo tiene ahí su correspondencia. Ese mapa, en tal caso, debe contener un mapa del mapa, que deve contener un mapa del mapa del mapa y asi hasta lo infinito." B.2 Notas que aponho agora Primeira: 

Ao ler isto pela primeira vez -creio que em torno de 12/jan/1988, ou seja, há 21 anos- escrevi: "Escala 1:1, não!" Na ocasião, uma arquiteta com quem eu viajava pela Espanha, onde comprei o livro de onde tirei o que acima transcrevi disse-me que escalas 1:1 muitas vezes são importantes no desenho arquitetônico, e mesmo escalas de 4:1 e outras, ou seja, digamos que para detalhar um trinco de porta o arquiteto deseje oferecer enorme detalhe e -para cada centímetro do objeto real- usa quatro devidamente detalhados no papel. Depois (ou teria sido antes?), vim a saber que Luiz Gonzaga Beluzzo usara este "conto" como epígrafe de sua tese de doutorado apresentada a seus pares da própria Unicamp. 

 Segunda: no Volume 1 das Obras Completas que estou lendo no presente momento, a "Historia Universal de la Infamia", de 1935, é reproduzida, sem o "conto" de que estamos tratando. Neste primeiro volume, "El Aleph" está publicado, referenciando-se a 1949, mas não inclui o "conto". Vemo-lo publicado, no volume 2 das Obras Completas, à p.225, com a redação que adotei acima, pois acho que há um errinho (satisfacieron por satisficieron). O "conto", assim, está inserido no livro El Hacedor, datado de 1960. Terceira: na p.47 do v.2 das Obras Completas, temos mesmo a citação acima referida. Não é bem citação, mas parte integrante do texto (tenho medo de falar em conto, preferi "conto", "texto", eufemismos para a obra de Jorge Luis Borges. O texto "Magias parciales..." vai da p.45 até a 47. Na p.46, começa o paragrafão do qual o editor espanhol retirou a citação que acima faço. Um pouco antes dela, há outra frase borgeana de -como dizíamos em Jaguari- arrepiar o carpim: "[...] el principio de la historia, que abarca a todas las demás, y también - de modo monstruoso - a sí misma." 

 Quarta: na p.520-521 do v.2 das Obras Completas de Emecê, registram-se textos tomando as p.157 até 221. Então, faz-se um espaço e se lê: "MUSEO", em maiúsculas, encaminhando para a p.223. Com indentação de um parágrafo, seguem-se mais chamadas para oito textos, iniciando com "Del rigor en la ciencia", à p.225 (que a p.224 é em branco, sendo o último, "Epílogo", sem indentação, citado como residindo na p.232. 

FINALE: Teriam sido felizes por muitos e muitos anos, teria dito alguém situado fora do tempo. Pode? 

DdAB

26 janeiro, 2009

Desonerar a Folha de Pagamentos

Querido Blog:
Não lembro mais quem é Denise Abreu. Estes são (ou foram) seus pés. Essa cadeira maneira -parece-me- é de alto pedigree. Parece-me que dos anos 60. Não garanto. Os pés são simpáticos, uma alta nomenclatura do governo usando uma correntinha com um berloque no pé esquerdo. No pé direito, há um blim-blim-blim que não identifico adequadamente, talvez a alça da bolça, quero dizer... Evoca-me a bolsa e a vida, crônica maneira de Cromagnon de Andrade, um troço destes. Achei-lhe -à foto- na quarta página que me ofereceu Google Images com o simples título da postagem de hoje. Juro que é a única.

Maneiro mesmo foi meu protesto sobre os sindicalistas do ABC, ou sabe-se lá de que alfabeto, estarem contrafeitos com a redução dos juros feita na última reunião da alta cúpula do Banco Central criado pelo Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, se bem lembro, integrante da Academia Brasileira de Letras, ou foi Sarney, Collor ou Costa & Silva o "imortal". Ok, esclareçamos: os sindicalistas não estão preocupados com a política monetária da república, eis que Abreu e outros sobrenomes que estudam a ciência econômica é que se dedicam ao feito. Eles vão é muito mais além da política monetária, pois sabem que -de acordo com uma concorrida função de função- juros altos implicam emprego baixo.

Dizem eles:
I = f(i), onde I é o investimento agregado da economia (ou nem é o agregado que lá eles falam?)
E = g(I), onde I segue sendo o que acabamos de definir e E é o nível de emprego (agregado, sabe-se lá...).
Ergo
E = h(i), ou seja, Henrique Meirelles ao -teimosamente- manter os juros num nível pelego (epa!), condenou à miséria a população brasileira, incluindo nela os 22 milhões de trabalhadores que detêm empregos precários.

Digo lá eu que esses caras são mesmo é loucos e pelegos, not to speak of burglars, do you speak English? Primeiro, quem mesmo foi que garantiu que I = f(i)? Ou seja, há determinismo no planeta e, especialmente, na relação entre os juros e o investimento. Menos que platônico, isto é patético. Segundo, quem terá garantido -agora- que E = g(I)? Ouvi um menino de rua vendendo bolas de tênis "made in USA" -teria dito ele, com seu sotaque italianado- que seu pai lhe garantiu que vivemos, há mais de 25 anos (idade do pai do garoto), uma fase do desenvolvimento capitalista que ele batizou de "jobless growth". Fiquei a indagar-me o que a Sra. Abreu ou o Sr. Meirelles pensam de mais esta presepada dos progenitores dos estudantes dos hábitos da população que circula pelas ruas. Tomará ela banho? Irá ela à escola? Irá a Disneyworld ou à Disneyland?

Depois voltei a pensar em identidades contábeis, terreno em que me sinto mais seguro do que naquele negócio dos Y = Y(X) ou y = y(x), sabidamente relações determinísticas postuladas pelos rapazes do Prédio 15 da PUCRS. Bem, disse-me a Profa. Abigahil, quando eu tinha 9 anos, o que me levou a Campo Grande MT, que 4 + 6 = 10. Multipliquei por 10 o que disse a generosa professora e alcancei a seguinte identidade: 40 + 60 = 100, o que associei com as participações dos trabalhadores (RE) e capitalistas (EOB) na renda nacional. Escrevi: Y = RE + EOB. E pensei que os sindicalistas que protestam contra a taxa de juros estão numa dessas duas:
.A. ou
.a. apoiam-se nas frágeis teorias a que me referi acima, na função de função que referi,
.b. e nos econometristas que terão calculado o dE/di, ou seja, a derivada da função de uma única variável, número este que estaria informando que -se a taxa de juros cai, digamos 5%- então -e apenas então- o emprego aumentará em 22 milhões de almas (ou até seriam mais?)
.B. ou preocupam-se mais com as redistribuições da mais valia -digo, da forma monetária que assume a mais-valia e -numa economia cujo problema da transformação dos valores em preços foi resolvido de maneira adequada- com o destino a ser dado ao excedente operacional bruto (EOB).

Pensei que jamais ocorreria a um sindicalista sério pensar que o problema não está em discutir os 60% da Profa. Abigahil, mas em seus 40%, por contraste aos proletários seus amigos dos países capitalistas avançados, que participam com 70% da renda (multipliquei também por 10 a conta que ela deu na lousa 7-4=3, ou 30%; presença às aulas deveria mesmo era ser facultativa...). E que eles -sindicalistas- deveriam prestar mais atenção era na distribuição dos ganhos de produtividade dentro da fábrica do que com a política macroeconômica (em especial a teoria das metas da inflação).

Se pensassem em abocanhar (esses gulosinhos...) os ganhos da produtividade, estes estariam -naturalmente- lutando para a elevação da -você adivinhou!- produtividade, caso fossem racionais. Racionalidade, como sabemos, é um termo odiado por economistas heterodoxos de outras paróquias que não aquela em que eu -myself- rezo. Pensando bem, não fica bem chamar-me de heterodoxo, pois criei uma seita que intitulei de neo-estruturalista, com hífem, a fim de enxovalhar a memória da milicada que foi parar ou na presidência da república ou na Academina Brasileira de Letras ou em ambas. E, claro, no Literato Dr. Getúlio Dornelles Vargas.

Que acontece quando aumenta a produtividade? Pode-se obter mais produção com o mesmo ou com mais emprego. Na firma, pode-se baixar um pouco o preço do produto agregado (epa, o que estou dizendo? um refrigerador mais um bebedouro escolar têm um preço médio? of course, diria Sherlock Holmes). Com isto, pode-se abocanhar (essa gulosinha...) uma fração do mercado (mesmo que este não aumente seu tamanho). Mas também ela -firma- com menor preço pode ampliar as dimensões geográficas do mercado, aproveitar a deixa, a fim de diversificar a produção, promover os trabalhadores stakanovistas a gerentes de crescimento industrial, alcançar maiores economias de escopo -not to speak of scale economies-, e por aí vai.

Seria este o calcanhar de Achyles, if you know what i mean, da questão da folha de pagamentos. Como aumentar a participação dos trabalhadores nela e, ainda assim, gerar mais lucros, para financiarem o crescimento das vendas, os investimentos, e por aí vai.
Epa, acabo de lançar (escrevo bem pequinininho) nova função de função:
E = w(C(x(P(y(p))): o emprego depende do crescimento das vendas que depende da redução do preço do produto vendido pela firma que depende dos ganhos de produtividade alcançados por esta. Claro que esta teoria não é macroeconômica como a outra, exceto para Maurice Scott FitzGerald, o.s.l.t.. Ela é microeconômica e -claro- sindicalista foge da microeconomia como a Profa. Abigahil fugiu do casamento. Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho.
DdAB

25 janeiro, 2009

Sobre discriminação de preços etc.

Querido Blog:
Volto. Peguei a ilustração na seguinte fonte: http://academiaeconomica.blogspot.com/2008/06/discriminao-de-preos-no-brasil.html. O blog vale a visita e foi adicionado ao lado... Ainda assim, entra mais na linha da polêmica entre pares, que o autor é -mais que eu- estudante de economia. Inspirou-me a procurá-la o que disse Leonardo Monastério: Na minha apostila de economia regional, que nunca ficou pronta, eu mostrava outras aplicações do Teorema Alchian-Allen. Aí vai:
O paradoxo das maçãs. Custos de transporte podem gerar efeitos curiosos. O Teorema de Alchian-Allen ilumina um desses fenômenos. Esses autores buscaram uma resposta a um mistério econômico: por que em uma região produtora de maçãs são encontradas apenas as de pior qualidade, enquanto as melhores são exportadas. O motivo é simples: como o custo de transporte é o mesmo para maçãs boas ou ruins, o frete torna as maças boas mais baratas em relação as ruins. Um exemplo numérico com o caso dos vinhos torna tudo mais claro. Suponha que existem dois tipos de vinho: o Chateau Caro custa R$ 50,00 e Chateau Vagabundo, R$ 5,00. É razoável supor que os custos de transporte são os mesmos para qualquer tipo de vinho; digamos, R$ 5,00. No local de produção, a relação de preços vinho bom/vinho ruim é de 10 para 1. No mercado consumidor, com frete, a relação de preços passa a ser de 5,5 (R$ 55,00/R$ 10,00). Ou seja, em termos relativos, o vinho bom fica mais barato no mercado distante do que no local. Portanto, o vinho bom tenderá a ser exportado e o ruim ficará para consumo local. O Teorema de Alchian-Allen significa, assim, que uma tarifa fixa leva uma substituição de bens de pior qualidade pelos de melhor. E nos casos em que os turistas compram os produtos locais de alta qualidade? Por acaso os turistas que compram uísque em Edimburgo estão violando o Teorema de Alchian-Allen? Não. A diferença é apenas quanto ao modo como se dá o custo de transporte: em um caso a garrafa vai até o consumidor, e em outro o consumidor é que vai até a garrafa. Quão irracional seria viajar até a Escócia e lá comprar uma garrafa de uísque de má qualidade! Pela mesma lógica, o teorema prevê que, se você paga uma babá para ficar com o seu filho, você não vai jantar numa lanchonete barata, e sim em um restaurante chique. (Como o custo de contratar a babá é fixo, a ida à lanchonete ficaria muito relativamente cara). Por fim, ele explica a evidência empírica que mostra que, ceteris paribus, quanto mais longe viajam os turistas, mais eles gastam por dia (Hummels e Skiba, 2001).
[Sic].

Como postar é grátis aqui no Sistema Google, achei que o melhor lugar para manter em arquivo o que disse Leonardo Monastério em:
http://lmonasterio.blogspot.com/2009/01/teorema-alchian-allen-o-filme.htm
é aqui mesmo! Por outro lado, não sei se ele -o autor do blog de que tirei a ilustração- apoia meu uso. Eu não sou contra a discriminação de preços, em geral, mas sou contra o "passe livre". Acho que a solução para os velhinhos é ganharem a Renda Básica Mundial e meterem seu dinheiro onde bem entenderem, inclusive, transportes urbanos... Vou lá dar um pitaco!!!
Beijos de DdAB

DeLong a Menos: Krugman & Shiller

Querido Blog:
Olha o que o Google-Images deu-me como resposta a -simplesmente- "Basic Income". Espero que não seja raivosa propaganda contra ela, a renda básica. No Brasil, temos a Bolsa Família, que dá popularidade e sustentação ao Mister Lula e que Dóctor Aod e Proféssor Yeda recusaram, por abobados. Enquanto isto, a chende segue sendo assaltada...

E por que estou falando na renda básica, no momento em que -domingo que é- jurei que não mais trabalharia em economia, dedicando-me à poesia e à vaca-fria (degelando o churras)? É que li no caderno "Dinheiro" de Zero Herra os artigos de Paul Krugman e Robert J. Shiller. Do segundo, inspirei-me para fazer uma postagem que está virando (pelas anotações num envelopinho de palitos portugueses) um deus-nos-acuda caligráfico, postagem esta que -felizmente- está adiada sine die. Der welt, die menchen, sei lá... Para ela, a palavra chave será "seguros".

Krugman, mutatis mutandis: "O culto à redução de impostos dos mais ricos como instrumento de estímulo à economia encolheu a tal ponto que agora engloba apenas excêntricos, charlatães e republicanos." Perverso, cruel, verdadeiro! Penso em algo parecido ao dar-me conta de que um empresário como Jorge Gerdau e o Sr. Daniel, que clamam pela redução do papel do governo no jogo econômico, estão apenas defendendo seus interesses, ao colocarem a economia como dimensão mais importante do que entendem por sociedade. Uns single minded auto-referenciados, esses republicanos excêntricos e charlatães.

Shiller, propondo um seguro contra a crise: "A atual crise mundial é uma oportunidade para novas experiências que não apenas poderiam proporcionar sua resolução, como também criar instituições que contribuiriam na prevenção de crises futuras. O seguro contra a recessão é uma dessas idéias."

Shiller, como lemos na p.5 da aguerrida peça de imprença, é proféssor de economia em Yale e economista chefe da MacroMarkets. A MacroMarkets, como lá lemos, é uma firma que ele inventou e que vende terrenos na lua, um troço destes. Faço-lhe duas citações literais.

First: "Em um documento recente, Mark Kamstra e eu propusemos que os governos emitissem participações em seu PIB, cada uma equivalente a uma bilionésima parte do PIB, o que permitiria aos países administrar seus riscos em matéria de PIB." Second: "Outra forma de criar um preço de mercado contra o risco de recessão é oferecer as macroparticipações que minha empresa, MacroMarkets, criou."

Paramount: Duduzinho aduz a forma que realmente pode salvar o planeta, não apenas Wall Street, o Rio Paraguai e a Babushka do Badanha. Autorizar a Editora GangeS a criar:
.a. banco central mundial
.b. imposto de Tobin (5% do PIB mundial)
.c. renda básica universal, com diferencial para os membros da Brigada Ambiental Mundial.

Que faz um assalariado da BAM enquanto tal?
.a. três horas de ginástica por dia (para, como sabemos, manter a coluna ereta),
.b. três horas de aula por dia (para manter a mente quieta) e
..c. três horas de trabalho comunitário (para manter o coração tranquilo).
Agora sem trema!
DdAB

24 janeiro, 2009

DeLong IV e o Mancinismo

Querido Blog:
Como sabemos, hoje é o dia do casamento entre Lis Fonseca e Duilio Berni. Claro que não é meu casamento, as you might know. Em outras palavras, trata-se do casamento de Lis, claro, com Duilio Landell de Moura Berni, o meu beautiful boy, expressão que evoco da canção de John Lennon que leva este nome e que começa dizendo: "Close your eyes, have no fear, the monster is gone, he is on a run, and your daddy is here. Beautiful boy etc." Mais adiante, ele diz uma das frases mais lindas que conheço. Conheço mais de 100, as you might know: "Life is what happens to you while you are busy making other plans". Para mim, é isto mesmo: o importante são os planos, o posicionamento no R/i, pois o que o R^3 nos leva a fazer é prosaico. Como sabemos, R/i é o mundo da realidade imaginada e R^3 é a realidade realmente real. A primeira é o mundo das contingências, pois penso o que bem entender, especialmente o impensável. E o R^3 fala, neste sentido, do mundo da necessidade. Tirando lá minha veia determinista, eu diria que tudo o que acontece fora de mim é necessário, ainda que eu possa influenciar aqui e alj, como o fiz agora, escrevendo "ali" como "al" e "j".

On the other hand, ouço a www.Accuradio.com/jazz/piano, com a Madame Astrud Gilberto, fazendo lá suas próprias meditações. Não me fazendo de rogado, vou meditar mais sobre o significado da foto acima: aparentemente um clube de mancinos, palavra que estou tentando introduzir na língua portuguesa, para ser sinônima de "canhoto" ou "sinistro", sei lá. Ora, "mancinismo" é sinônimo dicionarizado de "canhotismo". Segue-se logicamente que tenho o direito lógico e legal de dizer que sou mancino. Eu, a macacada da foto acima, se assim o é, macacada e mancina, o Pelé é mancino, como sabemos. Parece que a Princesa Diana também, como o saberia eu. E há outros na foto, cuja esquina (no sentido de 'cara') desconheço... E falo isto, pois dizque Obama é canhoto, epa, mancino, o que está sendo muito festejado como nova e incontestável prova de que o mundo será salvo por ele.

Seja como for, on the third hand, como vemos em minha postagem de 13/jan/2009, o quarto mandamento do Proféssor Bradford DeLong deixou-se ler como:

Por último, os bancos centrais continuam dispostos a intervir para impedir a retirada em massa de depósitos, mas a hipótese de um ligeiro ajustamento do setor financeiro tem poucos defensores. A visão de consenso é a de William McChesney Martin, que foi presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos da América: um banco central evita a excessiva especulação, “eliminando as bebidas alcóolicas antes que a festa fique muito animada”.

Esta da festa ficar muito animada é interessante. Foi uma farra o que vimos pelo menos desde a dupla Tatcher-Reagan. O descaso do filho de Ronald Reagan, nomeadamente George Winston Bush, com o meio-ambiente, Kyoto, essas coisas, é apenas uma prova da irresponsabilidade de certos rapazes da própria matriz que obstruem o processo civilizatório conduzido pelos Estados Unidos. Não que o racismo seja um elo progressista no rumo do futuro. Mas o fato nada modesto de eles terem parado de atirar bombas atômicas no meio-ambiente já é adesão importante não digo ao protocolo de Hiroshima, sei lá, mas permite que se desrespeite a velha capital imperial...

Como sabemos, o valor das mercadorias produzidas em uma ano é dado por MV/P = Y, ou seja, pelo Banco Central. Se não sabemos é, talvez, porque ainda não publiquei meu paper na American Economic Review. Isto significa que, ainda que não houvesse banco central na Babilônia ou em Chartres/1400, havia mecanismos similares de validação do "trabalho social", tudo tendo começado com a troca entre um arco e um castor, ou melhor, um homem passou 3,21 arcos para o outro, em troca de dois castores, um troço destes.

Se o Banco Central não regular a organização do instrumento de medição do valor das mercadorias, não será o mercado que o fará. Se o mercado tiver lucros extraordinários, não será a comunidade que o punirá. Para isto é necessário o imposto de renda. Ouviu? O imposto de renda, administrado pelo governo, mas fiscalizado pela comunidade. Esta é que pode impedir o Dr. Inocêncio de Oliveira de reter escravos em suas terras, bem como de que os odiosos lucros das telefônicas brasileiras seja integralmente creditado aos "acionistas". Cara, acionista nada mais é do que cidadão. E cidadão, em falhas lamentáveis de comunidade, podem ser linchados. E aparentemente é isto a que se encaminham os Estados Unidos, com a renda passando a concentrar-se de modo... modo brasileiro.

Somos forçados a concluir que "DeLong" e "mancinismo" não são dois temas afins.
DdAB

23 janeiro, 2009

Obama e a China

Querido Blog:
Não achei que houvesse nada de mais globalizado do que a posse de Barack Obama como o lobatiano presidente negro dos Estados Unidos. A maior democracia do mundo também é um dos países mais racistas. É ou foi. Se bem entendi, o primeiro que "asomar la cabeza" terá tratamento duro. E acho que ele Obama foi explícito: fanatismo religioso é proibido, há que conviverem ateus e criacionistas, estes dos mais variados jaezes, greis, matizes, dai-me uma palavra não comprometida politicamente...

Quando digo que o rapaz é globalizante, tenho em mente algumas peças de ficção importantes:
.a. o Capitão Flash Gordon e a Federação Galáctica. Parece que Obama é nosso bom Flash.
.b. o conto de Azimov intitulado (ele, o conto, não o Azimov proper...) "As Máquinas", em que os robôs (ou seja, os andróides de antanho) vão-se tornando cada vez mais humanóides e resolvendo problemas da humanidade até que um deles -disfarçado de político, um troço destes- assume o poder absoluto e -em minhas palavras- liberta a humanidade do desagradável jugo da escassez. Com isto, acabam-se as guerras, os meninos de rua tornam-se campeões de tênis de mesa, de quadras de grama, de quadras de areia, de quadras espaciais, e tudo o mais. Os demais também tornar-nos-emos campeões em coisas que muito prezamos. Se queremos o título de campeão sem desprezar outros humanos que ambicionam o mesmo título, podemos comprar magotes de robôs jogadores, 30, 40 jogadores, e fazermos torneios em que somos não apenas os cabeças-de-chave, mas também os incontestes vencedores...

E o presente? No presente, a Wall Mart já chegou na China. A China já é declarada um estado americano, pois deixou de ter protetorados ingleses. Graças ao alemão Henry Kissinger, ela foi incorporada ao mundo ocidental, depois de ter tido escaramuças bélicas com seus amigos soviéticos, guerras de fronteiras, essas baixarias dos inimigos do proletariado...

Pois digamos que, no presente, haja 300 milhões de habitantes nos Estados Unidos e 1,2 bilhões na China. E que seus PIBs sejam os que sutilmente a tabela a seguir exibe. Talvez o da China esteja um tanto superestimado, mas PPP (paridade do poder de purchasing/compra) é casca grossa. Com isto, os chineses estão na cola dos gringos. Green, go (or, on second thoughts, stay a little more)! Yellow, mind the difference!
Especificação USA CHINA Razão
POPULAÇÃO (indivíduos) 300.000.000 1.200.000.000 4,0
PIB (dólares PPP) 14.500.000.000.000 12.000.000.000.000 0,8
PIB per capita 48.333 10.000 0,2

Moraleja: em dois toques, os amarelos estarão passando o Brasil em renda per capita, pois já deram adeus há muitos anos com o PIB total. Em breve, passarão o PIB total dos americanos no que diz respeito ao PIB total. A interessante especulação para os próximos -digamos- 1.000 ou 2.000 anos (ou, menos dramáticos, 20 e 50) é se o planeta aguenta tanta gente com consumo per capita tão alto.

Ok?
DdAB

21 janeiro, 2009

DeLong e o terceiro mandamento

Amado Blog:
Olha a ilustração que obtive do Google Images para a postagem de hoje. Esta -a postagem- diz respeito à terceira fala de Bradford DeLong, que me propus a examinar exaustivamente, se me assim posso expressar. Comecei precisamente com "delong e o novo consenso macroeconômico". Nada postei, nem tentei o título da postagem que agora vemos. Nada pesquei, decidindo buscar apenas "novo consenso macroeconômico". Nada achei de muito interessante, mas havia algo assemelhado, o poster de propaganda da reunião anual da ANPEC de 2006, a que não fui, o que provocou enorme desgosto nos organizadores. Não fui, como sabemos, pois estava em Berlin.

Disse-nos DeLong:
Também não é aceito que essas medidas são suficientes. Além disso, o incentivo fiscal é necessário. A economia de não-depressão evita a política fiscal, com o argumento de que os instrumentos dos bancos centrais são suficientemente potentes e os seus processos de decisão mais eficazes e mais tecnocratas do que o Legislativo. Mas com as condições que prevalecem hoje, não podemos permitir esta perspectiva.

Posso assegurar, antes de ingressar no tumultuado mundo da macroeconomia, que prefiro a forma "tampouco é aceito que essas medidas sejam suficientes", se é que isto interessa a Barack Obama e outros. Seja como for, ficam patentes os problemas de tradução do texto. Ontem falei em "política fiscal". Pois isto rima com "incentivo fiscal". Claro que, num ambiente de taxa de juros mais baixa do que o chão, a política monetária torna-se ineficaz, como falei que Keynes falou. A solução é ativar a demanda, segundo ele. Segundo mim, ou melhor, primeiro eu, diremos que o que importa é o gasto público. Mas gasto público não é exclusivamente representado pela variável G do conceito de valor adicionado (VA) mensurado pela ótica da despesa (D). Ou seja, VA = D = C + I + G + SE: o consumo das famílias, mais o investimento das empresas mais o gasto do governo mais o saldo do setor externo (expo menos impo).

Gasto público, como podemos facilmente ver na matriz de contabilidade social também pode assumir a forma de transferências do governo para as famílias ricas. Afinal, estas ficaram muito abaladas com toda a crise e bem que precisariam -no Brasil- de uns R$ 200 ou 300 bilhões, para manterem sua jovialidade (leia-se "sorrizinho de mofa"...). Caso desejemos, todavia, a sociedade igualitária, poderíamos meter essa grana na mão das famílias pobres, o efeito agregado seria aproximadamente o mesmo, induzindo escandalosos volumes de adição de valor. Ou seja, estamos defrontando-nos com uma tecnicalidade: gasto do governo em transferências não é valor adicionado, em absoluto paralelismo com os gastos dos produtores em insumos, não é, seu sabidão? Obviamente insumo é antônimo de valor adicionado, mas tá na cara que a produção de mais valor adicionado requer o uso de mais insumos (a menos que todo o valor adicionado assuma a forma de produção de cafuné, ainda assim, gerado por cafuneístas que sequer lavam as mãos antes de suas sessões digitais).

A classe alta e seus arautos acha que o que de bom o governo pode fazer é dar-lhe dinheiro para comprar insumos e produzir. A classe baixa e seu defensor autorizado (mim) achamos que o que de melhor o governo pode fazer para gerar a sociedade igualitária é meter o dinheiro diretamente na mão dos 22 milhões de detentores de empregos precários. Isto é o que o pessoal do marketing chama de "empowerment", ou seja, poder de compra. Como demonstrei com a ajuda de um teorema do Excel, se cada brasileiro em idade ativa ganha R$ 1.000 por mês, exaure-se apenas 40% do PIB, restando 60% para o resto. Isto significa necessariamente que o governo nem precisa mexer em seu G, apenas meter um dinheirinho na mão da pobreza, que gastará a seu bel-prazer, reduzindo o prazer dos arautos da burguesia, que acham que o lugara de pobre é puxando carroça, como vemos 22 no carrefour da ilustração acima.

Foi esta minha intenção ao selecionar a imagem que lata (ou melhor, que lá tá). Seria um troço mais ou menos assim: macroeconomics at its crossroads. No Brasil nem tecnocratas nem o legislativo têm a menor importância para o desenho da política fiscal decente, pois não existe lei do orçamento, ou melhor, existe lei do orçamento que não tem força de lei, logo também existe orçamento que não tem força de orçamento, compreendeu? Já falei amplamente sobre o que significa sociedade igualitária: em três horas diárias, o papeleiro fará cafuné em velhos e crianças, sob o título de "trabalho comunitário". Em outras três horas, ele fará ginástica, para largar da bebida e em outras três horas ele fará aulas de português para, quando fumar lá seu baseado, não falar em "mardita" e sim em "maldita", ou até "maledetta", caso tenha cidadania italiana, como mim.
RESUMO BUDISTA:
.A. três horas de ginástica (para manter a coluna ereta)
.B. três horas de aula (para manter a mente quieta, nada melhor do que a tabuada, nada melhor do que aprender lições de empreendedorismo com o fundador da Editora GangeS)
.C. três horas de trabalho comunitário (para manter o coração tranqüilo).
Importante nota sobre o budismo: hoje vi uma xilografia de Zorávia Bertiol em que se lê a palavra "flôr", de 1965. Pensei que esta brasileirada que fica mudando a ortografia a cada dá-cá-aquela-palha é acolherada com os ricos, não tem o coração tranqüilo, é contra as transferências governamentais aos pobres, quer mesmo é dinheiro para seguir fazendo suas autoestradas para ir matando galinhas e pobres em seus bólidos bêbados. Vão dizer que sou velho por rimar "amor" e "flôr"? Ou que Machado era abobado por ter escrito errado?
DdAB
Peésse: haverá mais discussão sobre o palpitante problema do solstício de verão e o jornal Zero Herra, que deu o dia mais longo do ano como sendo o 19 de janeiro... Como sabemos, "O Mais Longo dos Dias" foi o filme retratando (filme retrata?) o desembarque das so-called Forças Aliadas na Normandia em 1945 (ou era 1944?). Alega-se, em sala de aula vedada aos filhos dos meninos de rua e a themselves, que o mais longo dos dias acompanha o solstício de verão. E que o mais curto dos dias (que ocorrerá quando Garcia prender Zorro) é o do solstício de inverno. Falou? Em:
http://outrapolitica.files.wordpress.com/2008/06/cropped-2490238310_fd45362b24_o.jpg,
encontramos
[a verdade é que o BlogSpot não está deixando-me upload esta foto revolucionária]
que é o antídoto da baixaria do Santo André da foto acima!

20 janeiro, 2009

Solstício de Janeiro + DeLong 2bis

Querido Blog:
Que te deu que escreveste em azul? Tenho três temas, por hoje. Primeiro, hoje é um grande dia para a humanidade: renovam-se as esperanças de avanço na sociedade mundial, uma vez que toma posse como presidente dos Estados Unidos o Sr. Barack Obama, muito festejado como um novo Kennedy, um novo Roosevelt. Sempre respeitei ambos, os três podem bem mudar o mundo, cada um à sua maneira.

Segundo: fui enviado, como vemos no comentário de Sílvio e Ana à postagem de ontem, ao site http://astro.if.ufrgs.br/dia.htm, de onde retirei a figura acima. Claro que ela não prova que o dia tem 24 horas, nem que a noite mais longa ocorre em 19 de janeiro, com 20h26min do horário brasileiro de verão. Mas é certo que a figura selecionada ilustra que o dia mais longo não é outro que o do solstício de verão. Vemos, desde seu very beginning -diria o Sr. MdR- que janeiro tem os dias descrecentes até o solstício de inverno, a ocorrer no previsível mês de junho/2009 et per secula seculorum. Que terá dito o jornal Zero Herra sobre isto na papelada de hoje? Vejamos: na p.34, diz-que o poente rolou (cf. hora da postagem) às 20h25min.

Dito isto, digo mais. Digo que, antes de falar no terceiro elemento do novo consenso macroeconômico de Bradford DeLong, preciso dizer uma coisinha sobre o segundo ponto dele. Ou seja, meu terceiro assunto é uma continuação ao segundo ponto. Repito: Bancos centrais devem tentar manter a economia perto do pleno emprego provocando o aumento dos ativos quando ela começa a ameaçar o aumento do desemprego. É precisamente esta tecnicalidade que pretendo comentar, para benefício do leitor não lá muito enfronhado nas coisas da macroeconomia intermediárias lá do livro dele DeLong.

Pleno emprego bem sabemos o que é: todo o mundo que quer trabalhar encontra colocação. O Prof. Milton Friedman, desalmado por morte, mas também um tanto ironicamente desalmado enquanto vivo, dizia que "there is no such a thing as unemployment", pois -se o salário baixasse o suficiente- algumas pessoas desistiriam de procurar trabalho, e o desemprego cairia. Ou seja, desalmado... Ou seja, sabemos que, no Brasil, não se pode falar em pleno emprego nunca de núncaras, pois há 22 milhões de cidadãos detentores de puro desemprego ou emprego precário. Enquanto houver um papeleiro, não poderemos falar em emprego, pois o emprego precário do papeleiro é, naturalmente, desemprego!

Ok, dito isto, vejamos oque quer dizer que o preço dos ativos provoca o desemprego. Este era o ponto que eu queria mencionar, antes de ir para o terceiro item do consenso. O mercado monetário é irmão siamês do mercado de títulos. No mercado monetário, como em qualquer mercado, as forças da oferta (monetária) e da procura (monetária) interagem e determinam o preço (no caso, a taxa juros) do bem nele transacionado, nomeadamente, o dinheiro. Por isto ele se chama de mercado monetário, não é? E dinheiro tem preço? Claro, a taxa de juros, como acabo de -sutilmente- sugerir. Como sei que é assim? Imagina que tens R$ 100 para aplicar. Se eu te peço este dinheiro emprestado e prometo pagar R$ 99 daqui a um ano, dificilmente acederás a meu pedido. Se, ao contrário, ofereço R$ 101 ou mais, estarei pagando o preço de 1% de juros ou mais, o que pode levar-te a aceder ao convite. Ou seja, dás-me 100 e devolvo-te 101, ou seja, paguei R$ 1 de juros, ou seja, 1%.

Imagina agora que eu peguei teus R$ 100 e deixei-te com um título (este é o nome do troço, um pedaço de papel, chamado por alguns simplesmente de "papel" mesmo e por outros de "ativo") no valor de R$ 101 a vencer daqui a, digamos, um ano. Se tu perceberes que não podes viver sem teus R$ 100 durante um ano, o que podes fazer é vender o título de R$ 101 que te dei, circunstância que te levará a receber R$ 100, ou seja, o preço do título. Agora, esqueçamos que te dei o título de R$ 101 em troca de R$ 100 em dinheiro. Imaginemos, ao contrário que o Dr. Meirelles, presidente do Banco Central decidiu elevar os juros para 10%. Neste caso, eu tenho em minhas mãos um título de R$ 101 que posso vender no mercado por 101/1,1 ou seja, uma quantia que, multiplicada por 1,1 gere os 101 daqui a um ano. Ou seja, agora o novo preço do título não é mais de R$ 100, mas sim de R$ 91,82. Em outras palavras, se a taxa de juros sobe, o preço dos ativos (não era "dos títulos"? era, claro, o que é sinônimo) cai. Ergo quando o governo acha que a taxa de juros está ameaçando o emprego, ele reduz a taxa de juros, elevando -ipso facto- o preço dos títulos. Assim, como é que ele -governo- vai aumentar os preços dos ativos? Ele -governo- deverá baixar a taxa de juros.

Só que, se a taxa de juros descer mais baixo do que a cola de um burro, apenas burrinhos não sabem que ingressaremos no que o Mister John Maynard Keynes chamou de "armadilha da liquidez", ou seja, os preços dos títulos estão fortemente elevados que ninguém os quer, esperando para comprá-los que seus preços baixem. Caso típico da inutilidade da política monetária (ou seja, do mercado monetário) e hora de gastar no mercado de bens (por exemplo, implantação do Programa de Criação da Brigada Ambiental Mundial, Seção Brasileira, com empregos para os 22 milhões de precários, if you know what i mean:
.a. três horas de ginástica
.b. três horas de aula (empreendedorismo)
.c. três horas de trabalho comunitário.
Com estes $$$ ingressantes na economia, haverá mais demanda (real, ou seja, bens ou serviços) por sorvetes, cachaça, viagens à Disneilândia, aulas de balé, chiclé balão, e por aí vai. Com isto, a negadinha que estava empregada na indústria de alimentos (chiclés, acredita?) manterá seus empregos e o empresário poderá, descansadamente, pensar em elevar a produtividade botando-os para a rua, do mesmo jeito. Quer um pedacinho de chiclé?
Pois pega aí a matéria-prima da "goma de mascar" e faz um para ti, sô.
DdAB

19 janeiro, 2009

Solstício e as delongas

Querido Blog:
Se algum Santo Sílvio ou outro de outro nome mais avaticanado puder (à la São Rodrigo?), peço ajuda. Intrigado que fiquei com as "postagens" do exemplar jornal "Zero Herra", de Porto Alegre, decidi dar um ligeirinho na Internet e ver o que sabe-se que se sabe e o que não saberei sequer que não sei.

Primeiro: o DeLong que espere com seus registros dos dois pontos finais do novo consenso macroeconômico. Haveria também o que comentar no registrado por Roberto Moraes na própria "Herra".

Segundo: sempre pensei que o solstício de verão coincidisse com o dia mais curto do ano. No site, que gerou a ilustração de hoje, capturada via Google Images, nomeadamente, www . observatorio . ufmg . br, olhei um pouco e fui levado a pensar que talvez a "Herra" esteja certa, o que também ocorre, vez que outra.

Terceiro: disse Zero Herra no domingo 18 de janeiro: Poente: 20h26min. E no dia de hoje 19 de janeiro, portanto: Poente 20h25min. Segue-se necessariamente que os dias estão encurtando, mas o que também se segue é que no dia tipo 19 de dezembro e em frente os dias ainda estavam encumpridando-se. Seguiram encumpridando, tornaram-se estáveis com estas 20h26min.

Quarto: eu pensara que o dia mais longo era precisamente o do sostício de verão e o mais curto, o do solstício de inverno. Zero Herra diz que não. Não é impossível que esteja certa, se o Observatório da UFMG permitir.

Abraços chuvosos, que o mar não está para peixe desde a madrugada portoalegrense. Hífem?
DdAB

18 janeiro, 2009

Analfabetismo & Anumerismo = Funny

Querido Blog:
Mal postei aquele troço de Borges & Pessoa, recebi um telefonema do afamado menino de rua (MdR) de que costumo falar, queixando-se de que não entendeu o gira-gira da ilustração da postagem anterior e mandou-me olhar a que nos epigrafa. Disse ele que, ao ler o conto de Borges, que achou "very funny", deu-se conta de não apenas desconhecer completamente a língua portuguesa como também não entender bem o que significa "número", pois -sabe-se lá- "you know...", disse ele, que Funes ter-se-ia assim expresso (a mesóclise era do menino e não do afamado Sr. Ireneo, que o MdR escrevia "Irineu"), na descrição borgeana:

Me dijo que hacia 1886 había discurrido un sistema original de numeración y que en muy pocos días había rebasado el veinticuatro mil. No lo había escrito, porque lo pensado una sola vez ya no podía borrársele. Su primer estímulo, creo, fue el desagrado de que los treinta y tres orientales requirieran dos signos y tres palabras, en lugar de una sola palabra y un solo signo. Aplicó luego ese disparatado principio a los otros números. En lugar de siete mil trece, decía (por ejemplo) Máximo Pérez; en lugar de siete mil catorce, El Ferrocarril; otros números eran Luis Melián Lafinur; Olimar, azufre, los bastos, la ballena, el gas, la caldera, Napoléon, Agustin de Vedia. En lugar de quinientos, decía nueve. Cada palabra tenía un signo particular, una especie de marca; las últimas eran mui complicadas... Yo traté de explicarle que esa rapsodia de voces inconexas era precisamente lo contrario de un sistema de numeración. Le dije que decir 365 es decir tres centenas, seis decenas, cinco unidades: análisis que no existe en los 'números' El Negro Timoteo o manta de carne. Funes no me entendió o no quiso entenderme.

Como sabemos, Ireneo Funes (1868-1889) era um gaúcho que -deixando-se cair do cavalo- tornou-se imóvel -como Recabarren, do conto El Fin- e -diferentemente de Recabarren- investiu-se de uma memória prodigiosa. Para contar os eventos do último dia, gastava precisamente 24 horas. E agora seguimos com "morenos", "negros" e mesmo "criollos". Por outro lado, todos me dicen El Negro, não é isto? Não nego: negro pero cariñoso!

Abraços pródigos de
DdAB

Fingindo dar Trégua ao Mr. DeLong


Querido Blog:
Por uma questão dominical, ou seja, prometi nunca mais trabalhar aos domingos, não posso falar no terceiro ponto do novo consenso macroeconômico internacional de Bradford DeLong que tenho examinado nas últimas postagens. Neste caso, segue-se necessariamente que deverei falar em duas condições de fingidores. Como podemos facilmente depreender, trata-se de um trecho de Jorge Luis Borges inserido em seu espantoso conto "Funes, El Memorioso" e do poema completo "Autopsicografia" de Fernando Pessoa. Dois autores amados, cultuados e que me ajudaram a vencer as agruras da vida pelo menos durante 20 anos.

Disse Borges, registradinho na p.487 do volume 1 das Obras Completas:

FUNES, EL MEMORIOSO
[...] El 14 de febrero me telegrafaron de Buenos Aires que volviera inmediatamente, porque mi padre no estaba 'nada bien'. Dios me perdone; el prestigio de ser el destinatario de un telegrama urgente, el deseo de comunicar a todo Fray Bentos la contradicción entre la forma negativa de la noticia y el perentorio adverbio, la tentación de dramatizar mi dolor, fingiendo un viril estoicismo, tal vez me distrajeron de toda posibilidad de dolor. [...]

De Fernando Pessoa, lemos nas p.164-5 da Obra Poética o poema


AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Pensei em escrever mais, mas achei que não seria de maior proveito, exceto -talvez- que a ilustração de hoje veio -como sempre- do Google Images, respondendo pelo título "Ilusion", o que não necessariamente é -como sabemos- sinônimo de fingimento.
DdAB

17 janeiro, 2009

DeLong e a Segunda Mudança

Querido Diário:
Não era bem "diário", pois esta postagem é de "Economia Política". Antes do final do ano, talvez antes do final do verão, abrirei nova série: "Lixo Urbano", postagens animadas por fotos que tirarei da cidade administrada pelo Lit. José Fogaça, inclusive -se possível- dele himself. Por ora, sigo nas "vida-pessoalidades", informando que a gravura acima veio do Google-Images, quando mandei procurar "Segunda Mudança". Diz respeito a um trem e suas possibilidades, o que evocou o trem em que andei há dois anos, percorrendo -se bem lembro- London-Waterloo a London-Canary Wharf o.s.l.t., que nunca fui muito bom de memória para eventos memoráveis. Quero dizer, era um trem sem motorneiro. O primeiro em que andei, se bem sei. Em Berlim, um que outro motorneiro do metrô não gostava de deixar-se fotografar. Em Londres, um dia -informa-me um garçom- colocarão bonecos de cera animados, simulando motorneiros, para alegria dos incontáveis turistas chineses, todos vestidinhos -eles, turistas e eles, motorneiros- como cavalinhos da távola redonda.

Por outro lado, a falar de Economia Política é que me proponho nas linhas que seguem. Inicio repetindo o DeLong que referi no dia 15/jan/2009, não era isto? Pois disse ele:

Além disso, a principal prioridade para os bancos centrais deve ser o de manter a sua credibilidade como guardiões da estabilidade e da saúde do sistema financeiro. Bancos centrais devem tentar manter a economia perto do pleno emprego provocando o aumento dos ativos quando ela começa a ameaçar o aumento do desemprego. Mas agora os bancos centrais estão influenciando os preços dos ativos por um grande número de canais e procedimentos diferentes das normais operações de mercado aberto: eles estão tentando afetar não apenas aos descontos de duração, mas também aos de risco, lentidão (morosidade) e levados por informação.


"Além disso" era além do que víramos. Há novos problemas de tradução no final do parágrafo. Deixemo-los e concentremo-nos no início. Claro que o banco central deve ser o guardião da moeda, quem mais seria, o Dep. Jader Barbalho? A moeda (M), como provei num teorema inédito, expressa-se como Y = MV/P, ou seja, como uma fração V/P (velocidade de sua circulação dividida pelo nível geral de preços) do valor adicionado (Y). O menino de rua disse-me que podemos normallizar V e P para a unidade e, como tal, ver que M = Y, "under a number of circumstances", em suas palavras, que ele pensava serem do mais escorreito tupi-guarani, e eu rebati informando-o serem puro latim (ou paraguaio).

Segue: Bancos centrais devem tentar manter a economia perto do pleno emprego. Esta é a questão central. Onde mais o banco central tentaria manter a economia senão no preno emprego? No completo desemprego? No uso de 73,1416% da capacidade instalada? Em outras palavras, parece que o consenso não é mais isto, pois o conceito de pleno emprego é que é deficiente. Por isto, DeLong não falou mas provavelmente estarão em seu livrinho os conceitos de NAIRU e PP, ou seja, a taxa de desemprego que não acelera a inflação ou o produto potencial, o que se insere nos modernos programas de metas de inflação. E isto já diz tudo: qual o nível de emprego desejado? Responde rápido: o desejado. Em minha opinião, deve ser discutido pela sociedade por ocasião da montagem do orçamento da república.

Ou seja, deve-se estimar qual o nível de geração de valor adicionado passível de ser alcançado em determinado período (Y) e mirar em certo vetor (M, V, P) que o viabilize. Na condição de papel pintado, M é o mais fácil de encomendar à indústria gráfica. V não pode ser adquirido em guichês de aeroportos, nem P é PP, ou seja, P é o nível de preços e não o produto potencial. Um e outro, todavia, têm em comum o fato de serem resultado de ações e especulações em todos, todinhos, os mercados existentes na economia.

De acordo com o novo consenso formulado pela Editora GangeS, o grande problema não é o nível de emprego nem mesmo o nível de preços, mas apenas a questão distributiva: como os recursos circulam entre os agentes (produtores, fatores e instituições). O que interessa é como os $$$ chegam nas mãos do povo e não o que o povo fez para consegui-los. Ou seja, se assaltaram ou apenas inscreveram-se na Brigada Ambiental Mundial e de lá retiraram seus estipêndios.

Concluindo: a rapina praticada por dirigentes de instituições financeiras e do próprio Banco Central (vide caso da Nicarágua de há 10 anos or so) é caso de polícia, não é caso de política monetária. Obviamente, roubos não são falhas de mercado, mas de comunidades e estado. Ou seja, tu já pode concluir alguma coisa destes dois itens?

Abraços do
DdAB

15 janeiro, 2009

DeLong e a Primeira Mudança de Consenso

Querido Mr. Blogger Man:
Quem não sabia o que é um banco central passou a conhecer os esteios da política monetária ao contemplar esta vara esbranquiçada em primeiro plano da foto que nos ilustra nesta noite. Segue-a uma árvore (ou diria melhor, um arbustão) e, imponente, o prédio de concreto-e-vidro do próprio responsável pela oferta monetária de uma economia. Ou seja, que é banco central? Um prédio em Brasília antecedido por árvores e um esteio branco.

Dias atrás, andei falando que, em minha visão contábil do funcionamento do mundo, a oferta monetária M multiplicada pela razão entre a velocidade de circulação do dinheiro e o índice que mede o nível geral de preços V/P é igual a Y, ou seja, o valor adicionado pelo esforço produtivo da ação societária. Quer dizer, pode ser que a luta de classes explique coisas, mas seu próprio nível estaria sendo determinado pelo nível da oferta monetária. Ou seja, pelo Banco Central.

Neste caso, chegamos a Bradford DeLong, seguindo a postagem que fiz aos 13/jan/2009:

Hoje em dia, a política econômica de curto prazo não pode somente ser deixada sozinha com o Banco Central. Entre outras coisas, seu balanço não é suficientemente grande. Pelo menos, os bancos centrais precisam agora a ajuda do poder estatal para impor impostos e empréstimos.

Ou seja, onde digo digo digo desdigo, não é isto? Primeiro, se hoje em dia a política econômica não pode ser deixada ao Banco Central, houve dia em que já pôde. Agora, cá entre nós, este troço de "seu balanço não é suficientemente grande" parece-me ser um erro de tradução, e não consigo atinar com o possível significado. Talvez "balance" por "equilíbrio", mas não há equilíbrio grande ou pequeno. O que há é que o Banco Central não precisa ter um pila ($$$) de sua propriedade e pode agarrar, via encaixes bancários, empréstimos compulsórios dos bancos comerciais, e tudo o mais para ser tão grande quanto lhe permita, digamos, a NAIRU (non-accelerating inflation rate of unemployment) ou, o que é a mesma coisa, o produto potencial. Se a economia tem recursos (basicamente capital) para crescer, digamos, 5%, tentar elevar a oferta monetária, baixando os juros, sei lá, para obter um PIB 10% maior levará, digamos, a uma inflação de 5% (mais o termo interativo 0,05 x 0,05 x 100).

Ademais, que quererá ele dizer com "impor impostos e empréstimos"? Claro que os impostos são, como sugere de maneira sutil o nome, não são voluntários... Mas não podem ser impostos pelo Banco Central. Numa sociedade civilizada, ou seja, não mais estamos falando no Brasil, quem impõe impostos é os deputado. No taxation without representation, teria dito o motorista de táxi da confluência das ruas Múcio e Botafogo. Claro, por outro lado, que a cedência de empréstimos por parte do Banco Central aos bancos comerciais, que criam o dinheiro M.

Em resumo, tá na cara que o Banco Central não pode ser controlado por ladrões, como o é o Brasil de alto a baixo. Um banco central independente não deve ser emasculado de sua capacidade de controlar o nível de M, a oferta monetária, e -como tal- o nível de Y, o valor adicionado, value measured in price terms. Agora, pensar que ele pode cobrar impostos, mesmo que seja o popular IOF brasileiro, já é exorbitar na faculdade de destilarmos pensamentos, como o fígado secreta a bile, parece que era isto o que o Anatomista da Alma Humana Mr. Marx ter-se-ia expressado.

O motorista de táxi achou um tanto confuso o trecho de DeLong, sugerindo que o meu também o é, o que me fez-me sentir genial, um verdadeiro professor da UC-Berkeley, o bispo idealista, como sabemos.

Beijos do
Prof. DdAB
(um monetarista a serviço do igualitarismo)

13 janeiro, 2009

Macroeconomia Média

Querido Blog:
O Prof. Leonardo Monastério, semanas atrás, em seu próprio blog, chamou-me a atenção à existência do Prof. Bradford Delong (o.s.l.t.). Pois, dias depois, o suplemento dominical sobre finanças de Zero Hora (28/dez/2008) publicou-lhe um artigo cujo título é "Depressão Econômica". Há coisas interessantes. Se a ciência econômica se divide em Micro, Meso e Macroeconomia, somos forçados a concluir que a Macroeconomia poderá ser subdivida em Introdutória, Intermediária e Avançada.

O livro de Delong, como ilustra a capa -que reproduzi para benefício do leitor médio- trata do meio-do-caminho (se hífens ainda são permitidos ao cidadão liberto). Na verdade, não precisamos esperar que o eleitor contemporâneo vá além dos conhecimentos factuais de economia, credenciando-se a acompanhar algumas intuições geradas no estudioso do nível avançado.

O artigo de Delong é ligeiramente confuso no que está dizendo, mas pode ser resumido mais ou menos como segue. First, ele diz qual o consenso dos últimos 20-25 anos na definição do que é uma economia funcionando benevolamente. Neste caso, temos quatro recortes (citações praticamente literais):
.a. política econômica de curto prazo deve ser deixada nas mãos do Banco Central, com os poderes Legislativo e Executivo (americanos) incidindo sobre o longo prazo e mantendo-se fora da flutuação ano a ano do emprego e dos preços;
.b. a prioridade dos bancos centrais (já não é 100% claro se são os regionais americanos ou os de todos os países; acho que trata-se da economia mundial) deve ser a manutenção de sua credibilidade como guardiões da estabilidade dos preços, e só depois devem voltar suas atenções para manter a economia próxima do pleno emprego;
.c. bancos centrais devem influenciar os preços dos ativos através de operações normais de mercado, a saber, compra e venda de títulos da dívida pública a curto prazo em troca de liquidez;
.d. o Banco Central deve estar preparado para intervir e prevenir retiradas em massa de depósitos, bem como deve deixar que o setor financeiro se administre com pouca intervenção reguladora, atuando não como uma dama de companhia, mas como o condutor designado no caso de excesso especulativo.

Prossegue Delong dizendo que Paul Krugman (o recente ganhador do Prêmio Nobel de Economia por suas contribuições mais na microeconomia do que na macro, by the way) denunciou recentemente estes tipo de -digamos- consenso. Vou citar Delong literalmente, com fonte em itálico e negrito:

Hoje em dia, a política econômica de curto prazo não pode somente ser deixada sozinha com o Banco Central. Entre outras coisas, seu balanço não é suficientemente grande. Pelo menos, os bancos centrais precisam agora a ajuda do poder estatal para impor impostos e empréstimos.

Além disso, a principal prioridade para os bancos centrais deve ser o de manter a sua credibilidade como guardiões da estabilidade e da saúde do sistema financeiro. Bancos centrais devem tentar manter a economia perto do pleno emprego provocando o aumento dos ativos quando ela começa a ameaçar o aumento do desemprego. Mas agora os bancos centrais estão influenciando os preços dos ativos por um grande número de canais e procedimentos diferentes das normais operações de mercado aberto: eles estão tentando afetar não apenas aos descontos de duração, mas também aos de risco, lentidão (morosidade) e levados por informação.

Também não é aceito que essas medidas são suficientes. Além disso, o incentivo fiscal é necessário. A economia de não-depressão evita a política fiscal, com o argumento de que os instrumentos dos bancos centrais são suficientemente potentes e os seus processos de decisão mais eficazes e mais tecnocratas do que o Legislativo. Mas com as condições que prevalecem hoje, não podemos permitir esta perspectiva.

Por último, os bancos centrais continuam dispostos a intervir para impedir a retirada em massa de depósitos, mas a hipótese de um ligeiro ajustamento do setor financeiro tem poucos defensores. A visão de consenso é a de William McChesney Martin, que foi presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos da América: um banco central evita a excessiva especulação, “eliminando as bebidas alcóolicas antes que a festa fique muito animada”.


Dito isto, resta-me apenas dizer que vou tentar, em sucessivas postagens, analisar o que me parece excessivo economês de tudo o que está sobre nós, ou seja, o texto de Delong e sua recorrência ao que Krugman teria filosofado.
DdAB

11 janeiro, 2009

Curvas de Aprendizado

Querido Blog:

Veja esta extraordinária inovação tecnológica que me caiu aos olhos nesta manhã dominical. Qual? Qual inovação, qual domingo? Domingo, hoje. Hoje é domingo, pede cachimbo. Há anos li uma crônica intitulada mais ou menos como "Sobre cachimbos, rosas, amar...". Falava em domingos e cachimbos. Qual inovação? Consegui carregar a figura do casalzinho acima, semininteligível (e os cabras da ABL ainda mais...) depois de algum texto.

O que me entusiasmou na figura acima, que diligentemente baixei do Google-Images, não foi tanto sua enorme componente indecifrável para mim, mas o fato de que ela veio da pesquisa de "learning curve". E é sobre isto que quero falar, sob o ponto de vista do desenvolvimento da "sociedade capitalista", ou melhor, como tenho dito preferir (e vou conseguir que, um dia destes, algum Cherini, cherubini, deputado ou vereador torne obrigatório seu uso pelos técnicos do Banco Central e da Petrobrás), das "economias monetárias".

Como sabemos, as economias monetárias são baseadas na troca, na divisão social do trabalho e na busca incessante de ganhos de produtividade. Maior produtividade significa, entre outras representações, mais pressa, desejo de alcançar maiores resultados com o mesmo ou menor uso do tempo, hedonismo, mania de perfeição, transtorno obsessivo-compulsivo, e por aí vai.

Um dos artigos extremamente difíceis a que tive acesso em minha vida (com matemática muito superior a meus poderes que -otherwise- considero até meio mágicos...), o famoso "The economics of learning by doing, de Kenneth Arrow, também ganhador do Prêmio Nobel de Economia. Velha piadinha esta do "também ganhador", o que levou um político de escol a pensar que outro ganhador era eu próprio e que ele próprio também candidatar-se-ia a uns financiamentos do Banco do Brasil para lavouras de ar e, se tivesse sucesso, poderia comprar o Prêmio Nobel da Paz.

Pois, para quem não sabe, o Proféssor Arrow estudou o caso de uma usina geradora de energia elétrica da Suécia, examinando-lhe lá pelos anos 1950 um conjunto de dados de 20 anos. E percebeu (from scratch?) que ela -a fábrica- não comprou capital, não contratou ou despediu ninguém, não fez nada além de girar-girar. E aí é que ficou ainda mais abismado, pois percebeu que a produção de energia elétrica experimentou um aumento longe-de-desprezível. E o artigo busca as implicações deste troço: "de tanto fazer o mesmo, a própria fábrica aprendeu a fazer melhor".

Dito isto, torna-se fácil entendermos por que não entendemos tudo o que acontece na ilustração de hoje, querido Blog. Primeiro, esta do "Hey, little buddy", id est, "Olha aí, cara!" tem uma negadinha de quem eu nunca ouvi falar, talvez por nunca ter morado em Nashville ou por nunca ter prestado atenção adequada a uns papelzinhos que há anos vi num sebo -você já adivinhou- quando visitei a "Ilha de Gilligan", se é que o fiz. Em resumo, parece que o casalzinho é bastante aquerenciado com o programa "Gilligan's Island", algum rapaz que mora em alguma ilha.

Mais ainda, suponho que estejam frente a um terminal bancário, buscando fazer um saque de seus dinheirinhos recebidos na forma de transferências governamentais (aposentadoria ou renda básica) ou rendimentos do capital de seus dinheirinhos ainda não afanados pelos políticos. Ainda do tempo em que "retirar dinheiro" era importante. ((Tu lembra que eu já te falei que, da última vez em que estive na Inglaterra, vi em mais de um templo de comércio os dizeres: "No cash accepted", pois só aceitavam cartões de crédito ou débito?)) O que desperta interesse na mensagem que inspira a seleção do cartoon para a postagem de hoje é que os dois estão pagando um preço para usar o cash-point, ao invés de se defrontagem com indivíduos humanos de carne-e-osso num guichê de banco. O preço é mensurado em termos do uso de seu tempo. Para meterem a mão no que é seu por direito divino, devem aprender a mexer na máquina.

Uma vez que o casalzinho está aprendendo a usar novas tecnologias de meter a mão em sua grana, tecnologias estas benévolas para os lucros dos bancos, é natural que ele receba alguma remuneração, compensação, pelo bemestar negativo que lhe é provocado o stress de mexer na máquina que lhe é estranha. Como sabemos, nada do que é humano nos deve ser estranho, pois também somos humanos. O mesmo já não ocorre quando estamos tratando de máquinas. Se bem que J. R. Sanson chamou-me a atenção para o fato de que as máquinas são, em certo sentido, humanas, pois foram extraídas a marteladas (você, divina leitura, sabe de quem estou falando...) da cabeça de gente como a gente. Ok, não dispersemos.

Se o consumidor, ao permitir aos produtores elevarem sua produção, está propiciando os ganhos do learning by doing e, ainda mais, está financiando a transição da tecnologia convencional para a poupadora de recursos, então é justo que o dinheirinho dos acionistas, que aumentou com estas ações, seja confiscado por algum político honesto e redistribuído para toda a sociedade, que foi quem -no começo do assunto- permitiu que o mercado lhe agregasse as preferências.

Sinto um cheiro de café vindo de não sei onde e vou lá ver se encaro uma xícara. Isto significa que outro dia esclareço este troço todo.

DdAB

09 janeiro, 2009

Buracos na Escrita

Querido Blog:
Como sabem teus leitores diligentes, não sou de cometer erros de português ou de qualquer língua, exceto quando dobro a língua e os faço. Dias atrás, reclamei do causídico Brossard de Souza Pinto, um rematado reacionário de longa história (ergo longos estipêndios de aposentadoria) na vida pública gaúcha, que me não critiquem as cacofonias de hoje. Pois não é que o velho trocou "butim" por "botim". Em sua homenagem, caí num buraco negro linguístico (agora arrancaram o trema, um buraco negro sugou-o...) e troquei "pião" por "peão". Brossard tem seus peões. Eu giro como um pião, de puro ódio da Academia Brasileira de Letras e de seu futuro membro honorário, o Presidente Luiz Ignácio Lula da Silva, nosso abnegado Machado de Assis do século XXV.

Forçando novos buracos na escrita, somos forçados a concluir que os antigos dizim que Deus é onipresente, onisciente, onipotente. Um ser que não tem começo nem fim, ou seja, que está fora do tempo, ou que o tempo não corre para ele, a matéria e a energia e a temperatura e o espaço etc. são fenômenos (variáveis) contingentes pode ser chamado, claro, de Deus, mas também de Universo. A diferença entre aceitar Deus e aceitar o Universo apoiético infinito (com buracos negros e suas esículas como o que parece constituir-se o que uns modestos chamam de Universo Conhecido) não nos leva forçosamente a uma atitude deontológica o.s.l.t.

Depois, temos a possibilidade de que exista vida articulada -não em torno do quarteto carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio mas- em torno de outras moléculas. Poderia ser uma cadeia básica como o próprio CHON ou outra também de não-metálicos. Ou outra de ferrosos, outra em torno do mercúrio etc.. Moléculas que se autorreproduzem fatalmente "errarão" e construirão outras moléculas, algumas sem a capacidade de autorreprodução, mas outras detentoras desta capacidade.

A morte de um ser vivo do jeito que conhecemos não significa a destruição do arranjo molecular original, pois este mudou um determinado número de vezes ao longo da existência do ser de que estamos tratando (bactéria, lobo etc.). O que não sei ou não lembro é se as células neuronais também são completamente renováveis. Lembrar Gregory e Popper, criogenia (Walt Disney) e Jeremy Benthan, com o esquife embalsamado assistindo às sessões da câmara nobre do University College-London. Na linha de aprofundamento do estudo do cérebro, precisamos o que é e "para onde vai o" pensamento, o humor, a emoção, a vontade, a saudade etc.. Os substantivos abstratos como estes e outros...

O saldo das transformações da natureza que eu provoco também é contingente. E deve-se esclarecer a unidade de tempo considerada.
Adeus, Mr. Blogger Man.
DdAB