18 novembro, 2008

Lupa no Raul

Querido Blog:
Se teu olho é tão agudo quanto uma lente de aumento que comprei na Boots em 1990 (ou teria sido outubro de 1991?), verás que esta fotoshop acima é produto de minhas artes gráficas. Por falar em photoshop e shopping centres, hoje inicia o funcionamento do Shopping Zona Sul, um portento polêmico tanto quanto o Pontal do Cristal. Apóio ambos, contesto Yeda e seu nariz de Pinocchi, atribuído por Raul Pont, deputado estadual, ex-líder estudantil, inclusive meu, nos idos de 1968, quando abri mão de lentes-catedráticos, embora eles não mais me deixassem em paz.
Meu tema é Raul, déficit zero, demagogia. Lupa no Raul, lupa na Zero Hora mostra, em sua p.6 os seguintes dizeres:
Condestável Yeda Rorato Crisuius: "Hoje, o Rio Grande do Sul pode comemorar um Estado equilibrado, que em vez de gstar os recursos do contribuinte para pagar juros (de empréstimos), fará obras e investimentos."
Condestável Arthur Virgílio: [meu editor de textos recusou-se a registrar as palavras desta criatura que, mal comparnado, recenderia simplesmente à imaterialidade de um espírito de porco].
Condestável Raul Varallo Pont: "A população não está sendo brindada com uma virtude, mas com um tremendo equívoco, cujo resultado será um enorme pasivo social (referindo-se ao déficit zero)."
[todos os parênteses da Condestável Yeda e do Condestável Raul inseridos pela fonte original, nomeadamente, o jornalista Leandro Fontoura, ou quem lá seja]
Dos condestáveis Arthur Virgílio e Yeda nada falarei por hoje, por razões de portaria [vedar-lhes-ia a entrada]. Sobra-me, assim, nosso popular Cachorrão, o reitor da Universidade Crítica de que falamos. Primeiro, o PT é um partido de ladrões, como demostrei num paper que estou encaminhando à American Economic Review. Ergo, a ilustração de hoje deste blog é uma ilustração do partido dos ladrões. Por que Raul permanece no PT é uma das questões que mais inquieta minha alma, desde que perdemos a eleição no Diretório Acadêmico de Economia, Contabilidade e Administração, ele próprio foi eleito para os mais bem remunerados cargos da republica e chegou a levar consigo uma denodada plêiade de denodados prestidigitadores dos livros de economia política. Refiro-me -claro- a ele himself, Verle himself, e tantos outros themselves.
Estupefato com a frase de Zero Hora, fui ao Google, coloquei "raul pont" e "absurdo" e o primeiro documento que o gentil americano brindou-me foi com a página que epigrafa esta página. Pois ela lá tá. Bem, analisemos apenas a frase citada no Mr. Fontoura (Leandro, lembra?).
.a. "a população não está sendo brindada com uma virtude": creio que o ilustre causídico (Raul) ou conhece economia política demais, ou a ignora por completo, além das liçõezinhas que recebeu do Prof. Portugal e seu livrinho de Cambpell-McConnell (o primeiro plagiário, as far as I know, de Paul Anthony, já citado neste blog). Ou conhece demais (no sentido de "montes"): claro que em fases recessivas ou depressivas do ciclo econômico o governo poderá incidir em déficits tão grandes quanto necessário para fazer a economia acordar.
Teria sido esta a lição que John Maynard Keynes tirou da crise de 1929: quando há capacidade ociosa na economia e a demanda agregada recua, não adianta meter política monetária, a saída é aumentar o gasto público. Raul, por certo, não se referia a isto. Pior ainda, este exercício de política anticíclica estaria autorizando o governo a ter superávit em momentos em que ele -governo- deseje reduzir a demanda agregada. Pode reduzir demanda agregada mesmo quando temos "enorme passivo social"? Claro que pode! Qualquer arroubo de proteger os apassivados socialmente com medidas inflacionárias serve apenas para manter-lhes a voz passiva.
Serei eu um monetarista? Precisamos, claro, definir o que é um monetarista, pois -de acordo com um papelzinho que acabo de jogar no lixo- há uma definição que diz que os verdadeiros monetaristas são aqueles que defendem o conceito rawlsiano de justiça, ou seja, para o que nos toca, de igualitarismo. [se algum comentador manifestar-se, busco o papelzinho e o transvrevo no blog de amanhã].
.b. "tremendo equívoco": que quererá dizer o jornalista que Raul quererá dizer com isto? que a política fiscal é um tremendo equívoco? ou que a inexistência completa e absoluta de um orçamento público é que é equivocada? ou que a inoperância dos deputados é que é equivocada? ou que serão seus rendimentos (auto-inflingidos) que representam o equívoco social? ou ainda, que toda a macacada que ganha mais de R$ 5.000 por mês é que é apaniguada com a ditadura militar e seus sucessores? há pilhas, pilhas e mais pilhas de equívicos tremendos. Para mim, um enorme equívoco é proibirmos os deputados de estudarem um curso elementar de teoria da escolha pública. A última vez que falei isto para Raul, ele apenas articulou um muxoxo e xeretou: "você é um monetarista".
.c. "enorme passivo social": há um estoque de enormes passivos sociais que perpassam a candidatura do Dep.Raul à presidência do Diretório Acadêmico de Economia, Contabilidade e Administração. E a de outros, inclusive alguns dos cargos que por lá exerci, que se mais não asumi foi porque tinha compromissos pessoais impostergáveis, como o de namorar às quartas-feiras, sábados e domingos. E trabalhar either no Banco da Lavoura or na Câmara dos Vereadores, o que daria praticamente no mesmo, para fins da contabilidade social, caso as remunerações e níveis de produtividade fossem praticamente os mesmos, o que obviamente não eram. O fato concreto é que o enorme passivo social do Brasil não recebeu um ataque frontal do Dep.Pont nem quando de sua gestão à frente da prefeitura da cidade. A escola de dois turnos para meninos de rua nem entrou no papel, que daí dizer de dele sair e defrontar-se com a realidade tridimensional da concretude material tangível?
.d. em resumo: Raul não parece ter lido muito sobre McConnel, Rawls, qualquer outro livro de economia política ou filosofia política. Mas cabe destacarmos sua falta de aquerenciamento com a dupla Habermas-Rorty. Nâo seria mais sensato Raul usar seus estipêndios como deputados (o plural se justifica, pois achei num papelzinho na Praça da Matriz retratada no site na consulta que a ele fiz hoje) uma carta anônima dizendo que o causídico já desfruta dos estipêndios de 19 aposentadorias de deputado, senador, prefeito, vereador, reitor e até pontífice, algumas delas repetidas.
Adeus
DdAB

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