13 dezembro, 2008

Martín Fierro: O Primo do Entrerriano

Querido Blog:
Esta maravilhosa figura é originária do site a que se chega com um click sobre ela. Nem a entendo 100%, menos ainda -100%. Decidira fazer uma postagem simples, ainda que enorme. Mudei para duas postagens complicadas, ainda maiores. Amanhã farei a segunda. Segunda farei a terceira, ou seja, começa a confusão. Segunda-feira não haverá a terceira postagem, claro, embora eu tenha acabado de cair em contradição.
Ok, a ilustração não era de Fontanarosa, Cimarrosa, Rosaura Lujanera, um troço destes?
Apenas os espíritos mais sequiosos pela noção de ordem é que viajam mal nos ambientes caóticos. Como sabes, amado confidente, eu também, cá de minha parte, prezo a ordem, tanto é que digo os maiores impropérios aos economistas (que chamo de evolucionários vulgares, o que também contempla símios de outros pelos) desequilibrados que vertem lágrimas de amargor ao ouvirem que andei postando lucubrações sobre o conceito de equilíbrio, de maneira elogiosa.
Um dia, o Sargento Serafim indagou a Bernardim: "por que escreves assim?" Bernardim, acossado, olhou de lado e, contrarido, devolveu com outra indagação: "por que lês assado?" Seja como for, faz-se como a face, alface come alface, sei lá, o fato concreto é que não sabemos se Martín Fierro foi morto. No conto El Fin, Jorge Luiz Borges acaba com o gaúcho.
Para postar com mais qualidade, o que farei dentro de alguns anos, preciso reler tudo e retudo. Por ora, iniciemos com o Martín Fierro propriamente, mas antes dele, iniciemos mais ainda com o Moreno. Chamou-me a atenção D.L.de.M.B para o Canto 30, que já ia alto, quando...

Moreno disse:
Si responde a esta pregunta
téngase por vencedor
(doy la derecha al mejor);
y respóndame al momento:
?Quando formó Dios el tiempo
y por que lo dividió?

Respondeu Martín Fierro:
Moreno, voy a decir
sigún mi saber alcanza:
el tiempo sólo es tardanza
de lo que está por venir;
no tuvo nunca principio
ni jamás acabará,
porque el tiempo es una rueda,
y rueda es eternidá.

Y si el hombre lo divide,
sólo lo hace, en mi sentir,
por saber lo que ha vivido
o le resta que vivir.

E segue o poema com, além destas duas, mais três estrofes, Moreno volta a falar e a trova segue mais algumas páginas. Pelo que de melhor posso entender,
Martín Fierro y los muchachos, evitando la contienda, montaron [...] y se sentaron en rueda, refiriéndo-se entre sí infinitas minudencias [...].
Por outro lado, Borges tem uma frase no conto El Fin, do livro "Ficciones", que evoca a trova sobre o tempo:
Habituado a vivir en el presente, como los animales [...]." Já disse tudo! Só têm consciência do presente-passado-e-futuro os seres racionais superiores. A consciência do tempo é tratada por ele -Borges- nas Notas (Gereald HEARD, Pain, sex and time (Cassell): "Heard opina que los animales carecen totalmente de esa [do tempo] conciencia."
Seja como for, no penúltimo parágrafo de El Fin, Borges coloca pela primeira vez no cenário o nome de Martín Fierro. Antes, pouco ou nada estava delineado desta trama:
Acaso por primera vez en su diálogo, Martín Fierro oyó el odio. Su sangre lo sintió como un acicate. Se entreveraron y el acero filoso rayó y marcó la cara del negro.
Paragrafinho curtinho. Não vou trescrever todo o último. Olha só a maldade de Borges, se é que é maldade:
Una embestida y el negro reculó, perdió pie, amagó un hachazo a la cara y se tendió en una puñalada profunda, que penetró en el vientre. Después vino otra que [o Sr. Recabarren, testemunha do duelo] no alcanzó a precisar y Fierro no se levantó. Inmóvil, el negro parecía vigilar su agonia laboriosa. Limpió el facón ensangrentado en el pasto y volvió a las casas con lentitud, sin mirar para atrás. Cumplida su tarea de justiciero, ahora era nadie. Mejor dicho era el otro: no tenía destino sobre la tierra y había matado a un hombre.
Tem muita coisa a ser explicada, a fim de que tudo isto faça sentido. A única posição que permito-me ocupar é de ceticismo: como é que pode um neguinho enfiar-se no poema de outro e matar o herói? Em segundo lugar, não é mais posição, pois -se a primeira era única- não há segunda: que será que eu tenho a ver com tudo isto?
Beijos
DdAB

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