21 novembro, 2008

Acefalia

Querido Blog:
Bom dia! [a imagem de hoje é de http://www.bibliotecadofuturo.com.br/]. Se um blog não me dá bom-dia, direi que é acefalia? E se a nota oficial do governo do estado do rio grande do sul não tem assinatura, não podemos falar em acefalia, pois não? No sentido de que acefalia encontra-se (por contraditório) na cabeça, ao passo que assinatura ("subscrevo-me atenciosamente") encontra-se no pé da carta, da nota, do memorando, do folheto, do etc..
Que nota é acéfala de subscrição? A que compra a queda de braço com o magistério, que entrou em greve por razões já devidamente comentadas aqui, amado confissor. Parece que a tônica de hoje de Zero Hora é átona, mas há tons de cronistas e noticiário geral sobre a greve das professorinhas.
A parente Manoela D'Avila acha que o Brasil será salvo com sua candidatura (a próxima, for sure), mas passa inexoravelmente pelo tratamento privilegiado dado a estudantes estagiários, que devem trabalhar no máximo (eu disse "no máximo") seis horas diárias. Pensei: "meu contraditório com a bela parente é 100%, pois -na condição de pedagogo- acho que o número de horas do estágio para estudantes deve ser reduzido -por lei federal- a Zero Horas, se me faço entender. Estudante não pode trabalhar! Estudante deve estudar! Talvez para os próprios estudantes devêssemos montar o esquema já conhecido de meus confissores civis e religiosos:
.a. três horas de aula
.b. três horas de ginástica
.c. três horas de serviço comunitário (poderia ser cuidados com a escola, desde a faxina à segurança pública das cercanias, ou seja, faxina in and out).
Então, para que serviriam as seis horas adicionais? escrevi há dias um teorema comprovando que servem para esculhambar o país. Eu, que já tenho minhas razões para ser contra o país (the brotherhood of men, remember?), que dizer deste troço de esculhambar o país?
Há duas e apenas duas maneiras de contribuir para a esculhambação do país. [Claro que digo "apenas duas" por pura ironia, um jogo de palavras com 2 x 10^0 com 2 x 10^{um bilhão}. Estas duas maneiras devem-se -provei em outro teorema- à incúria do setor público, a sua acefalia.
Não fosse (David Coimbra na mesma zero) uma sucessão de irresponsabilidades governamentais perpetradas há 30 anos contra o magistério estadual, não teríamos o fracasso rotundo, completo e estrondoso do projeto de cidadania, dilatado por mais 100 anos. Não fossem os políticos, em particular os legisladores que não se pensam como "autoridades governamentais", não teríamos estes descalabros, principalmente se os substituíssemos por outros políticos, os que a Organização Mundial do Trabalho chama de "decentes".
Um país que não tem orçamento público não pode dar-se ao luxo de dizer que tem má política para a educação. Nem para nada mais. E tem, sob certo ponto de vista, excelente política de remuneração dos políticos, as autoridades governamentais cuja cabeça está omitida na ilustração da postagem de hoje. Aviso: as professorinhas que não contem com os membros do parlamento para obterem apôio, pois:
.a. eles são ignorantes em rudimentos elementares de Introdução à Filosofia Política
.b. eles odeiam qualquer insinuação a estudarem rudimentos elementares de Teoria da Escolha Pública
.c. eles chamam de tecnocrata qualquer pedagogo que os incite a fazerem desenhos de seres sem cabeça, ou seja, auto-retratos.
Mais avisos: que a professora Yeda entenda que entrou numa camisa de onze varas ao não assinar o texto acéfalo. Que os funcionários de confiança da governadora sejam mais zelosos. Que o imbecil que criou o decreto proibindo o desconto em folha dos dias parados na greve seja punido com desconto em folha de seus (generosos) estipêndios.
Retifico: nosso poblema não é dizer o que a sociedade precisa fazer, mas chamar-lhe a atenção para conseqüências do que faz e principalmente da possibilidade de outros caminhos a orientarem seu processo de escolha (não falara em teoria da escolha pública?). No caso, muito quebrei a cabeça e não cheguei a nada melhor do que aquilo que aqui tenho sustentado.
beijos
DdAB
peésse: juro que a partir de primeiro de dezembro vou procurar um tom mais acadêmico a estas postagens que estão respondendo por "Economia Política".

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